Práxis jornalística de proximidade : experiência de ensino de jornalismo, cidade e cotidiano

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Tipo
Tese
Data de publicação
2023-08-11
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Lopes, Marcelo José Abreu
Orientador
Araujo, Paulo Roberto Monteiro de
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Vieira, Marili Moreira da Silva
Batista, Cicélia Pincer
Vasconcelos, Maria Lúcia Marcondes Carvalho
Brito, Emerson Rodrigues de
Programa
Educação, Arte e História da Cultura
Resumo
O jornalismo é muitas coisas: uma prática profissional, um acontecimento social, um espaço de poder, uma representação cultural, uma forma de expressão, uma forma de conhecimento, um lugar de mediação, entre outras coisas. Essas definições explicitam a interdisciplinaridade contida no jornalismo. Como prática profissional, ele desenvolve uma forma de pensar, de ver, de agir e de pronunciar o mundo que tende a cristalizar uma representação da vida cotidiana em suas várias temáticas. É o que chamamos de noticiabilidade, uma percepção e interpretação a priori das coisas que dá sentido aos acontecimentos. Por ser a priori, dizemos que o significado do que acontece já existe antes mesmo que aconteça. Por isso, o jornalismo é um poder cristalizador, um poder de predefinir o que as coisas são ou deixam de ser. O jornalista consciente desse processo, entretanto, busca uma epistemologia mais plural para mediar os protagonistas da vida cotidiana em torno do mundo em que vivem. Para tanto, é preciso aprofundar a capacidade dialógica desse profissional, pois só assim é possível buscar outros caminhos para além daqueles já estabelecidos pelos apriorismos, que já se tornaram habitus, seja por condicionamentos mecanicistas, pela atrofia das sensibilidades ou pela conveniência dos pequenos e grandes poderes proporcionados pelo status quo – ou um mix de tudo isso. A consciência desmistificadora, contudo, é um processo lento de construção, embora absolutamente necessário. A consciência é forjada na práxis, ou seja, na observação de nosso fazer, que nos inspira conceitos sobre nossos feitos, ao passo que permite questionarmos, sucessivamente, nossas façanhas e as ideias que temos delas, modificando-as. O que gera novos fazeres, novas ideias, novos questionamentos, novas transformações. Mas, assim como o jornalista, também o professor de jornalismo precisa se imbuir dessa práxis, mediando criticamente seus estudantes em torno da profissão e da realidade concreta com a qual trabalham. É aqui que encontramos um lugar em comum, onde a vida cotidiana acontece e onde a reportagem – expressão maior do jornalismo – manifesta sua potência mediadora, criativa e transformadora. Uns dizem que é o espaço local, do bairro, da cidade. Nós dizemos que é o espaço da proximidade. Esse é o lugar da vivência, do encontro do Eu com o Outro. Esse é o lugar onde todos somos alguma coisa; por isso, a tarefa aqui é fazermos as perguntas fundamentais. Quem somos? Quem poderíamos ser? São perguntas para a primeira pessoa do plural, pois só juntos se torna possível responder. Esse estar junto é o que move o aqui chamado jornalismo de proximidade. Esta tese é sobre uma experiência de práxis jornalística e de práxis docente a respeito dessa ideia, levada a cabo em um componente curricular voltado para o estudo da editoria de “cidade e cotidiano”, no curso de Jornalismo de uma universidade privada paulistana. De 2018 a 2022 – período de pandemia de covid-19 incluso – criamos e recriamos um roteiro de conteúdos e atividades – as trilhas de aprendizagem – com o objetivo de sensibilizar e conscientizar os aprendizes de jornalismo sobre as possibilidades da mediação social. Para tanto, adotamos a Aprendizagem Baseada em Projetos – no caso, a produção de livros digitais de reportagens sobre comunidades de interesse nos distritos da cidade de São Paulo – ao mesmo tempo em que analisávamos a nossa própria prática docente. A experiência revelou um profundo conflito entre a necessidade de busca de sentidos – não apriorísticos – para a vivência em um mundo onde se duvida da existência de algum sentido.
Descrição
Palavras-chave
jornalismo de proximidade , comunidades de interesse , cidade e cotidiano , práxis jornalística , práxis docente , ensino de jornalismo
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