Saúde mental e práticas parentais em famílias de crianças com queixas de desatenção e hiperatividade no contexto da pandemia da Covid-19
Tipo
Dissertação
Data de publicação
2023-02-15
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Silva, Nataly Keila de Alencar e
Orientador
Carreiro, Luiz Renato Rodrigues
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Fuso, Simone Freitas
Carvalho, Ana Lucia Novais
Carvalho, Ana Lucia Novais
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
Devido à detecção do novo coronavírus (COVID-19), algumas medidas de cuidado foram
delimitadas para a proteção da população mundial, dentre estas a quarentena e/ou isolamento
social. Mesmo com a indiscutível necessidade de tais medidas, alguns efeitos psicológicos
podem ser gerados, como: o estresse, insônia, irritabilidade, nervosismo, medo, frustração,
exaustão emocional, abuso de substâncias, sintomas de estresse pós-traumático (TEPT),
sintomas ansiosos e depressivos. Estes sintomas, somados ao momento de instabilidade e
incerteza vivenciado, podem impactar a dinâmica familiar principalmente se as figuras
parentais não tiverem recursos para lidar com os estressores gerados pela quarentena. Neste
sentido, pais e cuidadores de crianças com queixas compatíveis com o Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade (TDAH), um transtorno do neurodesenvolvimento
que se apresenta como um padrão de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade que gera
impacto no funcionamento social, acadêmico e profissional, podem experienciar maiores
efeitos psicológicos e estressores somados aos já ocasionados pela dificuldade em lidar com o
transtorno dos filhos. Desta forma, através de divulgação em mídias sociais e instituições de
atendimento psicológico e por meio da aplicação de questionários e inventários online
(questionário sociodemográfico, Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse - DASS-21,
Checklist de Transtorno de Estresse Pós-traumático - PCL-C, Escala de Estresse Parental -
EEPa, Inventário de Práticas Parentais - IPP e Roteiro de perguntas sobre queixas de TDAH
baseado no DSM-5) procurou-se investigar indicadores de saúde mental de pais e cuidadores
durante o contexto de pandemia e o tipo de práticas educativas parentais utilizadas para crianças
com queixas de desatenção e hiperatividade. A amostra do presente estudo foi composta por
50 pais ou cuidadores (maioria do sexo feminino) de crianças entre 6 e 12 anos de idade com
queixas de TDAH de acordo com o DSM-5, além de um grupo controle de 50 pais ou
cuidadores (também maioria do sexo feminino) de crianças sem queixas de transtornos do
neurodesenvolvimento. Constatou-se médias significativamente mais altas de depressão
(p=0,029), ansiedade (p=0,009) e estresse (p<0,001) em pais/cuidadores de crianças com
TDAH em comparação ao grupo controle; além disso, 60% da amostra (grupo TDAH)
apresentou sintomas sugestivos de TEPT. Dentre os indicadores relacionados à parentalidade,
houve diferenças significativas para estresse parental (p=0,002) e práticas parentais mais
abusivas relacionadas à disciplina (p=0,005) para o grupo TDAH. Foram constatadas
correlações significativas positivas principalmente entre sintomas de TDAH com estresse
(p<0,001) e estresse parental (p<0,001), bem como com práticas parentais mais abusivas
(p<0,001). Além destas, correlações significativas positivas entre estresse parental e sintomas
de depressão (p<0,001), ansiedade (p<0,001), estresse (p<0,001), TEPT (p<0,001) e práticas
abusivas (p<0,001) também foram encontradas. A severidade dos sintomas de TDAH esteve
correlacionada significativamente com indicadores de estresse parental (p=0,039). Pelos
resultados apresentados, pode-se identificar o estado de vulnerabilidade de pais e cuidadores
de crianças com TDAH nesta amostra em comparação com pais e cuidadores de crianças sem
transtornos; tal questão pode acarretar diversas consequências para aspectos de saúde mental e
para as práticas parentais adotadas, o que pode acabar impactando a dinâmica familiar e o
funcionamento das próprias crianças. Além disso, os estressores provenientes do contexto de
pandemia podem influenciar significativamente os aspectos citados, sendo necessário suporte
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social e comportamentos característicos de tolerância e resiliência não apenas neste período,
mas também para possíveis obstáculos após o período epidêmico. Acrescenta-se que os
resultados não devem ser generalizados para todos os pais e cuidadores de crianças com TDAH.
Descrição
Palavras-chave
pandemia , Covid-19 , práticas parentais , estresse parental , TDAH