O discurso da precarização do trabalho: manipulação e resistência.

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Tipo
Dissertação
Data de publicação
2023-02-02
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Narciso , Juliana
Orientador
Bueno, Alexandre Marcelo
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Hilgert , José Gaston
Fulaneti , Oriana de Nadai
Programa
Letras
Resumo
O número de entregadores motociclistas cresceu entre 2020 e 2021 meio à pandemia da covid-19, e sua atuação tornou-se tão indispensável quanto a necessidade do reconhecimento da profissão formal da categoria. Antes do advento dos aplicativos de entrega, muitos desses profissionais possuíam contrato de trabalho formalizado com estabelecimentos comerciais, tais como restaurantes e padarias; porém, o desemprego e a perspectiva de que trabalhar para um aplicativo confere ao indivíduo a ideia de autonomia e flexibilidade, ainda que sob condições precárias de trabalho como tempo excessivo em cima das motos, falta de subsídio para manutenção de equipamentos, ou mesmo a ausência de pontos para descanso e almoço, têm levado um número cada vez maior de trabalhadores à adesão de tal atividade. O IFood e as demais empresas de aplicativo, procuram engajar os trabalhadores seduzindo-os com a ideia mentirosa do empreendedorismo e da liberdade de se trabalhar sem patrão. Mas ao contrário disso, eles são supervisionados durante todo o tempo em que permanecem conectados ao aplicativo, e sancionados com o castigo do bloqueio toda vez que as empresas entendem que uma entrega não é cumprida. O trabalho precário e o desrespeito constante motivaram a criação do movimento “Entregadores Antifascistas”, que tem o objetivo de engajar os trabalhadores em uma luta consciente, desvelando, sobretudo, a falsa ideia do empreendedorismo. Liderado pelo entregador Paulo de Lima, o Galo de Luta, o movimento tem enfrentado a intimidação das empresas que se opõem a qualquer tipo de reivindicação. Nossa pesquisa mostrou-nos que a exploração neoliberal do Capitalismo de Plataforma ganhou força no auge da crise pandêmica da covid-19. As manifestações organizadas pelos Entregadores Antifascistas resultaram em algumas ações por parte das autoridades, como é o caso da criação da Lei 14.297/22, que trouxe medidas temporárias para assegurar proteção aos entregadores durante a vigência de emergência em saúde pública na pandemia de covid-19, e do Projeto de Lei 551/2020, que exige das empresas, entre outras medidas, a implementação de pontos de apoio para descanso do entregador durante o período de trabalho. No entanto, ficou também evidente em nossa pesquisa que, por mais que medidas protetoras sejam criadas, o engajamento das empresas em encontrar brechas para manter a exploração ativa parece infindável: criação de dark kitchens sem local adequado para a retirada de pedidos, livre gameficação do trabalho - promoções para obter “grana extra”- programadas para trabalhar o psicológico dos trabalhadores, infiltração de agentes contratados pelo IFood em greves organizadas pelos Entregadores Antifascistas para mudar foco de reivindicações e enfraquecer a liderança do Galo. Estes, entre outros, são alguns dos pontos levantados nessa pesquisa, e que nos fez entender a importância e a magnitude que o trabalho de conscientização feito pelo Galo à frente dos Entregadores Antifascistas tem para provocar mudanças no consolidado mundo capitalista. O objetivo desse trabalho é o de analisar a relação de manipulação e sansão das empresas de aplicativo IFood e Uber Eats para com os entregadores, e também o discurso de resistência do Galo de Luta a tais injustiças. Para isso, utilizamos enunciados extraídos dos sites das empresas, e de entrevistas concedidas pelo Galo à mídia online, analisando-os sob os princípios propostos pela Semiótica discursiva de Greimas.
Descrição
Palavras-chave
entregadores antifascistas , aplicativos de entrega , semiótica e o discurso da precarização do trabalho
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