O dono do nada: valoração moral do homem-empresa e vivência temporal precarizada no capitalismo flexível-financeiro-informacional

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Tipo
Dissertação
Data de publicação
2022-02-17
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Franco Netto, Carlos Augusto Keffer
Orientador
Ramos, Rosangela Patriota
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Santos, Sergio Ribeiro
Ramos, Alcides Freire
Programa
Educação, Arte e História da Cultura
Resumo
Esta pesquisa investiga a estruturação de justificativas morais de engajamento social ao capitalismo flexível-financeiro-informacional através de estratos históricos que se superpõem e se renovam, bem como sua expressão em produção cinematográfica recente, estabelecendo a interdisciplinaridade entre filosofia, historiografia, sociologia e arte. Para esta investigação, analisamos o modelo de engajamento do empreendedor-de-si-mesmo, mobilizada por um conjunto de valores, o homo economicus senhor de suas potencialidades, sujeito racional de seu próprio interesse que busca maximizar seus investimentos em um ambiente de risco. Modelo de conduta lapidado a partir de conflitos sociais entre governantes e governados em 1968, encontrando em suas justificativas morais de engajamento social restos de valores de outras épocas, revistos e reeditados em novas roupagens. A promoção da obediência é investigada por meio de seus estratos históricos, revelando a relação primordial entre credores e devedores e seu processo secular de internalização psíquica. O desenvolvimento do individualismo, desde o cristianismo primitivo até sua emancipação enquanto categoria econômica, a partir do século XVII, bem como seu triunfo em nossa época, é também pesquisado, enquanto elemento-chave para a compreensão da subjetividade neoliberal. A crítica ao modelo de conduta do homo economicus com o advento da crise financeira de 2008 é analisada em confronto com a vivência temporal precarizada do empreendedor-de-si-mesmo, tal qual dramatizada no filme Sorry We Missed You do diretor britânico Kenneth Loach, revelando o empobrecimento da experiência temporal em um contexto de destruição de direitos trabalhistas, desregulação crescente, aumento de informalidade, trabalho intermitente e uso extensivo de dispositivos de controle tecnológico de performance. Trata-se de uma nova morfologia do trabalho marcada pela promoção permanente da insegurança e do medo que se traduz no encolhimento do espaço de experiências e horizonte de expectativas. Vivemos sob a crise da subjetividade neoliberal em que seus paradoxos têm sido amplificados. Esta pesquisa sugere a emergência da imagética empobrecida do ser humano calculista de suas dívidas e de sua própria miséria, sacrificado sob as garras do capital: o homo economicus precario, ou o dono do nada, nômade errante arremessado ao presente perpétuo em seu vazio existencial.
Descrição
Palavras-chave
capitalismo , ética do trabalho , ideologia , subjetividade , individualismo , precarização
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