Ciências do Desenvolvimento Humano -Teses - CCBS Higienópolis (a partir de 2024)
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Navegando Ciências do Desenvolvimento Humano -Teses - CCBS Higienópolis (a partir de 2024) por Orientador "Boggio, Paulo Sérgio"
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- TeseBehavioural dynamics and neural correlates of interpersonal information processing in cooperative decision-makingSampaio, Waldir Monteiro (2024-11-24)
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS)
Esta tese explora a interação entre variáveis de identificação e reputação na formação das decisões cooperativas, com foco nos mecanismos comportamentais e neurofisiológicos. No primeiro estudo (Capítulo dois), que examinou o impacto de variáveis de identificação (por exemplo, fotos de rostos, nomes) e reputação na cooperação em um jogo de bens públicos, os resultados diferiram da pesquisa anterior. Contrariando as expectativas, a presença apenas de fotos de rostos não aumentou a cooperação. No entanto, as fotos moderaram os efeitos de reputações negativas, levando a uma maior cooperação com indivíduos previamente identificados como aproveitadores. Esse resultado inesperado nos levou a duas possíveis explicações: (1) a influência de atributos físicos específicos nas fotos de rosto (por exemplo, idade, gênero, raça), que não foram controlados no estudo inicial, e (2) o papel dos processos neurofisiológicos no córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC) e no córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) no processamento de informações contextuais e na modulação do comportamento cooperativo. Para investigar essas hipóteses, estudos adicionais foram conduzidos. O Capítulo três explora como atributos faciais, como idade, sexo e raça, afetam tanto as percepções de reputação dos co-participantes quanto os níveis de reciprocidade. Os resultados mostraram que os atributos raciais influenciaram o comportamento cooperativo: participantes brancos foram mais propensos a cooperar com co-participantes cooperativos racialmente semelhantes em comparação aos co-participantes cooperativos negros, enquanto nenhum efeito significativo foi encontrado na percepção de reputação. Os Capítulos quatro e cinco investigam os processos neurofisiológicos subjacentes à tomada de decisão cooperativa. O Capítulo quatro oferece uma revisão sistemática dos papéis do dlPFC e do vmPFC no comportamento cooperativo, destacando suas contribuições respectivas para a modulação orientada por metas da cooperação e para a valorização das interações sociais. O Capítulo cinco apresenta um estudo neurofisiológico utilizando espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS) para examinar a atividade do dlPFC e do vmPFC durante uma tarefa de tomada de decisão cooperativa, empregando o mesmo design experimental do Capítulo 2. O dlPFC foi mais ativo quando havia informações sociais limitadas disponíveis, particularmente nas condições de Controle e Face ID, indicando seu papel na gestão da incerteza e no controle cognitivo durante a tomada de decisão. À medida que mais informações sociais se tornaram disponíveis, especialmente nas condições de Reputação e Face ID e Reputação, a atividade do dlPFC diminuiu, refletindo uma carga cognitiva reduzida à medida que as decisões se tornavam menos arriscadas. O vmPFC, por sua vez, apresentou padrões distintos de atividade entre as condições; sua ativação aumentou na condição combinada de Face ID e Reputação, sugerindo que estava associando e integrando o valor de múltiplos sinais sociais. Esses achados destacam os papéis complementares do dlPFC na gestão da incerteza e na redução do risco ao buscar sinais sociais disponíveis, e do vmPFC na avaliação e associação do valor de vários fatores sociais para guiar a tomada de decisão cooperativa. Esta tese demonstrou que a tomada de decisão cooperativa é moldada pela interação entre identidade e reputação, mostrando que esses sinais sociais, juntamente com processos cognitivos e de valoração no dlPFC e no vmPFC, influenciam dinamicamente o comportamento cooperativo. Esses achados apoiam um modelo flexível, sensível ao contexto e baseado em valor para a cooperação. - TesePreditores de crenças em teorias conspiratórias relacionadas à Covid-19 em amostra brasileira quilombola e não quilombolaBarbosa, Ana Luísa de Freitas (2024-02-24)
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS)
A pandemia da COVID-19, como evento de grande impacto socioeconômico, propiciou um ambiente fértil para surgirem teorias conspiratórias (TCs). Essas teorias, em grande parte, atribuíram a pandemia à ação de grupos secretos e poderosos com objetivos egoístas ou maléficos, geralmente em detrimento de grupos com que os adeptos das TCs se identificam. As crenças em TCs representaram um risco à prevenção da doença, uma vez que foram associadas à menor aderência às medidas preventivas, como uso de máscaras, distanciamento social e vacinação. Uma solução para evitar a propagação de TCs é entender os seus preditores psicológicos e sociais, o que pode ajudar a implementar intervenções mais eficazes. Além disso, a maioria dos estudos nessa área foi realizada com amostras WEIRD (acrônimo anglicista para “Ocidentais, Escolarizadas, Industriais, Ricas e Democráticas”), sendo essencial investigar se há diferença nos preditores dessas teorias entre amostras WEIRD e não-WEIRD. A partir disso, este estudo buscou explorar preditores de crenças em TCs relacionadas à COVID-19, a partir de duas amostras brasileiras, uma quilombola (GQ) e outra não quilombola (GNQ). Nos dois grupos, foram analisadas características psicológicas e sociais (por exemplo, ideologia política, identidade nacional, narcisismo individual e coletivo, abertura de mente, engajamento em pensamento analítico), bem como características demográficas (idade e sexo) que poderiam predizer a crença em TCs. Foram coletados dados de brasileiros quilombolas (n = 163) e não quilombolas (n = 1.719), de ambos os sexos. Usando um modelo de regressão linear forward stepwise, com o GQ como intercepto, os resultados mostraram efeito estatisticamente significativo positivo para idade, narcisismo (individual e coletivo) e ideologia política de direita. Isso sugere que, quanto maior a idade e os escores de narcisismo individual e coletivo, e quanto mais à direita a ideologia, maior a probabilidade de crença em TCs relacionadas à COVID-19. Por outro lado, encontrou-se um efeito significativo negativo para pensamento analítico e abertura de mente, indicando que maiores escores nesses aspectos reduzem a probabilidade da crença em TCs. Adicionalmente, uma análise exploratória identificou potencial interação entre abertura da mente e ideologia política, sugerindo potencial moderação da abertura da mente sobre a ideologia política e as crenças em TCs. Com base nos resultados, concluiu-se que ser quilombola aumentou significativamente a crença em TCs durante a pandemia. Esses resultados alinham-se à literatura, que prevê maior predisposição à crença em TCs em grupos historicamente marginalizados, economicamente desprivilegiados e menos escolarizados. Este estudo contribui também para destacar a heterogeneidade populacional brasileira, reforçando a necessidade de maior atenção às populações frequentemente não acessadas por pesquisas científicas. Além disso, contribui para o emergente campo de estudos sobre a influência de fatores identitários e histórico-culturais na modulação da suscetibilidade à crença em TCs, em diferentes populações.