Preditores de crenças em teorias conspiratórias relacionadas à Covid-19 em amostra brasileira quilombola e não quilombola
Carregando...
Tipo
Tese
Data de publicação
2024-02-24
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Barbosa, Ana Luísa de Freitas
Orientador
Boggio, Paulo Sérgio
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Macedo, Elizeu Coutinho de
Rodrigues, Ronaldo Pilati
Coelho, Marilia Lira da Silveira
Rêgo, Gabriel Gaudenciodo
Rodrigues, Ronaldo Pilati
Coelho, Marilia Lira da Silveira
Rêgo, Gabriel Gaudenciodo
Programa
Ciências do Desenvolvimento Humano
Resumo
A pandemia da COVID-19, como evento de grande impacto socioeconômico, propiciou um ambiente fértil para surgirem teorias conspiratórias (TCs). Essas teorias, em grande parte, atribuíram a pandemia à ação de grupos secretos e poderosos com objetivos egoístas ou maléficos, geralmente em detrimento de grupos com que os adeptos das TCs se identificam. As crenças em TCs representaram um risco à prevenção da doença, uma vez que foram associadas à menor aderência às medidas preventivas, como uso de máscaras, distanciamento social e vacinação. Uma solução para evitar a propagação de TCs é entender os seus preditores psicológicos e sociais, o que pode ajudar a implementar intervenções mais eficazes. Além disso, a maioria dos estudos nessa área foi realizada com amostras WEIRD (acrônimo anglicista para “Ocidentais, Escolarizadas, Industriais, Ricas e Democráticas”), sendo essencial investigar se há diferença nos preditores dessas teorias entre amostras WEIRD e não-WEIRD. A partir disso, este estudo buscou explorar preditores de crenças em TCs relacionadas à COVID-19, a partir de duas amostras brasileiras, uma quilombola (GQ) e outra não quilombola (GNQ). Nos dois grupos, foram analisadas características psicológicas e sociais (por exemplo, ideologia política, identidade nacional, narcisismo individual e coletivo, abertura de mente, engajamento em pensamento analítico), bem como características demográficas (idade e sexo) que poderiam predizer a crença em TCs. Foram coletados dados de brasileiros quilombolas (n = 163) e não quilombolas (n = 1.719), de ambos os sexos. Usando um modelo de regressão linear forward stepwise, com o GQ como intercepto, os resultados mostraram efeito estatisticamente significativo positivo para idade, narcisismo (individual e coletivo) e ideologia política de direita. Isso sugere que, quanto maior a idade e os escores de narcisismo individual e coletivo, e quanto mais à direita a ideologia, maior a probabilidade de crença em TCs relacionadas à COVID-19. Por outro lado, encontrou-se um efeito significativo negativo para pensamento analítico e abertura de mente, indicando que maiores escores nesses aspectos reduzem a probabilidade da crença em TCs. Adicionalmente, uma análise exploratória identificou potencial interação entre abertura da mente e ideologia política, sugerindo potencial moderação da abertura da mente sobre a ideologia política e as crenças em TCs. Com base nos resultados, concluiu-se que ser quilombola aumentou significativamente a crença em TCs durante a pandemia. Esses resultados alinham-se à literatura, que prevê maior predisposição à crença em TCs em grupos historicamente marginalizados, economicamente desprivilegiados e menos escolarizados. Este estudo contribui também para destacar a heterogeneidade populacional brasileira, reforçando a necessidade de maior atenção às populações frequentemente não acessadas por pesquisas científicas. Além disso, contribui para o emergente campo de estudos sobre a influência de fatores identitários e histórico-culturais na modulação da suscetibilidade à crença em TCs, em diferentes populações.
Descrição
Palavras-chave
teorias da conspiração , COVID-19 , quilombolas , pensamento analítico , narcisismo coletivo