Papel das variáveis sociodemográficas, autoeficácia ocupacional e satisfação no trabalho sobre a saúde mental de adolescentes: estudo longitudinal
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Tipo
Tese
Data de publicação
2023-10-03
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Rodriguez, Juliana Dalla Martha
Orientador
Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Becker, Natalia
Osório, Ana alexandra Caldas
Jorquera, Carolina Andrea Ziebold
Melo, Márcia Helena da Silva
Osório, Ana alexandra Caldas
Jorquera, Carolina Andrea Ziebold
Melo, Márcia Helena da Silva
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
O trabalho na adolescência é uma realidade no Brasil, principalmente para
adolescentes de menor condição socioeconômica. Os adolescentes ingressam no
mercado de trabalho por meio da aprendizagem profissional, política pública que
busca minimizar a desigualdade social. A inserção no mercado de trabalho pode
acarretar mudanças emocionais, comportamentais e sociais na vida dos
adolescentes. Estudos indicam fatores positivos e negativos no trabalho durante a
adolescência. No Brasil, há um número limitado de pesquisas que avaliem os
impactos na saúde mental de adolescentes de 14 a 19 anos que estejam cursando o
ensino médio e iniciaram no mercado de trabalho. Do mesmo modo, não foram
identificados estudos nacionais avaliando o impacto do trabalho, na condição de
aprendiz, e possíveis preditores da trajetória da saúde mental do adolescente ao longo
do tempo. O objetivo do estudo foi identificar o papel das variáveis sociodemográficas,
autoeficácia ocupacional e a satisfação no trabalho sobre a saúde mental
dos adolescentes. Trata-se de um estudo longitudinal com medidas coletadas em
três tempos ao longo de 18 meses. A amostra foi composta por 119 adolescentes
de 14 a 19 anos de ambos os sexos, cursando o ensino médio e matriculados
Programa de Aprendizagem Profissional em diversos municípios do estado de
São Paulo. Os instrumentos utilizados foram o questionário de caracterização
sociodemográfica, Critério Brasil, o Questionário de Capacidades e
Dificuldades (SDQ), Escala de Autoeficácia Ocupacional (EAO) e Escala de
satisfação no Trabalho (EST- R). Para investigar a diferença na média da saúde
mental dos adolescentes matriculados em um programa de aprendizagem
profissional desde o início até o final das atividades laborais foi utilizada a Anova
de medidas repetidas. O modelo de curva de crescimento latente foi utilizado para
verificar a trajetória ao longo do tempo e o papel preditivo das variáveis
sociodemográficas, autoeficácia ocupacional e satisfação no trabalho sobre
a variação temporal da saúde mental. Os resultados indicaram que houve
diferenças estatisticamente significativas nos escores de saúde mental ao longo do
tempo (F (2,
118) = 18,347, p < 0,001; η2p = 0,135). Análises post-hoc de Bonferroni revelaram
que houve uma piora significativa nos níveis de saúde mental no tempo 2 (M = 12,30;
DP = 6,03), em comparação com o tempo 1 (M = 9,70; DP = 5,93; p < 0,001; d =
0,759). Ainda, os resultados mostraram que os escores do tempo 3 (M = 11,39; DP =
5,67) foram maiores que os resultados do tempo 1 (p < 0,001; d = 0,500). O tempo de
ingresso no mercado de trabalho teve um impacto significativo nas pontuações de
saúde mental. Especificamente, houve uma piora significativa nos níveis de saúde
mental nos primeiros nove meses após o início das atividades laborais, em
comparação com o período em que não haviam iniciado as atividades laborais. O
modelo de curva de crescimento latente conseguiu explicar 30% da variância no
intercepto, o que significa que esses fatores conseguiram explicar parte das
diferenças iniciais no nível de saúde mental na amostra estudada. O nível de saúde
mental inicial não impactou na variação temporal da saúde mental. Os resultados
indicam que os fatores individuais, como sexo, idade e autoeficácia ocupacional, são
preditores significativos do nível médio de saúde mental. A autoeficácia ocupacional
apresentou uma relação inversa, indicando que à medida que diminui, a saúde mental
tende a diminuir. Adolescentes do sexo feminino apresentaram piores níveis de saúde
mental em todos os momentos do estudo em comparação com os adolescentes do
sexo masculino. Os resultados indicaram que os adolescentes mais jovens tinham
piores níveis de saúde mental em comparação com os mais velhos, com os
adolescentes de 15 anos apresentando os piores níveis de saúde mental ao longo do
tempo. No geral, essas descobertas contribuem para nossa compreensão acerca dos
impactos do trabalho na saúde mental dos adolescentes possibilitando direcionar as
políticas públicas para essa população. Além da capacitação profissional para o
desempenho das atividades laborais e melhores chances de empregabilidade futura
dos adolescentes, os programas de aprendizagem poderiam reforçar a formação
socioemocional, fortalecendo competências que possibilitem aos adolescentes
gerenciarem e enfrentarem os desafios da vida laboral e o desenvolvimento de
atitudes positivas de si mesmo e de sua capacidade para o trabalho.
Descrição
Palavras-chave
trabalho , programa aprendizagem , adolescência , saúde mental , autoeficácia ocupacional