Promoção de saúde mental em alunos da educação básica mediante treinamento de professores baseado na análise aplicada do comportamento

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Tipo
Dissertação
Data de publicação
2024-04-11
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Souza, Rayra Santos de
Orientador
Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Paula, Cristiane Silvestre de
Melo, Márcia Helena da Silva
Programa
Ciências do Desenvolvimento Humano
Resumo
As medidas adotadas para diminuir as taxas de contágio da COVID-19, como a suspensão de aulas presenciais impactou negativamente a saúde mental infantil. No Brasil, assim como em outros países, os problemas emocionais e comportamentais (PEC) infantis tiveram um impacto negativo no ajustamento social e comportamental no retorno às aulas. Contudo, ainda são escassos estudos utilizando múltiplos informantes para avaliar os PEC de crianças brasileiras na fase de reabertura das escolas. Neste contexto, o retorno às aulas presenciais em 2022 foi desafiador para professores e alunos, sendo necessário dar suporte aos professores para o manejo adequado dos PEC das crianças nas salas de aula. Programas de treinamento de professores baseados na Análise Aplicada do Comportamento (Applied Behavior Analysis – ABA) realizados antes da pandemia mostraram resultados positivos na melhora de PEC na infância, embora a maioria dos estudos tenham priorizado professores de alunos com desenvolvimento atípico. Esta dissertação foi dividida em dois estudos cujos objetivos gerais foram: a) avaliar PEC de crianças brasileiras no retorno às aulas presenciais a partir de múltiplos informantes, investigando possíveis diferenças de acordo com o sexo da criança e o nível de escolaridade dos pais (estudo 1); e b) implementar e verificar os efeitos de um programa de treinamento de professores baseado na ABA para a promoção de comportamentos pró-sociais e melhora de PEC de alunos no retorno presencial às aulas durante a pandemia da COVID-19 (estudo 2). O estudo 1 adotou um desenho descritivo e correlacional e teve como amostra 583 pais/responsáveis e 37 professores de 2º e 3º ano do ensino fundamental público brasileiro (52,1% meninas, média de idade: 7,83, dp: 0,71). Os instrumentos foram o Questionário de Pontos Fortes e Dificuldades e questionários sociodemográficos (Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ, versão para pais e professores) para avaliar indicadores de PEC e questionários para avaliação de dados sociodemográficos (pais). Foram encontradas correlações positivas entre os informantes em todas as escalas do SDQ, porém os pais relataram significativamente mais problemas emocionais (p < 0,001), problemas de conduta (p < 0,001), hiperatividade (p < 0,001) e problemas com colegas (p < 0,001) do que os professores. Pais (p=0,043) e professores (p=0,002) reportaram maior pontuação total do SDQ nos meninos do que nas meninas. Os pais com menor escolaridade relataram mais problemas de conduta (p=0,012) e maior pontuação total no SDQ (p=0,019) em comparação aos pais com maior escolaridade. As correlações positivas sobre PEC encontradas entre pais e professores na fase de reabertura das escolas corrobora com estudos realizados antes da pandemia. Na amostra investigada, meninos e crianças de famílias com menor escolaridade apresentaram mais PEC do que seus pares. Tais resultados indicam a necessidade do desenvolvimento de estratégias de intervenção e políticas públicas para mitigar as dificuldades emocionais e comportamentais das crianças no contexto pós-pandemia. O estudo 2 adotou um desenho quase-experimental, utilizando grupo experimental (GE) e grupo controle ativo (GC). O treinamento de professores baseado na ABA foi implementado no GE de forma remota por meio de videoaulas e encontros online abordando estratégias de manejo comportamental, como análise funcional do comportamento, regras e reforçamento diferencial. O GC recebeu uma intervenção alternativa sobre estratégias de leitura, também realizada de forma remota. A amostra foi composta por 348 pais/responsáveis de alunos do 2º e 3º ano do ensino fundamental e seus 37 professores, divididos em GC e GE. Além dos instrumentos que compuseram o estudo 1, no estudo 2 também foram utilizados checklists de monitoramento das estratégias usadas pelos professores. Os pais do GE perceberam significativa diminuição de problemas de conduta (p=0.046) e hiperatividade (p=0.039), enquanto os professores reportaram redução de hiperatividade (p=0.007) e problemas emocionais (p=0.043) na fase pós-intervenção, sendo que quanto maior o uso das estratégias de manejo comportamental pelos professores, menor a ocorrência de PEC em todas as escalas de problemas do SDQ, principalmente nas escalas de problemas emocionais r= -0.32) e no escore total (r= -0.31). No GC não foram observadas reduções significativas de PEC. Tais resultados indicam que o treinamento de professores baseado na ABA realizado de forma online é uma intervenção de baixo custo que produziu efeitos positivos na promoção da saúde mental dos alunos, incluindo a redução de PEC e a melhora do comportamento pró-social dos alunos.
Descrição
Palavras-chave
comportamento , criança , docentes , programas de treinamento , inquéritos e questionários
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