Saúde mental de puérperas durante a pandemia de covid-19 no brasil: prevalência de sintomas clínicos de depressão e ansiedade, fatores de risco e experiências perinatais
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Tipo
Tese
Data de publicação
2023-02-08
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Segamarchi, Paula Racca
Orientador
Osório, Ana Alexandra Caldas
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Costa, Ana Ganho Ávila
Paula, Cristiane Silvestre de
Costa, Raquel Alexandra Gonçalves
Costa, Alexandra Gonçalves
Paula, Cristiane Silvestre de
Costa, Raquel Alexandra Gonçalves
Costa, Alexandra Gonçalves
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
O período perinatal é caracterizado pela suscetibilidade para problemas de saúde mental,
como depressão e ansiedade. Alguns fatores implicados na etiologia dos transtornos
psiquiátricos pós-parto já estão bem estabelecidos na literatura, como possuir histórico de
problemas de saúde mental. No entanto, estudos têm mostrado que a pandemia de
COVID-19 resultou em um aumento da incidência de sintomas psicológicos nessa
população já por si vulnerável e discutido acerca de fatores de risco específicos do
contexto pandêmico. Desta forma, esse trabalho teve como objetivo caracterizar a
prevalência de níveis clínicos de sintomas de depressão e ansiedade em mulheres com
bebês de até seis meses de idade que deram à luz durante a pandemia de COVID-19 no
Brasil, além de caracterizar suas experiências perinatais e analisar o papel de potenciais
fatores de risco relacionados ao impacto psicológico percebido por elas. Os resultados
mostraram níveis clinicamente significativos de sintomatologia depressiva em 47.4% das
participantes, e níveis moderados a severos de sintomatologia de ansiedade generalizada
em 41.8% delas. Observou-se, ainda, comorbidade de sintomas de depressão e ansiedade
em cerca de 1/3 das participantes, uma correlação positiva significativa entre os sintomas
de depressão e ansiedade, uma associação significativa entre idade mais jovem da mãe e
níveis potencialmente clínicos de depressão, além de que mais dias de vida do bebê
estavam associados a ter níveis potencialmente clínicos de depressão e ansiedade. Quanto
às experiências perinatais, mais de 60% das participantes relataram mudanças nos seus
planos de parto, além de mudanças nas experiências/ cuidados pós-natais reportadas
também por mais de 90% das puérperas, sendo o fato de não receber visitas após o parto
a alteração mais apontada. Quanto aos potenciais fatores de risco, verificou-se que ter
histórico de problemas de saúde mental aumentou em mais de duas vezes as chances de
experienciar níveis elevados de sintomas de depressão e em mais de três vezes a
probabilidade de sintomas significativos de ansiedade no período pós-parto durante a
pandemia. Também se verificou que menor nível de escolaridade e maior número de
mudanças reportadas nas experiências e cuidados pós-natais em resultado do contexto
pandêmico foram preditores de níveis clínicos de depressão e ansiedade no período pós parto. Além disso, residir no estado de São Paulo e o número de casos confirmados de
COVID-19 no estado de residência à data da participação também foram preditores
marginalmente significativos de mais sintomas. Diante do exposto, fica clara a urgente
necessidade de se desenvolver políticas de saúde pública adequadas e direccionadas para
a saúde mental de mulheres brasileiras que passaram o seu período perinatal durante a
pandemia.
Descrição
Palavras-chave
pandemia Covid-19 , período perinatal , depressão , ansiedade , fatores de risco , experiências perinatais