Uma análise sistêmico-funcional da construção da narrativa da vítima de violência doméstica: em foco, o caso Maria Da Penha
Tipo
Tese
Data de publicação
2021-08-05
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Santos, Nadir Chagas Ribeiro dos
Orientador
Neves, Maria Helena de Moura
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Brito, Regina Helena Pires de
Bastos, Neusa Maria Oliveira Barbosa
Módolo, Marcelo
Coneglian, André Vinicius Lopes
Bastos, Neusa Maria Oliveira Barbosa
Módolo, Marcelo
Coneglian, André Vinicius Lopes
Programa
Letras
Resumo
Este trabalho está vinculado à linha de pesquisa voltada ao estudo da “Língua, literatura e sociedade: discurso na comunicação, discurso religioso, discurso pedagógico, discurso político” e tem como objetivo geral identificar e avaliar funcionalmente a construção do discurso de compartilhamento de experiência de uma mulher vítima de violência doméstica. O estudo é feito a partir da obra autobiográfica de Maria da Penha (MAIA, 2012) por ser ela um ícone no Brasil quando o assunto é violência contra a mulher. Tem como enfoque teórico a gramática sistêmico-funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004; 2014; NEVES, 2018b) por ser uma teoria que oferece instrumentos seguros para o exame do fluxo informativo do texto no seu contexto de produção. A análise é feita sob as três perspectivas que, de acordo com a teoria adotada, governam a produção dos enunciados: a interacional, a experiencial e a textual. Objetivou-se, com este trabalho, especificamente: i) identificar e avaliar o modo como foram funcionalmente construídos os papéis desempenhados pelos personagens da narrativa, em especial, da vítima e do agressor; ii) distinguir os tipos de processos verbalizados por Maria da Penha que configuram um discurso de violência doméstica; e iii) apontar o modus operandi do marido de Maria da Penha com vista à proposição de um perfil de agressor. Os resultados desta pesquisa indicam que: i) na interação de Maria da Penha com seu marido predomina o uso de comandos dele para dirigirse a ela; a resposta dela aos comandos dele é, em geral, de obediência. Propõe-se que a manutenção da condição abusiva se dá, em parte, pela participação do abusador e da vítima na retroalimentação contínua de um acordo tácito em que ele manda, ela obedece; ii) Maria da Penha, no papel de vítima, é retratada, em geral, como sujeito de processos que não comunicam ação; a história é protagonizada, em grande parte, pelo marido e outras pessoas com as quais a vítima convive; iii) ressalvadas as limitações decorrentes do exame de apenas um caso de violência doméstica, o perfil que se propõe de um agressor é, dentre outras características: a) o de dirigir-se à vítima por meio de comandos, b) buscar isolá-la de parentes e amigos, e c) comportar-se de forma antagônica na presença de terceiros versus na companhia da esposa. A investigação do caso Maria da Penha permite concluir que a vítima, subordinada ao agressor e isolada de parentes e amigos, sente-se, em geral, impotente para protagonizar sua própria história.
Descrição
Palavras-chave
funcionalismo , gramática sistêmico-funcional , metafunção , violência doméstica