Relação entre sensibilidade materna e qualidade do toque materno na interação mãe-bebê
Tipo
Dissertação
Data de publicação
2021-08-27
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Farias, Maria Betânia de Lima
Orientador
Osório, Ana Alexandra Caldas
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz
Martins, Carla Cristina Esteves
Martins, Carla Cristina Esteves
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
A sensibilidade materna é definida por Mary Ainsworth como a capacidade da mãe reconhecer, interpretar e responder adequadamente aos comportamentos e sinais do bebê. Ao longo de anos de pesquisa essa capacidade materna tem sido associada com a construção do apego, sendo cada vez mais evidenciado seu papel na regulação fisiológica e emocional e no desenvolvimento cognitivo infantil. Por sua vez, o toque é um componente chave da interação mãe-bebê durante o primeiro ano de vida, que tem sido associado com regulação emocional, aprendizagem social e funcionamento cognitivo na primeira infância e idades posteriores. Apesar da ampla literatura sobre sensibilidade materna, do crescente interesse científico nos aspectos neurais e comportamentais do toque e da conhecida importância de ambos para o desenvolvimento infantil, pouco se sabe sobre a relação entre estas duas dimensões do comportamento interativo materno. Assim, este trabalho investigou a associação entre a sensibilidade materna e os padrões de toque das mães nos seus bebês. Partindo da literatura existente, consideramos como hipótese que maior sensibilidade materna estaria associada a comportamentos mais frequentes de toque positivo (ex. toque afetuoso, lúdico) e menos frequentes de toque negativo (ex. toque intrusivo). Participaram do estudo 12 díades mãe-bebê aos 6 meses de idade do bebê, recrutadas na região metropolitana da cidade de São Paulo. As díades foram avaliadas em uma interação experimental em laboratório, com 9 minutos de duração divididos em 3 episódios de 3 minutos cada: 1) brincadeira livre, com brinquedos adequados para a idade dos bebês; 2) interação sem brinquedos; e 3) interação desafiante, usando um brinquedo difícil para a criança. A interação foi gravada em vídeo para a posterior codificação das variáveis em estudo. A sensibilidade materna foi avaliada com as Escalas de Sensibilidade Materna de Ainsworth (Ainsworth et al., 1978), considerando os seus quatro componentes principais: tomada de consciência, capacidade de interpretação, adequação das respostas e prontidão das respostas frente aos comportamentos da criança, enquanto o toque materno foi avaliado usando um sistema de codificação elaborado para o efeito. Foram codificados seis tipos de toque da mãe: 1) Afetuoso; 2) Estático; 3) Lúdico/Estimulante; 4) Instrumental; 5) Acessório; e 6) Intrusivo/Negativo. Quando analisadas as categorias específicas de toque, maior sensibilidade materna estava significativamente correlacionada com menor uso do toque Intrusivo/Negativo, rs = -.74, p = .006, durante o total da interação mãe bebê. As análises por episódio de interação mostraram relação entre sensibilidade materna e menos toque Intrusivo/Negativo nos episódios 2 (rs = -.62, p = .031) e 3 (rs = -.85, p < .001), e menos toque estimulante/lúdico (rs = -.64, p =. 026) no terceiro episódio – interação desafiante. Não foram verificadas outras associações significativas entre sensibilidade materna e as restantes categorias de toque materno (quer na interação total quer nos três episódios). Estes resultados incitam novas pesquisas para a melhor compreensão da interação diádica mãe-bebê e possíveis componentes de programas de intervenção para a parentalidade positiva.
Descrição
Palavras-chave
sensibilidade materna , toque materno , relação mãe-bebê