Perfil cognitivo, comportamental e o uso de serviços de saúde mental e educação de crianças com diagnóstico tardio de deficiência intelectual e Transtorno do Espectro Autista
Tipo
Dissertação
Data de publicação
2021-10-22
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Augusto, Janaína Aparecida de Oliveira
Orientador
Teixeira, Maria Cristina Triguero Veloz
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Brunoni, Décio
Orsati, Fernanda Tebexreni
Orsati, Fernanda Tebexreni
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
O diagnóstico tardio na Deficiência Intelectual (DI) e no Transtorno do Espectro Autista (TEA) agrava diferentes indicadores de funcionamento cognitivo, adaptativo, emocional e comportamental de crianças e adolescentes. Este estudo teve como objetivos caracterizar o perfil cognitivo e comportamental de crianças com diagnóstico de DI e TEA, mapear o intervalo de tempo entre as primeiras preocupações e sinais percebidos pelos pais e o diagnóstico, verificar associação entre problemas emocionais-comportamentais com o intervalo de tempo transcorrido entre as primeiras preocupações e o diagnóstico, mapear os tipos de intervenções recebidas pelas crianças antes do diagnóstico e verificar sua associação com problemas emocionais-comportamentais. A amostra foi composta por dados secundários de 106 crianças e adolescentes avaliadas no Laboratório de Pesquisa em Dificuldades, Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção (DISAPRE), localizado no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), entre março de 2017 a março de 2019 (69 com DI e 37 com TEA, com idade entre 6 a 15 anos). Para avaliação do funcionamento cognitivo e comportamental foram utilizados os seguintes instrumentos: Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-IV), Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL/6-18) e Escala de Comportamento Adaptativo Víneland. Além disso, foram extraídos dos prontuários informações como: avaliações e intervenções anteriores, data do diagnóstico e idade das primeiras preocupações e sinais observados pelos pais. Os dados foram analisados estatisticamente por meio do programa JASP Statistic. Conforme os resultados, para o grupo de crianças com DI 16% foi encaminhado pela escola, seguido de 14,1% por médico neurologista, no grupo de TEA, 17,9% foram encaminhados por neurologistas e 8,5% pela escola. A média do tempo transcorrido entre as primeiras preocupações e o diagnóstico foi de 6,8 anos (DP: 2,2) para DI e 6,4 anos (DP: 2,2) para TEA. Com relação ao funcionamento cognitivo, houve diferenças significativas entre os grupos, as crianças com DI apresentaram desempenho inferior ao do grupo TEA (t (97)=-16.22, p<.001). Foram observadas correlações positivas e estatisticamente significantes entre problemas de comportamento internalizantes (r =0.26, p<.05) e externalizantes (r=0.34, p<.01) com o uso de medicação; entre intervenção psicológica e problemas de comportamento internalizantes (r=0.23, p<.05); entre intervenção psicopedagógica e neurológica e escore total de problemas emocionais e comportamentais (r=0.23, p<.05). As crianças com DI apresentaram médias maiores que o grupo TEA em problemas externalizantes e na escala de problemas totais. O grupo com TEA apresentou escores maiores para problemas internalizantes. Foram identificados comprometimentos nos 3 domínios avaliados do funcionamento adaptativo em ambos os grupos. Os resultados encontrados mostraram elevados comprometimentos emocionais, comportamentais e adaptativos em ambos os grupos. Antes do diagnóstico as crianças utilizavam diferentes serviços de saúde mental e educacional, entretanto, o intervalo de tempo entre as primeiras preocupações parentais e o diagnóstico foi acima de 6 anos contrariando diretrizes nacionais e internacionais com relação ao diagnóstico precoce. Provavelmente sem um diagnóstico muitas dessas intervenções não se adequaram às reais necessidades dos quadros clínicos.
Descrição
Palavras-chave
deficiência intelectual , transtorno do espectro autista , diagnóstico tardio , preocupações parentais