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- TeseGoiabas, açúcar, mãos firmes e tradição: uma cartografia afetiva do saber-fazer artesanal da goiabada cascãoAraujo, Fernanda Maria Oliveira (2019-08-07)
Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT)
Este estudo trata do saber-fazer artesanal da goiabada cascão, o doce feito de goiabas e açúcar em tacho de cobre que é culturalmente representativo, que recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial em algumas instâncias municipais e que se encontra em situação de vulnerabilidade diante das transformações do mundo contemporâneo, globalizado e industrial. Qualitativa e de natureza exploratória, a pesquisa objetiva conhecer o contexto histórico do doce, levantar o saber-fazer no contexto atual e valorizar o bem cultural disseminando o conhecimento através de tecnologias digitais. A investigação alicerçada nos estudos da história da alimentação e do patrimônio com o apoio de autores e estudiosos como Ulpiano B. de Meneses perpassa por temáticas como identidade e memória, amparando-se em autores como Jacques Le Goff, Pierre Nora e Maurice Halbwachs bem como da cultura popular tradicional baseada no olhar de Edward Thompson. A cartografia foi utilizada como método de pesquisa para o levantamento do bem cultural no contexto atual. Como resultado foram elencados quatro elementos focais do saber-fazer: o doceiro (o detentor do saber), a família, o ofício e os utensílios, orbitados por seis outros elementos não menos importantes - o mercado, os ingredientes, a patrimonialização, as ações de salvaguarda, as memórias e as histórias. Verificou-se que a principal força de sustentabilidade do saber-fazer artesanal da goiabada cascão está no significado que tem para o doceiro, para a comunidade e para o homem que não perdeu a capacidade de se integrar ao meio e às suas origens. Preservar um bem cultural de natureza imaterial não significa fixar, preservar um bem cultural imaterial refere-se à transferência de conhecimentos, habilidades e significado. Isso implica que o reconhecimento por parte de instituições governamentais e o registro como Patrimônio Cultural Imaterial é importante para a valorização do bem cultural, mas não o suficiente para sua preservação. A preservação de um bem cultural imaterial dá-se por, ao menos, dois aspectos: o valor afetivo que têm para seus representantes e para sua comunidade, e o valor perceptivo do outro, do homem que por vezes distante de suas raízes ainda é capaz de se conectar com tradições que são as bases estruturais de nossa identidade como nação. O presente texto organizado em quatro capítulos traz no primeiro um olhar sobre o universo da alimentação, do patrimônio imaterial e da valorização da cultura alimentar; o segundo capítulo apresenta o contexto histórico do doce, da marmelada de marmelos trazida na bagagem dos portugueses que para o Brasil vieram no período Colonial ao transbordamento de novos sabores, extremamente doces e saborosamente brasileiros; o terceiro capítulo representando o eixo central da pesquisa apresenta a cartografia do saber-fazer artesanal da goiabada cascão no contexto atual, do percurso trilhado às coisas vistas, lidas, ouvidas e pensadas, o olhar da pesquisadora é apresentado e representado através de um diagrama; e, por fim, o quarto e último capítulo é dedicado à apresentação da plataforma digital construída ao longo da pesquisa com o objetivo de divulgar e valorizar o saber-fazer artesanal da goiabada cascão.