Investigação da participação do sistema endocanabinoide no prejuízo do comportamento social em ratos expostos a status epilepticus neonatal

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Tipo
Dissertação
Data de publicação
2018-08-16
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Ribeiro, Fernanda Teixeira
Orientador
Cysneiros, Roberta Monterazzo
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Ribeiro, Miriam Oliveira
Silva, Sérgio Gomes da
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
Animais expostos a status epilepticus (SE) neonatal são um modelo promissor para o estudo de sistemas cerebrais específicos envolvidos no prejuízo do comportamento social que caracteriza o transtorno do espectro autista (TEA). Animais submetidos a SE neonatal mostram, na vida adulta, comportamentos característicos do TEA, como redução do interesse por interação com novidade social, apesar de manterem funções cognitivas preservadas. Este trabalho utiliza o modelo animal submetido a SE neonatal para investigar a participação do sistema endocanabinoide na neurobiologia do TEA, considerando as evidências sobre o envolvimento desse sistema na modulação da sociabilidade. Ratos Wistar machos foram submetidos ao SE no nono dia de vida (P9) por administração intraperitoneal de pilocarpina (380 mg/kg, i.p.) - enquanto controles receberam salina 0,9% (0,1 ml/ 10g). Em P60 os animais adultos de ambos os grupos foram subdivididos em: administrados com salina 0,9% ou com o fármaco JZL195 (0,01 mg/kg, i.p.), inibidor de enzimas catalisadoras da hidrólise de endocanabinoides, agonistas endógenos dos receptores canabinoides (CB1). Após 2 horas, os animais foram avaliados em testes comportamentais de memória social, sociabilidade e memória de curto prazo. Ao fim dos testes, foram extraídos tecidos de estruturas da via mesocorticolímbica: hipocampo, córtex pré-frontal, estriado e amígdala. O material extraído foi utilizado para análise da expressão gênica do gene CNR1 (por RT-PCR) e quantificação de receptores CB1 (por ELISA). No teste de memória social, animais controle tratados com JZL, quando apresentados à novidade social, mostraram menos interesse em investigar a novidade social (F(1,18)=5,481; p=0,03), sem prejuízo da capacidade de discriminação (F(1,18)=9,807; p=0,0058); animais experimentais tratados com JZL não apresentaram diferença significativa no tempo de investigação da novidade social (F(1,17)=2,509; n.s.). O tratamento com JZL interferiu especificamente no tempo de investigação do grupo controle em todas as sessões (F(1,175)=0,6686; p<0,0001). No teste de sociabilidade, o tratamento com JZL reduziu o tempo de investigação dos animais controle (F (1,19)=4,863; p=0,04) e afetou a preferência por novidade social (t(20)=3,356; p<0,01); o JZL não afetou o tempo de investigação dos animais experimentais (F (1,19)=0,001; n.s.). No teste de reconhecimento de objetos, o tratamento com JZL afetou a memória de curto prazo de animais controle (F(1,13)=4,955; p=0,04), que não discriminaram o objeto, e reduziu o tempo de investigação nos animais experimentais (F(1,11)=5,999; p=0,03), sem afetar a discriminação (F(1,11)=0,860; n.s.). No teste de locomoção, o tratamento com JZL aumentou especificamente a locomoção total de animais controles (F(1,24)=4,837; p=0,03), não afetando de forma significativa os animais experimentais (F(1,24)=0,341; n.s.). Quanto à locomoção na zona central, o fármaco interferiu em ambos os grupos, reduzindo a permanência nas áreas centrais (F(1,24)=4,547; p=0,04). A PCR-RT não indicou diferença na expressão do RNAm do receptor CB1 nas estruturas analisadas. A quantificação por Elisa apontou menor concentração de CB1 no hipocampo de experimentais (U=2000; p=0,03). Nossos resultados reforçam a ideia de que o modelo animal de ratos expostos a SE neonatal é válido e relevante para estudo da motivação social, comprometida no TEA. Intervenções farmacológicas tendo como alvo os receptores CB1 podem ser um caminho para explorar essa circuitaria, tendo em vista os resultados de nossos testes comportamentais (com prejuízo específico dos controles nos testes de memória social e sociabilidade) e as alterações moleculares identificadas no hipocampo de experimentais. Nossos resultados sugerem que o sistema endocanabinoide participa da modulação de comportamento social e que existe alteração neurobiológica dessa circuitaria no TEA.
Descrição
Palavras-chave
endocanabinoide , motivação social , memória social , sociabilidade , TEA
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Citação
RIBEIRO, Fernanda Teixeira. Investigação da participação do sistema endocanabinoide no prejuízo do comportamento social em ratos expostos a status epilepticus neonatal. 2018. 38 f. Dissertação (Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.