Resistência à adoção da contabilidade como “única fonte de verdade” de informações econômico-financeiras para fins gerenciais: um estudo de caso

Abstract

Este trabalho iniciou-se como uma proposta de intervenção com o objetivo de aumentar o potencial de uso gerencial de informação contábil em grupo empresarial. Contudo, logo no princípio dos procedimentos de campo ficou evidente que essa intervenção não seria possível. Essa situação gerou inquietação e surpresa, já que o grupo empresarial gera informação contábil de qualidade, i.e., informação contábil gerada com rigor técnico elevado para atender normas internacionais de contabilidade que tem por objetivo oferecer informação útil para a tomada de decisão. Portanto, através de um estudo de caso etnográfico, buscaram-se as razões pelas quais a rotina de avaliação de desempenho econômico da organização resiste à adoção da contabilidade como principal fonte de informação. Os dados coletados em entrevistas semiestruturadas, documentos e observação direta foram analisados sob à luz da Teoria Institucional, mais especificamente a das Lógicas Institucionais, aliada à abordagem Pragmatista no estudo das organizações. Este estudo adereça um gap na literatura relacionada com a Teoria Institucional pois aborda o poder de maneira explícita, compreensiva e moderna. A forma como o poder é exercido dentro da organização, carente de mediação, é uma das principais causas da relativa inércia cultural da rotina de avaliação de desempenho, aliada com a postura profissional de contadores focados em gerar informações para stakeholders externos.

This work began as an intervention proposal with the objective of increasing the potential for management use of accounting information in a business group. However, at the very beginning of the field procedures it became clear that such intervention would not be possible. This situation generated concern and surprise, since the business group generates good accounting information, i.e., accounting information generated with high technical rigor to meet international accounting standards that aims to provide useful information for decision making. Therefore, through an ethnographic case study, we sought the reasons why the organization's economic performance evaluation routine resists the adoption of accounting as the main source of information. The data collected in semi-structured interviews, documents and direct observation were analyzed in the light of institutional theory, more specifically institutional logics, allied to the Pragmatist approach in the study of organizations. This study links a gap in the literature related to Institutional Theory because it addresses power in an explicit, comprehensive and modern way. The way power is exercised within the organization, lacking mediation, is one of the main causes of the relative cultural inertia of the performance evaluation routine, combined with the professional posture of accountants focused on generating information for external stakeholders.