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- DissertaçãoUma investigação funcionalista da estrutura argumental preferida e da acessibilidade de referentes em narrativas escritas destinadas ao público infantilMelo, Elise Nakladal de Mascarenhas (2017-06-13)
Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT)
Este trabalho investiga a estrutura argumental das predicações de transitividade direta em narrativas escritas em inglês destinadas ao público infantil. Examina-se a relação entre o fluxo de informação no discurso e o modo de preenchimento do sujeito de verbo transitivo (A) e do objeto direto (O) a fim de testar a hipótese da estrutura argumental preferida (EAP) proposta por Du Bois (1987). A EAP diz respeito a um padrão de uso dos argumentos diretos do verbo, com restrições gramaticais (evite mais de 1 argumento lexical por oração e evite A lexical) e pragmáticas (evite mais de 1 argumento novo por oração e evite A novo). Verificam-se, ainda, os fatores intervenientes na acessibilidade de referentes (ARIEL, [1990] 2016), como subsídio à interpretação dos resultados obtidos com o teste da hipótese da EAP. O conjunto do córpus é composto por dois livros ilustrados publicados na coleção Penguin Young Readers: Frances Hodgson Burnett´s The Secret Garden, destinado ao leitor em transição (crianças de 6 a 8 anos de idade); e Lewis Carroll´s Alice in Wonderland, destinado ao leitor fluente (crianças de 8 a 9 anos de idade). Adicionalmente, comparam-se os resultados com o exame do texto original Alice´s Adventures in Wonderland (CARROLL, [1865] 2009), destinado genericamente, no século XIX, ao público infantil. Com o teste da hipótese da EAP, verificou-se que a restrição de 1 argumento lexical por oração não se confirma na narrativa escrita destinada a criança de 6 a 8 anos de idade, na qual são mais frequentes as orações com ambos os argumentos (A e O) em forma lexical. Verificou-se, ainda, para o conjunto do córpus, a alta incidência de sintagma nominal lexical na posição de A. Os resultados obtidos na verificação dos fatores intervenientes na acessibilidade de referentes, por sua vez, revelam, para a posição de A, a preferência pelo substantivo próprio nos casos de intervenção negativa dos fatores “distância”, “competição”, “saliência” e “unidade” na acessibilidade referencial,dado que esse marcador de acessibilidade, operando em conjunto com a ilustração, na qual se evidenciam os traços descritivos do referente, configura-se como um acesso imediato do leitor à entidade referenciada. Para a posição de O, observa-se a preferência pelo sintagma nominal nucleado por substantivo comum nos casos de intervenção negativa dos quatro fatores na acessibilidade referencial, porquanto o objeto direto, em princípio, não se constitui como Tópico, requerendo, portanto, para a interpretação satisfatória do leitor, uma expressão referencial informativa. E afinal, para ambas as casas sintáticas (A e O), observa-se o uso de referente expresso por pronome predominantemente nos casos de intervenção positiva dos quatro fatores na acessibilidade referencial, dado que esse marcador de acessibilidade recupera um antecedente por remissão textual, dificultando o acesso da criança à entidade referenciada.