Álvaro Siza: caligrafia completa

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Tipo
Tese
Data de publicação
2020-08-27
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Martins, Alexandre Augusto
Orientador
Pisani, Maria Augusta Justi
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Meirelles, Célia Regina Moretti
Grinover, Marina Mange
Soares, Luciano Margotto
Canez, Anna Paula Moura
Programa
Arquitetura e Urbanismo
Resumo
Este estudo examina e explica obra e percurso de Álvaro Siza, sobretudo no que diz respeito à interface entre pensamento projetual e edifício construído. Justifica a escolha desse arquiteto por entender que seu posicionamento projetual, crítico e reflexivo, toma o espaço como recurso capaz de ser moldado ou modelado, a construção como manifestação concreta de sua própria artisticidade e a arquitetura como fenômeno tangível colocado a serviço das pessoas. Levanta, como hipótese de investigação, o fato de os edifícios que projeta materializarem o seu modo de pensar uma arquitetura fundamentada em um conjunto de variáveis conceituais correlacionadas: foco no indivíduo, atenção ao contexto local e valorização da matéria. Situa a trajetória arquitetônica de Álvaro Siza na história da arquitetura de Portugal de meados do século XX em diante, e desde então relaciona seus projetos a algumas das circunstâncias políticas, sociais e culturais do país. Salienta que é pela genealogia de sua obra que é possível compreender uma prática arquitetônica que se sustenta pela mediação, pelo equilíbrio, pelo pragmatismo e pela combinação, ajuste ou harmonização para com as preexistências. Essas, ainda que por vezes sem valor patrimonial ou monumental, são respeitadas e consideradas como substratos basilares ao projeto. Compreende que seu exercício criativo leva em conta, de um jeito muito particular e característico, um conjunto de negociações entre meios e fins, oportunidades e escolhas, matérias e formas. Defende que na experiência da arquitetura edificada seja possível perceber a essência de seus projetos, a consistência de suas ideias e a habilidade de Siza em responder positivamente às exigências de cada novo projeto concebido. Adota como procedimento investigativo o método inferencial de Baxandall (2006) articulado a pesquisas bibliográfica e de campo. Com isso, elege a Biblioteca Municipal de Viana do Castelo (2008) e o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso (2016), visitados em 2019, para uma análise projetual, circunstancial e construtiva mais detalhada, nomeadamente em relação às razões das encomendas, aos desenhos como instrumentos indispensáveis ao projeto, às relações para com os espaços ao redor, às escolhas formais e materiais, aos sistemas estruturais e construtivos e às possíveis analogias para com outras obras de sua própria autoria. Conclui que ao longo dos anos Álvaro Siza vai aperfeiçoando uma caligrafia arquitetônica que segue representando seu estilo ou sua maneira muito própria e peculiar de fazer projetos de arquitetura, e que se consagra por uma experimentação continuada, pela crença de não existirem regras preestabelecidas, porque sempre aberta à conjugação entre demandas projetuais e sinais fornecidos pelo mundo real. Uma arquitetura que não se rende às manobras estéticas contemporâneas, pois valorizada por uma lógica plástica própria, desde sempre feita para oferecer às pessoas espaços para serem vivenciados e não apenas contemplados. Uma arquitetura na qual a matéria pode ser entendida como o elemento que transforma em tangível a ideia concebida em projeto, e que por isso mesmo antecipa as possiblidades de existência e de resistência no mundo físico, validando, assim, sua própria razão de ser.
Descrição
Palavras-chave
Álvaro Siza , arquitetura , projeto , matéria , experimentação
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Citação
MARTINS, Alexandre Augusto. Álvaro Siza: caligrafia completa. 2020. 703 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2020 .