Canto de intervenção em Portugal: "o povo é quem mais ordena”
Tipo
Tese
Data de publicação
2016-08-12
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Arruda, Ludmila Jones
Orientador
Brito, Regina Helena Pires de
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Bastos, Neusa Maria Oliveira Barbosa
Bridi, Marlise Vaz
Martin, Vima Lia de Rossi
Bueno, Alexandre Marcelo
Bridi, Marlise Vaz
Martin, Vima Lia de Rossi
Bueno, Alexandre Marcelo
Programa
Letras
Resumo
Entre 1933 e 1974, o Estado Novo, regime opressor e autoritário iniciado com António de Oliveira Salazar, trouxe consequências desastrosas para Portugal, agravadas com o início da Guerra Colonial em 1961. Essa situação acarretou inúmeros protestos, desde reuniões, encontros acadêmicos, grupos ativistas, produções literárias até canções de intervenção que denunciavam a política e revelavam a luta, a insatisfação e o descontentamento popular – aspectos de destaque na presente pesquisa. Inserido no âmbito dos Estudos Lusófonos, o presente estudo propõe investigar elementos linguístico e poéticos presentes em canções de intervenção portuguesa compostas no período pré e pós Revolução dos Cravos. Recorre-se, para tratar dos aspectos históricos do Estado Novo, em especial sobre a atuação do governo e as ações da polícia que reprimiram a circulação de obras e a difusão de canções contrárias ao ideário salazarista, aos estudos de Meneses (2011), Rosas (2013) e Pimentel (2007, 2011). Para a seleção das canções que compõem o corpus analisado, procedeu-se a uma série de entrevistas com ativistas que reagiram às imposições da censura naquela época: os cantores José Letria – hoje escritor e jornalista – Sérgio Godinho e Francisco Fanhais e os acadêmicos Fernando Rosas, António Borges Coelho e Pedro Calafate, que contribuíram com informações e indicações de canções que significativas no período final do Estado Novo. Neste aspecto, lidando com a questão da memória, foi importante o aporte teórico de Halbwachs (2013), Le Goff (1996), Traverso (2009). Para a escolha das sete canções - Grândola Vila Morena, Menina dos Olhos Tristes, Vampiros, O Menino do Bairro Negro, de Zeca Afonso, e Cantar da Emigração e Trova do Vento que Passa, de Adriano Correia de Oliveira, e por fim, Liberdade, de Sérgio Godinho - considerou-se, também, o sucesso da canção, mensurado pela ação da censura e pela popularidade alcançada por cantores como Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira. No esteio de alguns pesquisadores como Raposo (2000) e Letria (1999, 2013) para a parte analítica, foi possível traçar elementos reveladores da importância das canções resgatadas para a (re)construção identitária dos portugueses. Além disso, possibilitou perceber como as mensagens permanecem latentes na sociedade portuguesa nos dias atuais – como se pôde verificar com as manifestações da recente crise econômica europeia, quando algumas dessas canções voltaram a ser entoadas, revestidas de novo valor simbólico, mas resgatando o tom de denúncia e protesto, tendo seu conteúdo ressemantizado e atualizado.
Descrição
Palavras-chave
lusofonia , canto de intervenção , revolução dos cravos
Assuntos Scopus
Citação
ARRUDA, Ludmila Jones. Canto de intervenção em Portugal: "o povo é quem mais ordena”. 2016. 204 f. Tese (Letras) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.