Estigma e discriminação entre adultos com transtornos psiquiátricos

Imagem de Miniatura
Tipo
Dissertação
Data de publicação
2019-08-06
Periódico
Citações (Scopus)
Autores
Silva, Leonidas Valverde da
Orientador
Paula, Cristiane Silvestre de
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Membros da banca
Rocha, Marina Monzani da
Ribeiro, Wagner Silva
Programa
Distúrbios do Desenvolvimento
Resumo
O estigma associado aos transtornos psiquiátricos é um obstáculo para os cuidados adequados em saúde mental. Ele contribui para a limitação do acesso aos serviços, emprego, habitação e demais direitos sociais. Nesta perspectiva, a presente pesquisa buscou conhecer a produção de estudos no campo do estigma na saúde mental no Brasil e identificar os preditores das experiências de estigma e discriminação vivenciadas por pessoas com transtornos psiquiátricos, como fatores sociodemográficos (escolaridade, sexo, idade e situação empregatícia) e clínicos (tipo de diagnóstico e presença de ideação suicida). Em relação aos aspectos metodológicos, a dissertação foi dividida em dois estudos: 1) um estudo de revisão de literatura sobre o estigma em relação aos transtornos psiquiátricos na população brasileira; e 2) um estudo empírico de desenho quantitativo transversal. No estudo de revisão de literatura, foram selecionados 20 artigos extraídos das bases PubMed e Scielo utilizando os descritores “estigma”, “saúde mental” e “Brasil”. Os critérios de inclusão foram: estudos com dados empíricos sobre o estigma relacionado à saúde mental; amostras/participantes brasileiros; e publicados nos idiomas Português, Inglês ou Espanhol. No estudo empírico transversal a amostra foi constituída por 100 pessoas com idade entre 18 a 60 anos de idade e de ambos os sexos. Os participantes tinham os diagnosticados de depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia e eram usuários do Ambulatório de Psiquiatria do Hospital do Servidor Público Estadual. Utilizou-se a Escala Abreviada Sobre Discriminação e Estigma (DISCUS), além de itens de outros questionários breves com perguntas de múltipla abarcando: a) aspectos clínicos (tipo de diagnóstico; presença/ausência de ideação suicida); b) perfil sociodemográfico, incluindo sexo, idade, escolaridade e situação empregatícia); c) características pessoais como autoestima e bem-estar emocional. A análise estatística seguiu o seguinte caminho: 1) verificação da normalidade das variáveis quantitativas segundo o teste de Kolmogorov-Smirnov; 2) utilização do teste de correlação entre duas variáveis intervalares com distribuição normal por meio do teste paramétrico de Pearson e teste não paramétrico de Spearman para as variáveis sem distribuição normal; 3) utilização do teste T para as variáveis independentes com duas categorias; e 4) nas variáveis independentes com três ou mais categorias, o teste não-paramétrico de Análise de Variância ANOVA. No estudo de revisão verificou-se que, de maneira geral, os trabalhos de pesquisa sobre o estigma na saúde mental realizados no Brasil buscaram: 1) investigar modelos de intervenção contra o estigma, dentre os quais destacam-se o modelo educativo e de contato; 2) compreender as crenças e atitudes do público geral, de estudantes e profissionais de saúde em relação a pessoas com problemas de saúde mental; e 3) compreender as experiências do estigma na vida de indivíduos transtornos psiquiátricos. No estudo empírico os resultados descritivos revelaram maior frequência de experiências de estigma/discriminação vivenciadas no ambiente de trabalho, nas amizades e nas relações interpessoais. A partir do modelo de regressão linear multivariado, observou-se que as variáveis escolaridade, diagnóstico de ansiedade, bipolaridade e depressão (em relação à esquizofrenia) e ideação suicida tiveram efeitos independentes sobre as experiências de estigma/discriminação vivenciadas. Este modelo foi estatisticamente significativo (p<0,001) e as variáveis que compõem o modelo final explicaram a maior proporção da variância do estigma (R2 = 20,27%). Como conclusões gerais, observou-se que os dois estudos realizados no contexto da presente dissertação (de revisão de literatura e empírico/transversal) revelaram que a escolaridade possui um papel relevante na percepção de situações estigmatizantes e que os estereótipos negativos, tipo de diagnóstico e ideação suicida pode interferir negativamente na vida de pessoas com problemas de saúde mental. Sugere-se a realização de novos estudos que busquem identificar outras variáveis que interferem na vida de pessoas com transtornos psiquiátricos, como questões socioeconômicas e étnicas, a fim de desenvolver e implementar políticas de intervenção para a redução do estigma relacionados aos transtornos psiquiátricos.
Descrição
Palavras-chave
estigma , transtornos psiquiátricos , fatores associados
Assuntos Scopus
Citação
SILVA, Leonidas Valverde da. Estigma e discriminação entre adultos com transtornos psiquiátricos. 2019. 114 f. Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019.