Andarilhar e perceber a cidade com crianças da educação infantil: cortejo, arte e mediação cultural

Abstract

This study aims to analyze the relationships between children and the city, mediated by the school through the practices of walking - parades as a possibility of aesthetic, artistic, educational and collective experience that goes beyond the school walls and that allow children to redefine their views of the city and the culture. The research is based, therefore, on the hypothesis that the city has an educational potential and the school can be a cultural reference where both spaces are powerful centers for cultural mediation. The objective is to identify and analyze what are the perceptions created in children while walking and exploring the city. Thus, we intend to map the practices of parades carried out by three kindergarten schools in the central region of the city of São Paulo and analyze these practices and the concepts that underlie them. In addition, we have observed the planning of the proposals for a parade and reflected on the mediating actions as promoters of powerful experiences beyond the walls of the school. We use the cartography method because it allows us to follow the processes of subjectivity, so we utilize the method of participant observation to follow the children’s experiences. In relation to the educators, we used the “interview in the cartography”, and the artography method, which is based on art, to integrate the knowledge between artist, educator, and researcher. Drawings, photos, texts, and field diaries created during the research proved to be important tools of analysis, in addition to the photo-essay that allowed us to think of the images beyond a simple illustration, but rather as visual text and that permeates all the research and reveals to us all wealth of children’s productions and perceptions for the city. Thus, our discovery process revealed that the walking parades are practices that allow the appropriation of city spaces because of their use value for the children, in addition to revealing themselves as aesthetic experiences as well, performed as a process of socio-cultural mediation, discovery and exploration of the signs of the city that can expand the perception and understanding of the world of boys and girls.

A presente pesquisa trata das relações, mediadas pela escola, entre as crianças e a cidade, a partir das práticas de caminhadas - cortejos como possibilitadoras de experiências estéticas, performáticas, educativas e coletivas que transbordam para além dos muros da escola permitindo às crianças e professoras reelaborarem seus olhares sobre a cidade e a cultura. Partiu-se do pressuposto de que a escola ao dialogar com a cidade, especialmente com o território e todo seu potencial educativo, assume o importante papel de articuladora entre os saberes formais e os diversos saberes do seu entorno. Dessa forma, território e escola são potentes espaços, para mediação cultural e desenvolvimento integral das crianças. O objetivo foi identificar e analisar quais são as percepções mobilizadas nas crianças enquanto andarilham e cortejam a cidade. Intentou-se assim, mapear as práticas de cortejos realizadas por três escolas de educação infantil da região central da cidade de São Paulo, analisar essas práticas bem como as concepções que as embasaram. O método da cartografia permitiu acompanhar processos de subjetividade das experiências vividas pelas crianças, por meio da observação participante e em relação às educadoras, por meio de entrevistas. A a/r/tografia, um viés da pesquisa baseada em arte, fundamentou a possibilidade metodológica de integrar os saberes e fazeres entre artista, educadora e pesquisadora. Desenhos, fotos, textos, diário de campo se revelaram importantes ferramentas para a análise e também as fotos-ensaios que permitiram pensar as imagens não como meras ilustrações, mas como textos visuais que permearam a pesquisa e revelaram toda a riqueza das produções e percepções das crianças em relação à cidade. No percurso de pesquisa concluiu-se que as caminhadas-cortejos são práticas que permitem a apropriação dos espaços da cidade pelo seu valor de uso pelas crianças e se constituem como experiências estéticas, realizadas como processos de mediação cultural, de descoberta e de exploração dos signos da cidade ampliando assim a percepção e a leitura de mundo de meninos e meninas e também de professoras, professores e gestores.