AVALIAÇÃO DA DETERIORAÇÃO DE PROPRIEDADES 
MECÂNICAS E DE APLICAÇÃO DE ARGAMASSAS COLANTES 
EM FUNÇÃO DO TEMPO 
Andressa Patinskas Bachner – drebachner@uol.com.br 
(Orientador) Prof. Dr. Renato Meneghetti Peres – renato.peres@mackenzie.br 
RESUMO  
O presente trabalho possui como objetivo comparar as propriedades mecânicas de produtos cerâmicos 
em função do tempo. Serão analisadas duas argamassas colantes do mesmo fabricante, porém com 
oito meses de diferença na data de fabricação. Afim de identificar se o material está em processo de 
deterioração ou não, foram realizados os ensaios de resistência a compressão, procedimento para 
medir a resistência mecânica do material, sendo considerado a carga máxima suportada pela 
argamassa na compressão axial, resistência a flexão, Picnometria, análise termogravimétrica e o 
ensaio de Espectrometria de Fluorescência de Raios- X. Ao final dos testes, foi observado que as 
argamassas estudadas apresentaram diferenças consideráveis em suas propriedades mecânicas 
evidenciando que houve perda de propriedades mecânicas em função do tempo, porém não foi 
possível verificar, se os resultados obtidos estavam dentro dos padrões aceitáveis pelo fato de não 
existir normas para definição das propriedades de resistência a compressão e à flexão. Diferenças 
essas que podem ter sido causadas pelo mal armazenamento, evaporação da água através da 
embalagem, deterioração do aditivo, absorção de umidade provocando empedramento, entre outras 
possíveis causas. 
Palavras-chave: Argamassa. Propriedades Mecânicas. Deterioração. 
EVALUATION OF THE DETERIORATION OF MECHANICAL 
PROPERTIES AND OF THE APPLICATION OF MORTARS AS A 
FUNCTION OF TIME 
ABSTRACT 
The present work aims to compare the mechanical properties of ceramic products as a function of 
time. Two adhesive mortars from the same manufacturer will be analyzed, but with eight months of 
difference in the date of manufacture. In order to identify whether the material is in the process of 
deterioration or not, compressive strength tests were performed, a procedure to measure the 
mechanical strength of the material, considering the maximum load supported by the mortar in axial 
compression, bending strength, Picnometry, thermogravimetric analysis and the X-Ray Fluorescence 
1 
 
Spectrometry test. At the end of the tests, it was observed that the studied mortars showed 
considerable differences in their mechanical properties, showing that there was loss of mechanical 
properties as a function of time, but it was not possible to verify, whether the results obtained were 
within acceptable standards due to the fact that there are no norms for defining the properties of 
compressive strength and tensile strength in bending. These differences may have been caused by 
poor storage, evaporation of water through the packaging, deterioration of the additive, absorption of 
moisture causing clogging, among other possible causes. 
Keywords: Mortar. Mechanical properties. Deterioration. 
1 INTRODUÇÃO 
 Segundo a Anfacer (2021), o Brasil é hoje um dos grandes players mundiais do revestimento 
cerâmico, o segundo maior consumidor mundial de revestimentos cerâmicos e o segundo maior 
produtor. A cada dia a qualidade e a variedade deste produto aumenta. Na mesma medida, cresce a 
utilização da cerâmica no Brasil para revestir pisos e paredes de todos os espaços internos da casa, 
assim como espaços externos. Exemplo disso são as fachadas dos edifícios revestidas por cerâmicas 
de tipos e formatos variados. 
 O uso de revestimentos cerâmicos em paredes e pisos é bastante comum devido às suas 
características e propriedades, como resistência mecânica, estanqueidade à água e gases, durabilidade 
e eficiência. Embora largamente utilizado, é comum a ocorrência de patologias, tais como trincas, 
fissuras e desplacamentos. Na medida em que cresce a produção e a utilização da cerâmica no Brasil 
para revestir pisos e paredes, exige-se também dos fabricantes de argamassas colantes o 
desenvolvimento de formulações que atendam a esta demanda, por meio de produtos que satisfaçam 
os quesitos de desempenho exigidos para este material (PEREIRA, 2012). 
 Desta forma, o presente trabalho, testou e comparou duas argamassas colantes do mesmo 
fabricante, com oito meses de diferença na data de fabricação, através da reprodução de ensaios com 
a finalidade de identificar se houve degradação ao longo do tempo, analisando as propriedades 
mecânicas apresentadas pelo material. 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 Além da importância econômica do setor de revestimentos cerâmicos e de argamassas 
colantes, percebe-se também uma preocupação com a qualidade dos materiais utilizados na execução 
do revestimento cerâmico (COSTA, 2006). 
 Os trabalhos científicos desenvolvidos no Brasil na área de argamassas colantes começaram 
a surgir a partir de 1995, porém somente em 1998 é que foram aprovados e publicados os primeiros 
projetos de norma para este tipo de argamassa. Até então, apenas a aderência era discutida nos estudos 
2 
 
e ainda assim sem foco científico, sendo o estado endurecido abordado e o estado fresco delegado a 
um segundo plano (COSTA, 2006). 
 O estudo das propriedades das argamassas colantes no estado fresco tem sido muito discutido 
no meio cientifico principalmente devido à necessidade de métodos que possibilitem a avaliação do 
seu real comportamento e ao mesmo tempo relacioná-lo com parâmetros usuais como 
trabalhabilidade, consistência, entre outros. Porém poucos trabalhos abordam sobre a degradação das 
argamassas colantes em função de suas propriedades mecânicas. 
  
2.1 ARGAMASSA COLANTE 
 
  De acordo com a ABNT NBR 14.081 (1998), as argamassas colantes são produtos 
industrializados, no estado seco, compostos de cimento Portland, agregados minerais e aditivos 
químicos, que quando misturados com a água, tornam-se uma pasta viscosa, plástica e aderente, 
empregado no assentamento de placas cerâmicas para revestimento. 
 Ou seja, argamassa colante é uma argamassa produzida com uma mistura pronta com cimento 
Portland, agregado muito fino e polímeros que conferem adesividade (PEREIRA, 2018). 
 A característica especial desses materiais é que quando são misturados com água, formam 
uma pasta que, subsequentemente, pega e endurece. Esse comportamento é especialmente útil no 
sentido de que estruturas sólidas e rígidas com praticamente qualquer forma e podem ser moldadas 
com certa rapidez. Além disso, alguns desses materiais atuam como uma fase de união, que aglutina 
quimicamente agregados particulados em uma única estrutura coesa. Sob essas circunstâncias, o papel 
do cimento é semelhante ao da fase vítrea de união, que se forma quando produtos à base de argila e 
alguns refratários são cozidos. Uma diferença importante, no entanto, é o fato do que no cimento a 
ligação se desenvolve à temperatura ambiente (CALLISTER, 2008). 
 
2.1.1 Composição das argamassas colantes 
 
 O cimento Portland é composto por um pó fino que possui propriedades aglomerantes que ao 
ser misturado com água, desencadeia uma reação química capaz de promover seu endurecimento, 
permanecendo estável mesmo quando submetido novamente à ação da água. É produzido 
basicamente à base de Calcário (CaCO3). Para melhorar, o clínquer que é um produto resultante do 
processo de calcinação (procedimento endotérmico realizado afim de remover compostos voláteis em 
uma amostra, oxidar matéria orgânica, melhorar a condutividade elétrica, alterar a estrutura cristalina 
de determinadas substâncias, produzir óxidos, realizar a decomposição térmica e remover impurezas 
indesejadas); são adicionados filito (material argiloso rico em óxido de alumínio - Al2O3) e quartzito 
3 
 
(SiO2) e uma pequena quantidade de gipsita (CaSO4-2H2O) para retardar o processo de pega 
(enrijecimento da pasta que antes era plástica) (VEZARO, 2018). 
 Vários constituintes diferentes são encontrados no cimento Portland, sendo os principais o 
silicato tricálcico (3CaO-SiO2) e o silicato dicálcico (2CaO-SiO2). A pega e o endurecimento desse 
material resultam de reações de hidratação relativamente complicadas que ocorrem entre os vários 
constituintes do cimento e a água que é adicionada. Por exemplo, uma reação de hidratação 
envolvendo o silicato dicálcico, representada pela Equação 1: 
 
2 CaO-SiO2 + x.H2O → 2 CaO-SiO2-x.H2O (1) 
  
 Na equação 1, x é variável e depende da quantidade de água disponível. Esses produtos 
hidratados se encontram na forma de substâncias cristalinas ou de géis complexos que formam as 
ligações no cimento (CALLISTER, 2008). Importante ressaltar que neste caso, possuímos um 
processo de hidratação e não de secagem, pois a água não constitucional que é adicionada no início 
do preparo da massa, passa a ser água constitucional, ou seja, passa a fazer parte da estrutura (SILVA 
e AGOPYAN, 1998). 
 A reação de hidratação do cimento, se inicia imediatamente após a adição de água, exotérmica 
e prossegue de forma relativamente lenta podendo levar vários anos, caracterizando um tempo de 
cura para o cimento, onde haverá a maior resistência mecânica, logo, é importante controlar a 
hidratação a fim de fazê-lo endurecer corretamente e as estruturas apresentarem o desempenho 
adequado. É necessário realizar o processo de cura, que tem como objetivo evitar a perda de água e 
possíveis surgimentos de fissuras, trincas, permeabilidade e o consequente ingresso de agentes 
agressivo (SILVA e AGOPYAN, 1998). 
 O cimento Portland é dito ser um cimento hidráulico, pois sua dureza se desenvolve através 
de reações químicas com água. Ele é usado principalmente em argamassa e em concreto, para 
aglutinar, em uma massa coesa, agregados de partículas inertes, como por exemplo areia e/ou 
cascalho, que são produtos considerados como materiais compósitos. Outros materiais de cimentação, 
tais como a cal, são não-hidráulicos; ou seja, outros compostos que não a água, como por exemplo o 
CO2, estão envolvidos na reação de endurecimento (CALLISTER, 2008). 
 Como agregado muito fino é recomendado areia com granulometria e formas dos grãos 
controladas, cujo diâmetro deve apresentar dimensão máxima de 0,5 mm. A forma do grão 
recomendado para a argamassa colante costuma ser liso e arredondado, proporcionando maior 
trabalhabilidade (boa aderência na colher de pedreiro, desliza sem dificuldade e adere bem nas 
superfícies verticais das paredes). A distribuição granulométrica é uma preocupação e alguns 
fabricantes de argamassa complementam a granulometria com pó calcário (VIEIRA, 2003). 
4 
 
 Quanto aos aditivos são matérias-prima que melhoram a capacidade de retenção de água, 
permitindo a adequação do tempo em aberto. Entre estes agentes destacam-se os hidroxietil celulose 
(HEC), cuja principal propriedade é à retenção de água, aumenta a plasticidade e a coesão da 
argamassa evitando o deslizamento da placa cerâmica, incorpora ar, deixando a argamassa mais 
trabalhável e retarda os tempos de pega que ampliam o tempo em aberto). Outro agente é o metil-
hidroxietil celulose (MHEC) como dois dos mais empregados nas argamassas adesivas e por fim, o 
terceiro destaque, PVAc (poli(acetato de vinila)) que é responsável por aumentar a resistência à 
compressão, à flexão e a aderência, além de reduzir a permeabilidade à argamassa. O PVAc envolve 
os grãos do cimento tornando a argamassa mais densa e homogênea, aumentando sua flexibilidade e 
plasticidade (VIEIRA, 2003). 
 Ao realizar a mistura de todos os insumos necessários para a produção das argamassas 
colantes, na proporção correta, adicionar a água para o preparo da mesma, resultará em uma aderência 
entre um substrato poroso e a argamassa ocorre através de um fenômeno essencialmente mecânico. 
Este fenômeno é caracterizado basicamente pela transferência de água que ocorre entre a argamassa 
e o substrato, possibilitando a entrada da pasta de cimento nos poros do substrato que, ao hidratar, 
precipita hidróxidos e silicatos que promovem a ancoragem do revestimento (CARASEK, 1996). 
 
2.1.2 Origem e classificações 
  
 Tendo em vista a padronização para a fabricação industrial, foram criadas classificações de 
acordo com a aplicação da argamassa, apresentadas no Quadro 1: 
 
Quadro 1: Classificação, abreviações e aplicações dos tipos de argamassas colantes. 
Classificação Abreviação Aplicação 
Argamassa colante AC I Revestimentos internos (cozinha, área de serviço e 
tipo I banheiro) exceto em saunas, churrasqueiras, estufas e 
outros revestimentos especiais 
Argamassa colante AC II Pisos e paredes internos e externos sujeitos à variação 
tipo II de temperatura e umidade e à ação do vento (paredes, 
fachadas, piscinas de água fria, lajes, pisos de áreas 
públicas ou ao ar livre) 
Argamassa colante AC III Apresenta aderência superior aos outros dois tipos 
tipo III (porcelanatos, cerâmicas e pedras em piscinas de água 
quente, saunas e churrasqueiras, além de mármores e 
granitos) 
5 
 
Argamassa colante AC I E, AC II E, Tempo em aberto estendido (E), que apresenta maior 
do tipo I, II ou III AC III E intervalo de tempo para assentamento 
Argamassa colante AC I D, AC II D, Deslizamento reduzido (D), que permite um menor 
do tipo I, II ou III AC III D deslocamento vertical da placa cerâmica 
Fonte: ZIA, s.d. 
 
 Comparando os tipos explicitados acima, a escolha da argamassa, portanto, pode ser guiada 
por variações de temperatura, dimensão das peças, ambiente que será aplicada (interno ou externo), 
tipo de superfície (parede ou piso) e de revestimento. A identificação do tipo apropriado resulta em 
bom desempenho, alta aderência e boa elasticidade, além de facilitar o manuseio na obra e evitar 
perda de tempo para o preparo da massa (PEREIRA, 2018). 
 
Figura 1 – Comparação dos tipos de argamassa colante de acordo com a aplicação 
 
Fonte: TOGNETTI, (2015) – modificado pela autora 
 
 Outra forma de classificação das argamassas é quanto ao tipo de aditivo que podem ser com 
base cimentícia ou não cimentícia. Quanto à base cimentícia, é constituída por as argamassas colantes 
comum, as argamassas adesivas modificadas com polímero (monocomponente), ou seja, que 
necessitam apenas da adição de água para a utilização; e as argamassas adesivas modificadas com 
polímero (bicomponente), ou seja, que necessitam de dois componentes, sendo um em pó e outro na 
forma de dispersão aquosa (aditivos), para utilização. Como base não cimentícia, é constituída por 
resinas de reação, que são adesivos que possuem desempenho superior em relação a praticamente 
todos os demais tipos de materiais de fixação, geralmente constituídos por dois componentes, um 
adesivo e um catalisador; e pastas de resina, constituídas basicamente de adesivos sintéticos, 
principalmente as resinas vinílicas e acrílicas (MEDEIROS e SABBATINI, 1999). 
 Dado a padronização para industrialização das argamassas colantes, classificações quanto às 
aplicações, também foi necessário a criação de normativas para a realização dos ensaios para 
6 
 
avaliação das propriedades mecânicas, tempo em aberto, deslizamento, a resistência à aderência à 
tração simples, trabalhabilidade. Na Figura 2, podemos observar os requisitos de argamassa colante. 
 
Figura 2: Requisitos de argamassa colante 
 
Fonte: NBR 14081 - Argamassa colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas – 
Requisitos (2004) 
 
2.1.3 Propriedades 
  
 De acordo com Ashby (2012), os materiais podem ser classificados em basicamente cinco 
tipos: metais, cerâmicos, polímeros, elastômeros, vidros e híbridos. Para isso, os materiais 
pertencentes de uma família devem possuir certos aspectos em comum como propriedades 
semelhantes, rotas de processamento semelhantes e, muitas vezes, aplicações semelhantes. 
 Além disso, existe uma grande gama de propriedades visando a caracterização de qualquer 
material, dentre as principais, podemos citar: físicas, térmicas, químicas, ópticas, magnéticas, 
elétricas, mecânicas e reológicas (ASHBY, 2012). 
 A determinação e/ou conhecimento das propriedades mecânicas é imprescindível para a 
escolha do material para uma determinada aplicação, bem como para o projeto e fabricação do 
componente. As propriedades mecânicas definem o comportamento do material quando sujeitos à 
esforços mecânicos, pois estas estão relacionadas à capacidade do material de resistir ou transmitir 
estes esforços aplicados sem romper e sem se deformar de forma incontrolável (ANDRADE, s.d). 
 As argamassas colantes são classificadas como um material cerâmico de acordo com a 
composição explicitada no item 2.2.1.  
 Ao realizar os ensaios de tração e compressão em um material cerâmico, obtém-se como 
resultado geral o seguinte comportamento no diagrama ilustrado pela Figura 3. 
 
 
7 
 
Figura 3: Curvas tensão-deformação para uma cerâmica sob tração e sob compressão. 
 
Fonte: ASHBY, 2012 
  
 O material cerâmico de exemplo, apresentou uma resistência de compressão de 10 a 15 vezes 
maior do que a resistência a tração, confirmando o comportamento, que de uma forma geral, os 
materiais cerâmicos possuem. Módulos de elasticidade altos, porém, diferentemente dos metais, elas 
são frágeis. Sua “resistência” sob tração significa a resistência à fratura frágil; sob compressão, 
significa resistência ao esmagamento frágil. Além disso, como as cerâmicas não têm nenhuma 
ductilidade, têm baixa tolerância a concentrações de tensões (como orifícios ou trincas) ou a altas 
tensões de contato (em pontos de fixação, por exemplo). Ser um material dúctil, significa suportar 
concentrações de tensão deformando-se de um modo que redistribui a carga mais equilibradamente 
e, em razão disso, podem ser usados sob cargas estáticas dentro de uma pequena margem de sua 
resistência ao escoamento. Já os materiais frágeis, apresentam uma ampla dispersão para a resistência, 
e a resistência em si depende do volume de material sob carga e do tempo de aplicação da carga. 
Apesar disso, os materiais cerâmicos possuem aspectos atraentes, são rígidas, duras e resistentes à 
abrasão (daí sua utilização em mancais e ferramentas de usinagem); conservam sua resistência em 
altas temperaturas; e resistem bem à corrosão (ASHBY, 2012). 
 Plasticidade e trabalhabilidade são as duas principais características das argamassas colantes. 
Plasticidade para se deformar sobre as superfícies e fluidez para envolver a rugosidade do substrato, 
e retenção de água para manter a trabalhabilidade durante a aplicação. É necessário espalhar a 
argamassa no estado fresco sobre a superfície a ser assentada e com uma desempenadeira denteada, 
formando, portanto, os cordões para a colagem de peças cerâmicas. A aplicação de argamassas com 
cordões desta espessura é tecnicamente impossível sem o uso de um aditivo retentor de água, pois 
com a ausência deste, em poucos minutos a argamassa perde trabalhabilidade e seca completamente. 
 O uso de aditivos retentores de água propicia a produção de argamassas colantes, no entanto 
não conseguem impedir a perda de água das argamassas, seja por sucção das bases ou por evaporação 
para o ambiente, o que influencia as características do material tanto no estado fresco quanto 
8 
 
endurecido. Para avaliar esta particularidade das argamassas colantes, foi introduzido o conceito de 
tempo em aberto. 
 O tempo em aberto é um dos principais requisitos de desempenho de argamassas colantes. 
Esta propriedade refere-se ao maior intervalo de tempo entre a aplicação da argamassa colante 
estendida em cordões sobre o substrato e o assentamento da placa cerâmica sobre estes cordões, de 
modo a obter-se uma resistência de aderência adequada. 
 A perda de resistência de aderência das placas assentadas depois de excedido o tempo em 
aberto é relacionada com a formação de uma película superficial que interfere na adesão inicial da 
argamassa colante. A velocidade de formação dessa película e, consequentemente, o tempo em aberto, 
dependem, dentre outros fatores, da quantidade de água e da quantidade de polímeros adicionados à 
argamassa colante, além de condições ambientais como velocidade do vento, temperatura, umidade 
relativa do ar e radiação. Um tempo em aberto adequado permite trabalhar em condições adversas, 
incluindo alta temperatura, baixa umidade ou substrato muito porosos. Caso o tempo em aberto seja 
excedido, a argamassa colante deve ser descartada. 
 Absorver grande quantidade de água, pode provocar uma hidratação inadequada do cimento, 
formando regiões frágeis, com potencial de apresentar descolamento. Assim como em situações 
contrárias, a baixa absorção não permite a entrada da pasta que promove a ancoragem, prejudicando 
a aderência entre os materiais. Além de a baixa absorção de água do substrato restringir o mecanismo 
de aderência pode também colaborar com o aparecimento do efeito parede. O acúmulo de água na 
interface placa/argamassa colante resulta numa região com alta relação água/cimento, e, portanto, 
com alta porosidade e menor resistência mecânica. 
 Com relação as propriedades reológicas, o comportamento esperado das argamassas colantes 
é aquele no qual a viscosidade (tendência do líquido em resistir ao escoamento como resultado da 
fricção interna provocada pela tensão de cisalhamento) permitirá que a argamassa colante preencha 
as reentrâncias da base de assentamento e ao mesmo tempo proporcione cordões bem formados que, 
ao entrarem em contato com a placa cerâmica, pela pressão comumente praticada na execução do 
revestimento, proporciona a melhor área de contato possível com o tardoz da placa, contribuindo para 
a aderência da interface argamassa colante/placa cerâmica. (COSTA, 2006). 
 
2.1.4 Degradação 
  
 Manifestações patológicas são segundo Antunes (2010), situações nas quais o sistema de 
revestimento, deixa de apresentar o desempenho esperado, em determinado momento de sua vida útil, 
ou seja, não cumpre suas funções, deixando de atender às necessidades dos usuários. Uma 
9 
 
manifestação patológica acontece com a queda de desempenho precocemente, diante de erros no 
planejamento, especificação, execução e/ou mesmo em uso, que podem ou não ser cumulativos. 
 O descolamento da placa cerâmica é, a manifestação patológica mais importante que o 
revestimento cerâmico pode apresentar, principalmente com relação à segurança dos usuários, do que 
propriamente pelo aspecto estético comprometido (SILVA, 2003). Descolamentos são presenciados 
nas mais diversas situações de uso da combinação de argamassa colante e substratos, principalmente 
em situações onde estes materiais ficam sujeitos às intempéries, como no caso de aplicações externas, 
ou locais com umidades excessivas, como é o caso de piscinas e banheiros (BAUER, 2005). 
 A maior diferença de módulo de elasticidade se dá entre as argamassas colantes e as placas 
cerâmicas, portanto esta interface pode ser considerada a mais crítica em um sistema de revestimento 
cerâmico. Na medida em que há perda de resistência de aderência na interface argamassa 
colante/cerâmica devido à impossibilidade de se movimentarem livremente, é bastante frequente o 
descolamento das placas cerâmicas (ANTUNES, 2010). 
 
2.2 ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DA DETERIORAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS  
 
 As argamassas colantes selecionadas neste trabalho são industrializadas, não sendo suas 
formulações conhecidas. A caracterização de um material, é fundamental para a determinação das 
propriedades, no caso das argamassas colantes, resistência a compressão, flexão em três pontos, 
análise termogravimétrica, espectrometria de fluorescência de raios- X (FRX) para a determinação 
da composição química e a picnometria para a determinação da densidade real. 
 
2.2.1 Resistência a compressão 
 
 Procedimento para medir a resistência mecânica do material, é realizado em laboratório e 
consiste na aplicação de força axial compressiva no corpo de prova até sua ruptura, da qual se traça 
um gráfico de tensão por deformação. De acordo com a NBR 13279, resistência à compressão é 
expressa em Mega Pascal (MPa), sendo considerado a carga máxima suportada pela argamassa na 
compressão axial. A Figura 4 ilustra o teste. 
 Ensaios de resistência à compressão são capazes de analisar a capacidade de suportar carga. 
Propriedade diretamente ligada à segurança e à estabilidade estrutural. 
 
 
 
10 
 
Figura 4: imagem ilustrativa do mecanismo do ensaio de resistência a compressão uniaxial ação 
simples 
 
Fonte: ANTARES [s.d.] 
 
 Teste do qual faz-se necessário a seguinte aparelhagem para a execução: moldes cilíndricos 
de 5 cm x 10 cm, misturador mecânico e soquete metálico, máquina universal de ensaio (compressão). 
A prensagem uniaxial ação simples possui toda a pressão sendo exercida em um único eixo de forma 
constante. 
 
2.2.2 Resistência à flexão 
 
 De acordo com a NBR 13279, a resistência à flexão é expressa em Mega Pascal, sendo 
considerado a carga máxima suportada pelo material na flexão, até a ruptura. Ou seja, é um ensaio 
consiste na aplicação de uma força de flexão em um corpo de prova padronizado, promovendo a 
deformação do material na direção do esforço, que tende a alongá-lo até fraturar. Com ele é possível 
determinar o gráfico de Tensão Deformação e medir as propriedades de Resistência à Flexão, Módulo 
de Elasticidade, Tensão no Escoamento, Tensão na Ruptura, Deformação no Escoamento, 
Deformação na Ruptura, entre outros. (NBR, 2005) 
 Cálculo para a determinação da Tensão de Resistência à Flexão (TRF) é apresentado na 
Equação 2 (NBR, 2005): 
 
3 .𝐹.𝐿 
𝑇𝑅𝐹 =  2   (2) 2.𝑏.𝑑  
 
 
 Onde: 
 TRF: Tensão de Resistência à Flexão (MPa); 
 F: Força (N); 
11 
 
 L: distância entre apoios (mm); 
 b: largura do corpo de prova; 
 d: espessura do corpo de prova 
 
2.2.3 Picnometria 
 
 A Picnometria é uma técnica laboratorial utilizada para fazer a determinação da massa 
específica e da densidade de líquidos. Pode também determinar-se a massa específica e a densidade 
de sólidos, devendo antes ser dissolvido. 
 Deve-se primeiro pesar picnômetro vazio, pesar a amostra do material a ser utilizado. Inserir 
o material no picnômetro e pesar. Adicionar a água destilada a temperatura ambiente no picnômetro 
(suficiente para cobrir o material e superhidratar) e agitar. Retirar o ar com máquina de vácuo (Bomba 
de Vácuo - MA057/1 / Marconi) e esperar sedimentar todo material. A seguir, adicionar mais água 
destilada até preencher o recipiente e colocar o termômetro, fazendo com que vaze água e garantindo 
que tenhamos o mesmo volume no seu interior. Novamente, pesar picnômetro com o material, água 
e o termômetro. Remover o material, limpar recipiente, adicionar água destilada até preencher o 
recipiente e colocar o termômetro, fazendo com que vaze água e garantindo que tenhamos o mesmo 
volume no seu interior. Novamente, pesar picnômetro com água e o termômetro. Pesar picnômetro 
com água. 
 Após o procedimento, devemos realizar o cálculo para a determinação da Densidade Real 
(DR): 
𝑃2 − 𝑃1
𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑎𝑙 =   (3) 
(𝑃4 −  𝑃1) −  (𝑃3 −  𝑃2)
 
 
Onde: 
P1: Massa do picnômetro vazio 
P2: Massa do picnômetro com a argamassa 
P3: Massa do picnômetro com a argamassa e água 
 P4: Massa do picnômetro com a água 
 
2.2.4 Análise Termogravimétrica 
 
 A Análise Termogravimétrica auxilia a determinação das variações de massa da amostra 
durante um aquecimento programado, indicando qualitativamente e quantitativamente a fração volátil 
resultante da decomposição de espécies químicas inorgânicas e orgânicas, além da umidade existente. 
12 
 
Este método pode ser utilizado também para aferir sobre quanto de aditivo está sendo utilizado em 
determinada mistura (COSTA, 2006). 
 Com relação aos resultados fornecidos pelo ensaio, destacam-se as curvas de variação TG, 
DTG e DTA. TG fornece a análise comparativa entre o percentual da massa inicial presente na 
amostra e a mudança de temperatura, possibilitando o reconhecimento das faixas térmicas em que 
ocorrem as perdas de massa mais significativas, ou seja, a perda de massa do processo (COSTA, 
2006). 
 A DTG traz a visualização da taxa de variação instantânea da massa da amostra ao longo do 
tempo em função da temperatura. Sua unidade se dá no percentual de massa por minuto e é a derivada 
da TG. Serve para facilitar a interpretação da curva TG, porém não nos possibilita quantificar a perda 
de massa (COSTA, 2006). 
 A DTA nos mostra as transformações que ocorrem ao longo do processo podendo ser 
endotérmicas ou exotérmicas, de acordo com o indicado no gráfico resultante do teste (COSTA, 
2006). 
 
2.2.5 Espectrometria de Fluorescência de Raios- X 
 
 A FRX é uma técnica analítica que possibilita a determinação da composição química 
elementar de amostras sólidas. Esse ensaio analisa qualitativamente e quantitativamente a 
composição química das amostras. A técnica consiste na exposição da amostra a um feixe de radiação 
para a excitação e detecção da radiação fluorescente característica de cada elemento resultante da 
interação da radiação com o material da amostra. 
 Os elementos que compõem a amostra são excitados por uma fonte primária de radiação e 
passam a emitir uma radiação com comprimentos de onda característicos de cada elemento (raios-X 
fluorescentes). Por meio de um detector apropriado, pode-se medir estes comprimentos de onda, e 
consequentemente identificar os elementos por meio de uma curva de calibração ou padrões internos. 
Como a intensidade dos raios-X fluorescentes é proporcional a concentração a cada desses elementos, 
pode-se, portanto, quantificar estes elementos (LAMIR, 2011). 
 
3 METODOLOGIA 
 A metodologia proposta para este trabalho é a pesquisa experimental. Nela, foram 
feitas comparações dos resultados obtidos entre a argamassa recém-fabricada e argamassa que possui 
prazo de validade próximo do vencimento. Os ensaios foram realizados nos Laboratórios da 
Universidade Presbiteriana Mackenzie, respeitando as idades das amostras definidas na norma e os 
13 
 
resultados foram discutidos comparativamente observando eventuais eventos provocados pelo tempo 
decorrido até o consumo do material. 
A argamassas utilizadas são do tipo AC II, fabricadas pela empresa Quartzolit. A argamassa 
mais antiga foi fabricada no dia 08/01/2021 e a mais nova no dia 16/08/2021. Foram executados os 
seguintes ensaios: difração de raio x, análises térmicas, resistência a compressão e flexão em três 
eixos realizando as quebras com sete, quatorze, vinte e oito, e cinquenta e seis dias.  
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
4.1 Picnometria 
 
 Após a realização do ensaio para ambas as argamassas, foi realizado o cálculo contido na 
equação 4, apresentando uma variação de 0,05 g/cm3, correspondentes à 1,81% de variação. O que 
significa que as argamassas, apesar de terem 8 meses de diferença de fabricação e estarem dentro do 
prazo de validade, não sofreram variação significativa dentro no período. Os resultados do ensaio de 
Picnometria estão apresentados na Tabela 1: 
 
Tabela 1: Resultados do teste de Picnometria e resultado do cálculo da densidade real 
 
Argamassa Argamassa 
    
Velha (g) Nova (g) 
P1 Picnômetro (vazio) 32,19 32,41 
m Massa de argamassa 3,10 3,13 
P2 Picnômetro + argamassa 35,29 35,54 
P3 Picnômetro + argamassa + água 91,00 91,15 
P4 Picnômetro + água 89,06 89,17 
  Densidade Real (g/cm3) 2,67 2,72 
 
4.3 Espectrometria de Fluorescência de Raios- X 
 
 Após a realização do ensaio, obtivemos a determinação da composição química elementar de 
amostras sólidas. Ensaio este que analisou qualitativamente e quantitativamente a composição 
química das amostras de ambas as argamassas apresentados nas Figura 5. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Figura 5: Resultado da determinação da composição química das argamassas 
  
Argamassa nova Argamassa antiga 
 
 A seguir, a Tabela 2 apresenta um resumo dos resultados obtidos para as duas argamassas, 
apresentando uma variação de aproximadamente 2,7% na quantidade de cimento e agregado e uma 
variação insignificativa na quantidade de aditivo (éter de celulose e polímeros). Possuir maior 
quantidade de cimento na composição, influenciará na resistência mecânica da argamassa, porém 
quanto maior o teor de cimento, maior a necessidade de aditivos, pois esta condição pode prejudicar 
outras propriedades do material como por exemplo a plasticidade. 
 
Tabela 2: Compostos identificados por Espectrometria de Fluorescência de Raios- X das 
argamassas colantes (%) 
Argamassa Argamassa Diferença 
  
Antiga (g) Nova (g) em módulo 
Agregado 56,11% 53,41% 2,70% 
Cimento 35,27% 37,94% 2,67% 
Aditivo 8,62% 8,65% 0,03% 
Total 100,00% 100,00% 5,40% 
 
 
4.4 Análise Termogravimétrica 
 
 Na Figura 6, os resultados das análises termogravimétricas contendo as curvas TG, DTG e 
DTA da argamassa com fabricação mais recente e antiga respectivamente. 
 
 
 
 
15 
 
Figura 6: Curvas TG, DTG e DTA das argamassas colante. 
  
Argamassa colante nova Argamassa colante antiga 
 
 Em ambos os resultados, foi observado o mesmo comportamento, porém com alguns picos 
com maior ou menor intensidade. Sobre as transformações e mudanças de fases é possível inferir que: 
a. Abaixo de 100°C a perda de massa é devido à umidade proveniente da areia e capturada do 
ambiente; 
b. Aproximadamente em 120°C ocorre o pico da DTG, referente à transformação da gipsita 
presente no cimento, em hemidrato; 
c. Entre 200°C e 500°C ocorre a perda de massa devido à volatilização dos aditivos. Há também 
a possibilidade de volatilização nesta faixa de temperatura proveniente de matéria orgânica; 
d. De 500°C a 800°C, liberação do CO2 proveniente da dolomita ou do calcário presente no 
cimento. 
 
 Em ambos os gráficos, a seta para baixo, indica que para todos os picos da curva da DTA 
(indicado pela linha na cor preta) são exotérmicos, ou seja, liberam calor. Já os picos para cima, são 
endotérmicos, absorvem energia. O pico mais intenso acontece aproximadamente a 720°C, 
exatamente no mesmo momento em que a TG (linha verde) mostra a perda de massa mais intensa, 
causada pela liberação do CO2. 
 Referente à argamassa nova, a TG mostrou uma perda total de massa de 7,41%, ou seja, dos 
100% da amostra que iniciou o teste, encerramos com 92,59% da massa total. A curva da DTG (% 
em massa / min, em vermelho), podemos notar que no primeiro pico com maior relevância, a 722,8°C, 
possui uma intensidade de aproximadamente -0,58 %/min e olhando a curva da TG, a perda de massa 
nesta região, foi de aproximadamente 6,5% perda de massa, que significa que se dividirmos a perda 
de massa pela taxa, temos que toda a perda de massa ocorreu até este momento, foi em 
aproximadamente 11,2 minutos. 
16 
 
 Referente à argamassa antiga, a TG mostrou uma perda total de massa de 6,16%, ou seja, dos 
100% da amostra que iniciou o teste, encerramos com 93,84% da massa total. A curva da DTG, 
podemos notar que no primeiro pico com maior relevância, a 720°C, possui uma intensidade de 
aproximadamente -0,56 %/min e olhando a curva da TG, a perda de massa nesta região, foi de 
aproximadamente 6% perda de massa, que significa que se dividirmos a perda de massa pela taxa, 
temos que toda a perda de massa ocorreu até este momento, foi em aproximadamente 10,7 minutos. 
 A perda de massa da argamassa mais nova foi maior que a antiga. Além da diferença na 
composição sinalizada na Tabela 3, uma das possíveis causas pode ser a evaporação da umidade 
presente na argamassa ainda quando armazenada em sua embalagem. 
 
4.5 Resistência a compressão 
 
 Após a confecção dos corpos de prova nos moldes cilíndricos de 5 cm x 10 cm, o material 
permaneceu em temperatura ambiente até que fosse possível retirar os moldes e retificar. Em seguida, 
as amostras permaneceram submersas para o processo de cura. Foram realizadas as quebras com sete, 
quatorze, vinte e um, vinte e oito e cinquenta e seis dias para acompanhar com maiores detalhes a 
evolução da resistência a compressão e o processo de cura. Em seguida, os corpos de prova foram 
expostos a prensagem uniaxial ação simples de forma constante obtendo os resultados do ensaio de 
resistência a compressão apresentados no Quadro 2. 
 
Quadro 2: Média simples dos resultados das amostras de cada quebra em MPa. 
Dias de Antiga Nova Diferença  
  
Cura (MPa) (MPa) em módulo 
Média 0,78 1,09 0,31 
7 
Desvio Padrão 0,04 0,23 0,18 
Média 1,08 1,24 0,17 
14 
Desvio Padrão 0,32 0,16 0,16 
Média 0,95 1,23 0,28 
21 
Desvio Padrão 0,20 0,17 0,03 
Média 0,90 1,53 0,63 
28 
Desvio Padrão 0,10 0,12 0,02 
Média 1,60 1,45 0,15 
56 
Desvio Padrão 0,13 0,18 0,05 
 
  
 Pelo gráfico, os resultados obtidos, apesar de ambas as argamassas estarem dentro do prazo 
de validade estabelecido pelo fabricante de doze meses, contendo oito meses de diferença entre as 
datas de fabricações, é possível observar que existe diferença desde o início dos testes até o final, 
17 
 
evidenciando o melhor desempenho da argamassa mais nova com maior resistência a compressão do 
que a argamassa mais antiga. 
 Com 28 dias de cura, tivemos 69,74% mais resistência na argamassa nova quando comparado 
com a argamassa antiga no mesmo período, assim como também é notório a maior diferença entre as 
argamassas. De acordo com NBR 14081 (2004), é necessário utilizar os dados com 28 dias de cura 
para determinação das propriedades mecânicas, sendo assim é possível inferir que houve deterioração 
de propriedades mecânicas e de aplicação de argamassas colantes em oito meses. Porém em norma é 
definido em MPa a resistência de aderência à tração, por se tratar de argamassa colante, onde o maior 
problema relatado a degradação ou ao modo de preparo ou até mesmo pelo material, está relacionado 
com o desplacamento, ou seja, o descolamento dos pisos cerâmicos à argamassa colante. Isso se deve 
a maior diferença de módulo de elasticidade entre as argamassas colantes e as placas cerâmicas, 
portanto esta interface pode ser considerada a mais crítica em um sistema de revestimento cerâmico. 
Na medida em que há perda de resistência de aderência na interface argamassa colante/cerâmica 
devido à impossibilidade de se movimentarem livremente, é bastante frequente o descolamento das 
placas cerâmicas. Portanto é possível inferir que houve perda de resistência a compressão, porém não 
é possível saber se os resultados obtidos estão dentro de alguma norma pré-estabelecida para garantir 
padrões. 
 
4.6 Resistência à flexão 
 
 Após a confecção dos corpos de prova nos moldes prismáticos de 4 cm x 4 cm x 16 cm, o 
material permaneceu em temperatura ambiente até que fosse possível retirar os moldes e retificar. Em 
seguida, as amostras permaneceram submersas para o processo de cura. Foram realizadas as quebras 
com sete, quatorze, vinte e um, vinte e oito e cinquenta e seis dias para acompanhar com maiores 
detalhes a evolução da resistência a compressão e o processo de cura. Em seguida, os corpos de prova 
foram expostos a força de flexão de forma constante, promovendo a deformação do material na 
direção do esforço, que tende a alongá-lo até fraturar, dessa forma, obtendo os resultados do ensaio 
de resistência à flexão em três eixos apresentados no Quadro 3. 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Quadro 3: Média simples dos resultados das amostras de cada quebra em MPa. 
Dias de Diferença em  
  Antiga Nova 
Cura módulo 
Média 0,046 0,053 0,007 
7 
Desvio Padrão 0,006 0,000 0,006 
Média 0,045 0,099 0,054 
14 
Desvio Padrão 0,000 0,015 0,014 
Média 0,050 0,064 0,014 
21 
Desvio Padrão 0,005 0,004 0,001 
Média 0,049 0,066 0,017 
28 
Desvio Padrão 0,016 0,006 0,009 
Média 0,069 0,055 0,014 
56 
Desvio Padrão 0,004 0,002 0,002 
 
  
 Pelo gráfico, os resultados obtidos, apesar de ambas as argamassas estarem dentro do prazo 
de validade estabelecido pelo fabricante de doze meses, contendo oito meses de diferença entre as 
datas de fabricações, é possível observar que existe diferença desde o início dos testes até o final, 
evidenciando o melhor desempenho da argamassa mais nova com maior resistência a compressão do 
que a argamassa mais antiga. 
 Com 14 e 28 dias de cura respectivamente, tivemos 118,24% e 35,56% mais resistência na 
argamassa nova e também a maior diferença entre as argamassas. De acordo com NBR 14081 (2004), 
é necessário utilizar os dados com 28 dias de cura para determinação das propriedades mecânicas, 
sendo assim é possível inferir que houve deterioração de propriedades mecânicas e de aplicação de 
argamassas colantes em oito meses. Porém em norma é definido em MPa a resistência de aderência 
à tração, por se tratar de argamassa colante, onde o maior problema relatado a degradação ou ao modo 
de preparo ou até mesmo pelo material, está relacionado com o desplacamento, ou seja, o 
descolamento dos pisos cerâmicos à argamassa colante. Isso se deve a maior diferença de módulo de 
elasticidade entre as argamassas colantes e as placas cerâmicas, portanto esta interface pode ser 
considerada a mais crítica em um sistema de revestimento cerâmico. Na medida em que há perda de 
resistência de aderência na interface argamassa colante/cerâmica devido à impossibilidade de se 
movimentarem livremente, é bastante frequente o descolamento das placas cerâmicas. Portanto é 
possível inferir que houve perda de resistência à flexão em três pontos, porém não é possível saber se 
os resultados obtidos estão dentro de alguma norma pré-estabelecida para garantir padrões. 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Este trabalho avaliou a deterioração de propriedades mecânicas e de aplicação de argamassas 
colantes em função do tempo através de ensaios laboratoriais. Além disto, as argamassas utilizadas 
foram caracterizadas para buscar melhor compreender os fatores influentes sobre as propriedades 
19 
 
mecânicas das argamassas. 
 Quanto à densidade das argamassas colantes verificou-se que não sofreram variação 
significativa, porém quanto à composição, por se tratar de diferentes lotes de fabricação, foi obtido 
uma pequena variação na quantidade de cimento e agregado e uma variação insignificativa na 
quantidade de aditivo. Estas variações, apesar de pequenas, podem interferir quanto a resistência 
mecânica, tempo aberto, plasticidade, trabalhabilidade e até mesmo podendo promover o 
desplacamento após a utilização do produto. 
 Quanto às análises termogravimétrica, em ambos os resultados, foi observado o mesmo 
comportamento, porém a argamassa mais nova apresentou uma perda de massa superior à argamassa 
mais antiga. Tendo em vista que a perda de massa foi mais intensa até os 100°C, na argamassa mais 
nova, o fato de ela ter perdido mais massa pode estar relacionado ao melhor acondicionamento, não 
ocorrendo a evaporação de água através da embalagem. Apesar de obter esta diferença nos resultados 
da TG, ambas apresentaram o mesmo comportamento nas fases existentes (pico da gipsita se 
transformando em hemidrato, volatilização dos aditivos, liberação do CO2). 
 Quanto à resistência a compressão, com 28 dias de cura, tivemos 69,74% mais resistência na 
argamassa nova e também a maior diferença entre as argamassas. Portanto é possível inferir que 
houve perda de resistência a compressão. 
 Quanto à resistência à flexão, com 14 e 28 dias de cura respectivamente, tivemos 118,24% e 
35,56% mais resistência na argamassa nova e também a maior diferença entre as argamassas. Portanto 
é possível inferir que houve perda de resistência à flexão. 
 De acordo com NBR 14081 (2004), é definido em MPa a resistência de aderência à tração, 
por se tratar de argamassa colante, onde o maior problema relatado a degradação ou ao modo de 
preparo ou até mesmo pelo material, está relacionado com o desplacamento. Portanto, o que é possível 
inferir é que houve perda de propriedades mecânicas em função do tempo, porém não é possível 
verificar, se os resultados obtidos estão dentro dos padrões aceitáveis pelo fato de não existir normas 
para definição das propriedades de resistência a compressão e à flexão. 
 
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