UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA EDUARDO BOERO DE SOUZA E SILVA O USO DA BICICLETA COMO FORMA SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE ATIBAIA (SP) Orientadora: Profa. Dra. Petra Sanchez Sanchez SÃO PAULO 2014 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTE E HISTÓRIA DA CULTURA EDUARDO BOERO DE SOUZA E SILVA O USO DA BICICLETA COMO FORMA SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE ATIBAIA (SP) Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura Orientadora: Profa. Dra. Petra Sanchez Sanchez SÃO PAULO 2014 S586u Silva, Eduardo Boero de Souza e. O uso da bicicleta como forma sustentável de mobilidade urbana e promoção da qualidade de vida: um olhar sobre a cidade de Atibaia – (SP) / Eduardo Boero de Souza e Siva. – 2014. 143 f. : il ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014. Referências Bibliográficas: f. 128 – 137 1. Bicicletas. 2. Mobilidade urbana. 3. Educação ambiental. 4. Interdisciplinaridade I. Título CDD 711.72 EDUARDO BOERO DE SOUZA E SILVA O USO DA BICICLETA COMO FORMA SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA: UM OLHAR SOBRE A CIDADE DE ATIBAIA (SP) Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura. Aprovado em: ____/____/______ BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Petra Sanchez Sanchez – Orientadora Universidade Presbiteriana Mackenzie Profa. Dra. Maria Inês Zanoli Sato Fundação Armando Alvares Penteado Prof. Dr. Regis Nieto Universidade Presbiteriana Mackenzie Ao meu filho Gabriel, presente de Deus e razão da minha vida. AGRADECIMENTOS Ao meu Senhor Jesus Cristo, com o qual tudo é possível. À minha mãe, Lúcia, espelho e referência, meu respeito e gratidão. Ao meu pai, Ayrton, pelos ensinamentos da vida. Obrigado por mostrar a realidade como ela é. À minha avó Quita, pelas orações e apoio durante toda a minha vida. À minha família pelo apoio e motivação. À minha namorada Priscila, pelo carinho e compreensão nos momentos em que mais precisei. À Profa Dra. Petra Sanchez Sanchez, pela orientação, carinho, atenção, dedicação e paciência durante a realização desse trabalho. À Profa, Dra. Maria Inês Zanoli Sato, e ao Prof Dr. Regis Nieto, pelas considerações e sugestões enriquecedoras, apresentadas no exame de qualificação. Aos professores e diretores da escola que abriram suas portas e à prefeitura de Atibaia, que contribuíram para que a pesquisa desse trabalho fosse realizada. Aos ciclistas e motoristas que disponibilizaram seu tempo para responderem aos questionários com muito carinho e atenção. Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES / PROSUP pela bolsa de estudos concedida durante o curso de mestrado RESUMO A adoção da bicicleta como importante meio de transporte cotidiano, gera inúmeros ganhos sociais, ambientais e econômicos. Destacam-se: a melhoria da qualidade do ar, a redução dos congestionamentos e a prática regular de atividade física que beneficia a qualidade de vida e a saúde humana. Com esse entendimento a presente pesquisa objetivou fazer um diagnóstico sobre a utilização de bicicletas na cidade de Atibaia (SP) e refletir a respeito do papel da educação ambiental e da educação para o trânsito – de essência metodológica interdisciplinar – na conscientização dos cidadãos, enfatizando um trânsito seguro e ambientalmente sustentável. A metodologia utilizada foi a qualitativa do tipo exploratória, com um estudo de caso na referida cidade. Contou com a participação de professoras de uma escola de educação infantil e ensino fundamental, de ciclistas e motoristas. Os dados foram obtidos por meio da observação sistemática e de entrevistas com a aplicação de questionários específicos. Para a análise, utilizou-se a técnica de tratamento e tabulação por categorias, segundo Bardin. Pelos resultados, verificou-se que as professoras entendem que a educação ambiental é fundamental para a construção de conhecimentos e de valores voltados à prática da solidariedade no trânsito e ao respeito ao meio ambiente, motivo pelo qual trabalham a temática com seus alunos por meio de projetos e, nas disciplinas, de forma transversal. Para os ciclistas e motoristas, os benefícios e riscos da adoção da bicicleta estão bem claros, porém, desconhecem alguns itens de segurança que são obrigatórios para a circulação das bicicletas e, com isso, colocam em risco a integridade física dos usuários. Constatam-se condições inseguras na própria ciclovia estudada, o que leva a concluir que a implantação da infraestrutura já projetada pelas autoridades para a atual ciclovia deveria levar em conta o incentivo à utilização das bicicletas e, assim, propiciar melhor qualidade de vida e sustentabilidade ambiental aos ciclistas, motoristas e pedestres. Ações em parceria com as escolas da região, voltadas para a inserção da educação ambiental com ênfase na educação para o trânsito, no ensino formal ou não formal, são essenciais para a conscientização da população. Palavras-chave: bicicletas, mobilidade urbana, educação ambiental, interdisciplinar. ABSTRACT The use of the bicycle as an important vehicle of daily transport generates social, environmental and economic gains, including improvement of air quality, reducing traffic jams and regular physical activity that benefits the quality of life and human health. The present research aimed to make a diagnosis on the use of bicycles in the city of Atibaia, São Paulo, and road safety user educate on the role of environmental education and education for transit - of interdisciplinary methodological essence – on the awareness of citizens, emphasizing a safe and environmentally sustainable transit. The methodology used was qualitative exploratory type, based in a case study in the city mentioned above. We had the participation of teachers from elementary education, cyclists and drivers. Data were collected through systematic observation and interviews with the implementation of specific questionnaires, and we analyzed employing the technique of processing and tabulation categories, according to Bardin. The results, showed that teachers understand that environmental education is fundamental for building knowledge and values related to the practice of solidarity when in transit and respect for the environment, reason is why they work this theme with their students through projects and, in the disciplines, transversely. For cyclists and drivers, the benefits and risks of adopting bike are clear, however, unaware of some safety items that are required for the movement of bicycles and thereby endanger the physical safety of users. We can notice unsafe conditions studied in bike lane itself, which leads to the conclusion that the implementation of infrastructure already projected by the authorities for the current bike lane should consider encouraging the use of bicycles and thus provide a better quality of life and environmental sustainability cyclists, motorists and pedestrians. Actions in partnership with schools in the region, aimed at the inclusion of environmental education with emphasis on traffic education in formal and non-formal education, are essential to public awareness. Keywords: bicycles, urban mobility, environmental education, interdisciplinary. LISTA DE TABELAS Tabela 1 Perfil das professoras que participaram da pesquisa 85 Tabela 2 Perfil dos ciclistas que participaram da pesquisa 86 Tabela 3 Perfil dos motoristas que participaram da pesquisa 86 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Foto de um acidente envolvendo um carro e uma bicicleta na cidade 8 de São Paulo Figura 2 Foto de uma ciclovia obstruída por veículo na cidade de Pelotas (RS) 9 Figura 3 Mapa com a Av. Gerônimo de Camargo na cidade de Atibaia 19 Figura 4 Projeto de Bicicleta de Leonardo da Vinci 20 Figura 5 Foto da bicicleta Draisiana do Barão Karl Friedrich Drais Von 21 Saverbronn Figura 6 Foto da bicicleta Draisiana de McMillan 22 Figura 7 Foto da bicicleta Draisiana de Michaux 23 Figura 8 Foto da bicicleta Draisiana de Guilmet 24 Figura 9 Foto da bicicleta Ordinaire com roda dianteira maior que a roda 24 traseira Figura 10 Foto da bicicleta Rover III 26 Figura 11 Foto da bicicleta Psycho 26 Figura 12 Foto da bicicleta com pneu de ar comprimido 27 Figura 13 Foto de Mountain Bikers em parque nos Estados Unidos 29 Figura 14 Malha cicloviária da cidade de Amsterdam 30 Figura 15 Foto da inauguração do Clube Atlético Paulistano 31 Figura 16 Foto da Mountain Bike criada em 1980 33 Figura 17 Foto de ciclistas na cidade de Governador Valadares (MG) 34 Figura 18 Foto da ciclovia do Rio Pinheiros na cidade de São Paulo 37 Figura 19 Foto da ciclovia Brás Leme na cidade de São Paulo 37 Figura 20 Foto da ciclovia Radial Leste na cidade de São Paulo 38 Figura 21 Foto da ciclovia Adutora do Rio Claro na cidade de São Paulo 38 Figura 22 Foto da ciclovia Parque Linear do Alto Tietê na cidade de São Paulo 39 Figura 23 Foto da ciclovia do bairro do Butantã na cidade de São Paulo 39 Figura 24 Foto da ciclovia que circunda a Represa Guarapiranga na cidade de 40 São Paulo Figura 25 Foto da ciclovia Faria Lima na cidade de São Paulo 40 Figura 26 Foto da ciclofaixa no bairro de Moema na cidade de São Paulo 41 Figura 27 Foto da ciclorrota do bairro do Brooklin na cidade de São Paulo 42 Figura 28 Foto da ciclorrota do bairro do Butantã na cidade de São Paulo 43 Figura 29 Foto da ciclorrota do bairro de Moema na cidade de São Paulo 43 Figura 30 Foto da ciclorrota do bairro da Lapa na cidade de São Paulo 44 Figura 31 Foto da ciclorrota do bairro da Mooca na cidade de São Paulo 44 Figura 32 Foto da ciclorrota do bairro da Vila Mariana na cidade de São Paulo 45 Figura 33 Foto do aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade 46 de São Paulo Figura 34 Foto da aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade 46 de São Paulo Figura 35 Mapa do sistema cicloviário da cidade de Santos 47 Figura 36 Foto da ciclovia da Orla na cidade de Santos 48 Figura 37 Foto da ciclovia Francisco Glicério na cidade de Santos 48 Figura 38 Foto da ciclovia Av. Martins Fontes no centro histórico na cidade de 49 Santos Figura 39 Foto da ciclovia Santa Clara na cidade de Santos 49 Figura 40 Foto da ciclovia Canal 1 no bairro Itararé na cidade de Santos 50 Figura 41 Foto da ciclovia Av. Mario Covas Júnior na cidade de Santos 50 Figura 42 Foto da ciclofaixa Av. Rangel Pestana no bairro Vila Mathias na cidade 51 de Santos Figura 43 Foto do aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade 52 de Santos Figura 44 Mapa com a localização da cidade de Atibaia e região 71 Figura 45 Foto do pavimento da via utilizada como ciclovia na cidade de Atibaia 72 Figura 46 Foto das marcas de bicicleta no pavimento da via utilizada como 73 ciclovia na cidade de Atibaia Figura 47 Foto da ausência de separação física entre a ciclovia e a via 74 Figura 48 Foto de uma valeta ao lado da ciclovia. 74 Figura 49 Foto da largura da via utilizada como ciclovia na cidade de Atibaia 75 Figura 50 Foto de um ciclista utilizando equipamentos de segurança 76 Figura 51 Foto de um ciclista sem nenhum equipamento de segurança 77 Figura 52 Foto de um ciclista circulando sem nenhum equipamento de 78 segurança Figura 53 Foto de pessoas circulando na via utilizada como ciclovia na cidade de 79 Atibaia Figura 54 Foto de um veículo estacionado na ciclovia. 80 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Professoras: categoria meio ambiente. 87 Quadro 2: Professoras: categoria educação ambiental. 88 Quadro 3: Professoras: categoria educação ambiental no currículo escolar. 90 Quadro 4: Professoras: categoria educação ambiental e prática pedagógica. 92 Quadro 5: Professoras: categoria melhoria da prática pedagógica sobre educação ambiental. 94 Quadro 6: Professoras: Opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente. 96 Quadro 7: Professoras: categoria início da educação ambiental. 97 Quadro 8: Professoras: categoria benefícios do uso da bicicleta. 98 Quadro 9: Professoras: categoria riscos do uso da bicicleta. 100 Quadro 10: Professoras: categoria importância da educação para o trânsito. 102 Quadro 11: Professoras: categoria locais para trabalhar a educação para o trânsito. 103 Quadro 12: Ciclistas: categoria meio ambiente. 106 Quadro 13: Motoristas: categoria meio ambiente. 106 Quadro 14: Ciclistas: categoria educação ambiental. 107 Quadro 15: Motoristas: categoria educação ambiental. 108 Quadro 16: Ciclistas: opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente. 109 Quadro 17: Motoristas: opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente. 109 Quadro 18: Ciclistas: categoria idade para o início da educação ambiental. 110 Quadro 19: Motoristas: categoria idade para o início da educação ambiental. 111 Quadro 20: Ciclistas: categoria benefícios do uso da bicicleta. 112 Quadro 21: Motoristas: categoria benefícios do uso da bicicleta. 113 Quadro 22: Ciclistas: categoria riscos do uso da bicicleta. 115 Quadro 23: Motoristas: categoria riscos do uso da bicicleta. 115 Quadro 24: Ciclistas: categoria como melhorar a circulação das bicicletas. 117 Quadro 25: Motoristas: categoria como melhorar a circulação das bicicletas. 118 Quadro 26: Ciclistas: Opinião sobre os fatores que desmotivam o uso das bicicletas. 120 Quadro 27: Motoristas: Opinião sobre os fatores que desmotivam o uso das bicicletas. 121 Quadro 28: Ciclistas: Opinião sobre os itens de segurança indispensáveis. 122 Quadro 29: Motoristas: Opinião sobre os itens de segurança indispensáveis. 123 LISTA DE SIGLAS CET-SP Companhia de Engenharia e Tráfego CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente CPTM Companhia de Trânsito de Trem Metropolitano CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPTM Companhia de Trânsito de Trem Metropolitano IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRAM Instituto Brasília Ambiental IDS Indicadores do Desenvolvimento Sustentável IEMA Instituto de Energia e Meio Ambiente INEA Instituto Estadual do Ambiente MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas ONUBR Organização das Nações Unidas no Brasil OMS Organização Mundial da Saúde PCN Parâmetros Curriculares Nacionais PNMA Política Nacional do Meio Ambiente PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente UE União Europeia SUMÁRIO INTRODUÇÃO 01 Problema de Pesquisa 13 Hipóteses 13 Objetivo geral 14 Objetivos específicos 14 Metodologia 15 1 BICICLETAS 20 1.1 Um breve histórico sobre a evolução das bicicletas 20 1.2 As bicicletas no Brasil 30 2 QUALIDADE DO AR E SAÚDE 53 3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 60 3.1 Educação Ambiental e Educação para o Trânsito 60 4 ESTUDO DE CASO na cidade de Atibaia 70 4.1 Caracterização da cidade 70 4.2 Caracterização da escola 71 4.3 Observando a ciclovia de Atibaia 72 4.4 A pesquisa com as professoras, ciclistas e motoristas 85 4.5 Análise das Respostas 87 4.5.1 Professores 87 4.5.2 Ciclistas e Motoristas 106 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES 125 6 REFERÊNCIAS 128 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES 138 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CICLISTAS E MOTORISTAS 141 INTRODUÇÃO A mudança dos padrões de deslocamento dos habitantes através do uso de meios de transporte não motorizados é crucial para a construção de centros urbanos com padrão de qualidade de vida mais elevados. A bicicleta pode ser um importante elemento de reconfiguração do espaço urbano, além de ser um vetor de melhoria ambiental. Instituto de Energia e Meio Ambiente O que motivou a escolha do tema foi, inicialmente, sua intima relação com a minha área de formação: a Educação Física. Por esse motivo, é notório que o uso da bicicleta caracteriza uma prática de atividade física, que pode propiciar inúmeros benefícios para os seres humanos e para o meio ambiente urbano. Trata-se de um tema de relevância que está sendo amplamente discutido em vários países, e pelas mais diferentes áreas. A perspectiva é sempre buscar soluções e alternativas para diferentes formas de mobilidade urbana para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e para minimizar a poluição atmosférica dos centros urbanos provocada por veículos automotores. Com efeito, os níveis de poluição atmosférica gerados por veículos com motores a combustão nos grandes centros urbanos têm-se apresentado crítico em diversas partes do mundo, pelo que representa uma ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. De acordo com Reis et al. (2005 p.38), “os combustíveis derivados do petróleo são os maiores responsáveis por poluentes aéreos tóxicos nas grandes cidades e por 95% da contaminação aérea por chumbo”. E continua o autor citado dizendo que esses poluentes são, em parte, responsáveis pelo efeito estufa e emissão de monóxido de carbono (CO) que, em grandes concentrações, podem produzir problemas respiratórios, principalmente em idosos e crianças Segundo Assunção e Malheiros (2005 p.62) na Região Metropolitana de São Paulo, os veículos contribuem com cerca de 98% da emissão de monóxido de carbono (CO), 97% dos hidrocarbonetos (HC) e 96% dos óxidos 1 de nitrogênio (NOx); são ainda os principais responsáveis pela emissão de dióxido de enxofre ( ) e material particulado inalável. Dados recentes da CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo apontam que 90% da poluição atmosférica é oriunda da queima de combustíveis fosseis dos veículos automotores em circulação (CETESB, 2012). Saldiva et al. (1995), realizando estudos na Região Metropolitana de São Paulo, no período de maio de 1990 a abril de 1991, demonstraram associações estatisticamente significativas entre mortalidade diária de idosos e poluição por partículas inaláveis, tendo observado que nos meses de verão essa associação foi superior. Fica evidente, pois, que os veículos automotores são, atualmente, a principal fonte móvel de emissão de poluentes nas grandes metrópoles brasileiras. O Estado de São Paulo possui hoje uma frota circulante de quase 13 milhões de veículos, sendo estes os grandes responsáveis pela poluição atmosférica, seguidos pelos processos industriais e pela queima de resíduos (CETESB, 2013). A isso acrescentam-se os dados do IBGE (2008) demonstrando que a metrópole paulistana possui uma frota de 7 milhões de veículos automotores em circulação e uma população de 11 milhões de habitantes concentrada em uma área de 1.523 quilômetros quadrados. É oportuno ainda destacar os problemas relacionados com a mobilidade, em consequência dos congestionamentos e circulação de carros no espaço urbano da cidade de São Paulo que afetam também a vida do cidadão e têm causado um grande número de acidentes. Em 2011, no município de São Paulo, ocorreram mais de 20 mil acidentes de trânsito com 1.365 óbitos, sendo que 617 vítimas fatais foram devidas a casos de atropelamento (CET, 2011). Nesse sentido, Silveira (2010), em suas pesquisas sobre mobilidade sustentável na cidade de Recife, identifica vários fatores que podem induzir 2 ao uso das bicicletas em vários países, inclusive no Brasil. A referida autora constatou os benefícios do uso desse veículo para o meio ambiente, para os ciclistas e para a administração pública. O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) – uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) tem como objetivo apoiar a elaboração e a implementação de políticas relativas ao meio ambiente, por meio da produção e disponibilização de informações para a população dentro de sua estratégia de atuação. Segundo esse instituto, a bicicleta é um importante e viável meio de transporte para os cidadãos, desde que as cidades apresentem infraestrutura adequada e um plano cicloviário que ofereça conforto e segurança para os seus usuários (BRASIL, 2010). O Ministério das Cidades, em seu Plano de Mobilidade por Bicicletas nas Cidades Brasileiras (2007), incentiva o uso das bicicletas nos deslocamentos urbanos, considerando que elas contribuem para a mobilidade ambientalmente sustentável, pelo fato de não provocar a poluição no meio ambiente urbano. Quando se trata de incluir as bicicletas nos sistemas viários das cidades, usualmente surgem problemas interpessoais, conflitos na ocupação dos espaços e dificuldades estruturais. No entanto, é possível promover mudanças para a distribuição equitativa dos espaços de circulação, promoção de programas de educação formal e não formal para o trânsito e a implantação de políticas públicas. Para tanto, será necessário disseminar saberes para o entendimento desse importante tema, no sentido de combater a poluição e minimizar os casos de acidentes no trânsito. Entre esses saberes, é importante levar em conta as recomendações da Agenda 21, que é o documento oficial da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento, a Rio 92. Trata-se de uma Agenda Global que convoca para a elaboração de agendas locais nos municípios, voltadas para a definição de objetivos e de medidas necessárias à preservação do meio ambiente nas respectivas cidades. Como signatário desse documento, o Brasil propõe o estabelecimento de políticas nacionais do desenvolvimento sustentável em âmbito nacional. 3 Na esteira da Agenda 21, a cidade de São Paulo contempla o tema Desenvolvimento Urbano, discute o espaço urbano e formas de ocupação, focando também as questões relacionadas com o trânsito e transportes (KIEFER, 2011). A Agenda 21 Local do Município de São Paulo analisa a problemática relativa a trânsito e transportes e estabelece objetivos que visam a colaborar na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e do meio ambiente. No tocante à educação para o desenvolvimento sustentável, a Agenda 21 brasileira propicia alguns temas centrais, sendo que um deles diz respeito às Cidades Sustentáveis. O seu capítulo 36 incentiva a formação de educadores e fornece informações para todos sobre a educação ambiental, uma vez que ela é fundamental para a mudança de valores, comportamentos e estilo de vida, visando a conscientização ambiental e o alcance um futuro sustentável (KIEFER, 2011). Com respeito à educação, a Unesco estabeleceu o período de 2005 a 2014 como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que estabelece diretrizes, metas e ações para a educação voltada para esse modelo de desenvolvimento, e integrando princípios, valores e práticas a todos que se dedicam à aprendizagem e educação (UNESCO, 2005). Pela sua abrangência, a abordagem do tema trânsito se apresenta com um caráter interdisciplinar e transdisciplinar , pois pode incorporar seus conteúdos à várias disciplinas escolares. Com esse entendimento, a presente dissertação pretende propor às escolas a inserção dos cursos presencias e virtuais, a exemplo dos que são desenvolvidos pela CET – Companhia de Engenharia e Tráfego da cidade de São Paulo, que são voltados para a educação no trânsito. Numa volta ao passado recente, vê-se ainda, que, desde o século XIX, a bicicleta tem sido utilizada em várias cidades do mundo como um meio de 4 transporte muito eficiente, econômico e saudável. Naturalmente, deve se levar em conta o contexto sociodemográfico daqueles tempos. No Brasil, a frota nacional de bicicletas, segundo a Abraciclo (2012), é de cerca de 70 milhões; aproximadamente uma para cada três brasileiros. Entretanto, apenas 24 milhões de pessoas as utilizam diariamente, o que representa 12% da população. Acredita-se que um dos motivos dessa situação seria a falta de espaços seguros destinados à circulação das bicicletas como as ciclovias ou ciclofaixas. De acordo com o Ministério das Cidades (2007), existiam em 2007, no Brasil, 2.750 quilômetros de ciclovias e pretendia-se que esse número devesse aumentar para 10 mil quilômetros até o ano de 2011. Existem diversas pesquisas e projetos que abordam as questões em torno das vantagens do uso da bicicleta. Conforme a Comissão Europeia (2000), no livro Cidades para Bicicletas, Cidades de Futuro, são elencados alguns dos benefícios do uso das bicicletas para a coletividade. Tais benefícios abrangem a redução das horas perdidas nos congestionamentos, a possibilidade de uma prática de atividade física regular, a emancipação da cidade dos recursos energéticos não renováveis (combustíveis fósseis) e melhoria das condições ambientais por meio da redução da emissão de gases poluidores como o dióxido de carbono e o enxofre na atmosfera. Esse elenco inclui ainda o melhor aproveitamento dos espaços abertos, ampliando o contato do homem com a natureza e um maior convívio social. Cabe também insistir na preocupação com as questões ambientais que, na atualidade, estão norteando as ações humanas na busca do desenvolvimento sustentável. A importância dessa busca está explicita no conceito defendido Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD (1988). Com efeito, esse colegiado defende que o desenvolvimento sustentável é a satisfação das necessidades das atuais gerações sem prejudicar ou por em risco as gerações futuras. E como é do conhecimento do público em geral, a situação do planeta não está promovendo a necessidade de muitos e tão pouco garantindo as necessidades das gerações futuras. 5 Sem dúvida, para essa satisfação ser alcançada, o desenvolvimento sustentável supõe planejamento e, principalmente, a consciência de que alguns recursos naturais são finitos (SILVEIRA, 2010). O conceito de sustentabilidade, especificamente no tocante ao transporte, é contemplar as necessidades de deslocamento humano, considerando que esse modo de se deslocar provoca impacto no meio ambiente e na qualidade de vida dos indivíduos. Em termos de qualidade ambiental atualmente, quase todos grandes centros urbanos são insustentáveis no que diz respeito aos problemas de trânsito: lentidão, congestionamento e emissão de gases poluidores, em grande parte devido ao elevado número de automóveis em circulação, são alguns exemplos desses problemas (PORTAL DA SUSTENTABILIDADE). Como consequência, ao optar pelo uso dos meios de transporte motorizados individuais, as grandes metrópoles sofrem grandes impactos no ambiente e na qualidade de vida dos cidadãos, por causa dos frequentes congestionamentos e emissão de poluentes. Nesse cenário, então, a bicicleta surge como uma alternativa sustentável em termos ambientais. Isso significa atender às necessidades das gerações presentes sem comprometer o futuro delas; é uma solução à saúde dos atuais usuários, e que não fazem uso de nenhum recurso energético não renovável. Por um lado, existem diversas maneiras de, nas grandes cidades, minimizar os problemas da emissão de poluentes na atmosfera; uma delas é estimular na população o uso racional do automóvel; a outra, é investir no transporte coletivo. Por outro lado, fomentar o uso de transportes alternativos, como, por exemplo, a bicicleta que é também uma importante medida de caráter ambiental (SILVEIRA, 2010). Delabrida (2004) cita que a bicicleta é o mais eficiente veículo de propulsão humana já criado pelo homem, pois é um meio de locomoção não poluidor, econômico, com baixo custo de manutenção, facilmente integrável a outros meios de locomoção, acessível a todos, independentemente da classe social, gênero ou idade. 6 Se o uso da bicicleta é uma louvável iniciativa, não é preciso que ela se transforme em mecanismo de desgraça. Nesse sentido, a sua adoção deve ocorrer no âmbito da mobilidade urbana para as cidades que apresentem condições para isso; e não apenas para o lazer e recreação aos finais de semana. Pezzuto e Sanches (2011), apontam os fatores positivos e negativos que, de modo geral, mais influenciam a adoção das bicicletas como principal meio de transporte, são o conforto, a segurança, o conflito com os veículos motorizados e a vulnerabilidade aos acidentes. Ainda de acordo com as referidas autoras, no Brasil e em outros países, os automóveis são símbolos de status. No contexto desse modo de pensar, as bicicletas não são consideradas como opção de mobilidade urbana; são usadas exclusivamente para recreação. Portanto, deve-se incentivar o seu uso, valorizando esse veículo também como uma alternativa para um transporte mais ágil nas grandes cidades e mais saudável, obviamente levando-se em consideração as condições de segurança que a cidade oferece ao ciclista. Esse item é muito importante, uma vez que a falta de segurança é um fator preponderante na não adoção das bicicletas como principal meio de transporte no Brasil. Segundo o site do Departamento Nacional de Trânsito do Governo Federal, ocorreram, no ano de 2012, um total de 403.278 acidentes de trânsito com vítimas. O número de vítimas fatais foi de 20.604, sendo que 2.468, ou 12%, eram ciclistas; já o total de vítimas não fatais foi de 501.829 e, desse número, 79.482, ou 16%, eram ciclistas (Figura 1). 7 Figura 1 – Foto de acidente envolvendo um carro e uma bicicleta na cidade de São Paulo (2012). Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1071029-acidente-deixa-um-ciclista-morto- na-zona-oeste-de-sp.shtml Esse elevado número de acidentes envolvendo ciclistas ocorre entre outras causas, pela falta de faixas seguras especialmente a eles destinados. Essa realidade faz com que os usuários das bicicletas também tenham que “lutar” por um espaço entre os carros, motos, ônibus, caminhões e todos os tipos de veículos motorizados, que crescem em progressão geométrica, tornando os deslocamentos diários, mesmo os mais simples, verdadeiras epopeias. Pezzuto e Sanches (2002) ressaltam que usar as bicicletas como principal meio de locomoção gera benefícios pessoais, sociais e econômicos, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos, e a harmonia da cidade. Entretanto, para que isso aconteça efetivamente, são necessárias políticas públicas que incentivem e favoreçam o uso desse meio de transporte, alterando alguns aspectos da atual realidade. Os mais significativos dizem respeito à segurança, e às ações de educação para o trânsito e à educação ambiental a começar já nos bancos escolares. 8 Pessoa (1997) esclarece que a questão da segurança dos ciclistas deve envolver soluções para enfrentar a sua latente fragilidade e vulnerabilidade, causadas pelo sistema viário urbano. Estudos realizados por Assunção et al. (2005), na cidade de Pelotas (RS), mostraram que existem nessa cidade aproximadamente, 18 mil trabalhadores que utilizam a bicicleta como meio de transporte em seus deslocamentos para o trabalho. Também mostraram que ainda é muito grande a ocorrência de acidentes entre esses usuários, principalmente devido ao não uso de equipamentos de segurança, tais como o retrovisor e a buzina. Bacchieri (2004) afirma que, mesmo com a grande utilização das bicicletas como meio transporte na referida cidade de Pelotas, o seu sistema cicloviário não oferece uma infraestrutura adequada e segura; esse fato torna as ocorrências de trânsito, envolvendo ciclistas mais frequentes e com maior gravidade (Figura 2). Figura 2 – Foto de uma Ciclovia obstruída por veículo na cidade de Pelotas – RS (2005). Fonte:http://www.diariopopular.com.br/index.php?n_sistema=3056&id_noticia 9 Uma vez solucionados os problemas de segurança, pode-se afirmar que, como diz o Instituto de Energia e Meio Ambiente, a mudança dos padrões de deslocamento da população para veículos não motorizados é de suma importância para a elevação dos níveis de qualidade de vida nos centros urbanos. A bicicleta pode ser o agente de reconfiguração do espaço urbano, além de promover a qualidade do meio ambiente e a qualidade de vida (BRASIL, 2010). Para Nahas (2006), qualidade de vida é a sensação de um tipo de bem-estar individual que se manifesta em função de parâmetros socioculturais e ambientais determinados pelas condições em que o indivíduo vive. Pode-se ver então, que esse entendimento de qualidade de vida envolve diferentes variáveis, inclusive a atividade física. No tocante a essa variável ela está intimamente relacionada com a saúde, com o combate ao estresse, com o conforto e segurança durante a sua execução. Portanto, os benefícios psicológicos e fisiológicos da prática de uma atividade física regular contribuem para o equilíbrio físico e mental dos indivíduos, com repercussão no equilíbrio de toda a sociedade. Como citado no início dessa introdução, trata-se de uma questão importante a ser considerada no que diz respeito ao uso da bicicleta, em função do benefício na qualidade de vida, dado o elevado grau de atividade física proporcionado pelo seu uso regular. As circunstâncias e o ritmo da vida moderna propiciam o estresse, a má nutrição e a ausência da prática de uma atividade física regular; sem dúvida aumentam os índices de doenças cardiovasculares e cerebrais. Silva (2008) advoga que a atividade física reduz os efeitos do estresse descarregando essa energia e voltando a mente para algo que o ajude a relaxar. Assim, a saúde depende de diversos fatores, podendo-se com certeza, incluir a prática regular de atividades físicas. 10 Ascobike (2009) assegura que pedalar é uma atividade física que melhora a função cardiovascular e a circulação, aumenta o tônus muscular. É uma prática com baixo impacto nas articulações, o que diminui muito o risco de lesões. Reduz também a chance de obesidade, doenças coronárias, diabetes, ansiedade e depressão. Entre esses atributos, pode-se ainda acrescentar que também gera benefícios sociais, potencializando o contato “real” entre as pessoas, melhorando a integração, interação e socialização entre elas, aspectos esses, cada vez mais raros na atualidade. É evidente que os benefícios pelo uso da bicicleta depende do grau de conscientização dos cidadãos. Entretanto, além da conscientização, é necessário que os governantes apresentem políticas concretas que estimulem seu uso, pois, como se sabe, as cidades não foram planejadas e nem cresceram levando em conta a existência das bicicletas. Para Proença e Raia Jr. (2005), a adoção das bicicletas passa pelo estabelecimento de políticas públicas voltadas para seu uso com segurança. Infelizmente, não é o que acontece em São Paulo, como se pode ler e achar estranho o que foi publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo do dia 11 de julho de 2012. O autor da matéria não aconselha o uso das bicicletas como forma de mobilidade dentro da cidade; apresenta como argumento o gasto anual de R$ 3,2 milhões com a internação das vítimas de acidentes envolvendo bicicletas. Inúmeras cidades do Brasil passam por um período de crise de mobilidade urbana, surgindo, assim, programas de incentivo para que as pessoas usem bicicletas nos finais de semana. Essa crise pode ser o momento oportuno para que a população exija das autoridades municipais, políticas viárias mais seguras para viabilizar o use de bicicletas como meio de transporte normal a fim de minimizar os problemas de trânsito nas grandes cidades. Tal adoção irá promover a prática de uma atividade física regular que pode gerar benefícios futuros na qualidade de vida dos indivíduos e no meio ambiente. 11 A presente dissertação é dividida em cinco partes, compreendendo, ainda, a introdução, o problema de pesquisa, as hipóteses, os objetivos e a metodologia. A primeira parte apresenta um breve histórico da evolução das bicicletas no mundo e no Brasil e exemplos de ciclovias no Estado de São Paulo. A segunda parte abordou a qualidade do ar e a saúde relatando os efeitos dos poluentes na saúde pública. Já a terceira parte, focaliza a importância da Educação Ambiental e a Educação no Trânsito, destacando a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n° 9.795/99), a nova Resolução do MEC que oficializa a inserção da dimensão ambiental na grade curricular de todos os cursos a nível nacional e também a Agenda 21. A quarta parte relata o desenvolvimento e os resultados da pesquisa que foi desenvolvida no município de Atibaia, junto a professoras de uma escola particular, ciclistas, motoristas e funcionários da prefeitura da cidade. Nas considerações finais, são apresentados resumidamente os principais resultados obtidos, com base na realidade pesquisada. E por fim, a quinta parte contempla as referências utilizadas nessa dissertação. 12 Problema de Pesquisa Ao observar a tendência de uso das bicicletas como meio de locomoção, no dia a dia de moradores da cidade de Atibaia, a pesquisa focaliza os seus impactos positivos e negativos para os usuários. Em decorrência dessa questão, procurou-se refletir sobre o papel da educação ambiental no desenvolvimento de campanhas de conscientização da população quanto à segurança de ciclistas e pedestres dessa cidade. Assim, pretende-se obter respostas para os seguintes questionamentos: O desenvolvimento de programas de educação ambiental nas escolas poderá contribuir com conhecimentos que levem os alunos à práticas de solidariedade no trânsito e respeito ao meio ambiente? Existem ações da prefeitura de Atibaia, em forma de projeto, visando um trânsito mais seguro e ambientalmente sustentável? Hipóteses O uso da bicicleta pode melhorar a qualidade de vida das pessoas em cidades que detêm estruturas de segurança onde o ar tem padrões de qualidade dentro dos níveis desejados, sendo uma alternativa de mobilidade ambientalmente sustentável, contribuindo para manter essa qualidade ou para reduzir a poluição atmosférica. A educação ambiental (formal e não formal) poderá contribuir para estimular a participação da comunidade de ciclistas e pedestres no desenvolvimento de relações solidárias, voltadas para a melhoria dos problemas do transporte coletivo no trânsito da cidade de Atibaia. Com base nas hipóteses e pressupostos estabelecidos, pretende-se atingir os seguintes objetivos: 13 Objetivo geral Elaborar um diagnóstico da utilização de bicicletas na cidade de Atibaia (SP) e, como consequência, refletir sobre o papel da Educação Ambiental na conscientização dos cidadãos com ênfase no trânsito seguro e sustentável em termos ambientais. Objetivos específicos Identificar e analisar o sistema que atualmente é utilizado como uma ciclovia não oficial da cidade, e a infraestrutura de segurança relacionada com o trânsito de bicicletas na cidade de Atibaia. Conhecer a percepção de professores, ciclistas e motoristas em relação aos benefícios e riscos do uso da bicicleta para a qualidade de vida dos indivíduos e para o meio ambiente, bem como os malefícios pelos riscos para a integridade física do ciclista. Propiciar conhecimentos teóricos sobre a origem da bicicleta e a sua evolução ao longo da história, visando a colaborar com o processo educativo em relação à prática ciclística. Investigar a existência de programas, projetos ou campanhas de Educação Ambiental e de Educação para o Trânsito na prefeitura e na comunidade escolar a ser estudada com ênfase nas atividades lúdicas (teatro, música, canto, entre outros). 14 Metodologia O presente trabalho teve início com uma revisão bibliográfica acerca dos temas abordados. Em seguida, optou-se por fazer uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, com um estudo de caso na cidade de Atibaia, no Estado de São Paulo. A opção pela pesquisa qualitativa de caráter exploratório se deve ao fato de proporcionar maior familiaridade com o problema estudado para desse modo torná-lo explícito ou possibilitar a construção de hipóteses. Ela utiliza não só o levantamento bibliográfico como também as entrevistas com pessoas que tiveram experiências com o problema pesquisado. Assume, muitas vezes, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso (GIL, 1991). Esse tipo de pesquisa é recomendada quando não há muitos estudos e conhecimentos sobre o problema a ser investigado. De acordo com Minayo (1994) a abordagem qualitativa trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo nas relações, dos processos e dos fenômenos. Segundo Severino (2007), a pesquisa exploratória objetiva levantar informações acerca de um determinado objeto, delimitando, assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse objeto. Para Ventura (2007), o estudo de caso por sua vez objetiva investigar um caso específico, delimitado e contextualizado em tempo e lugar, possibilitando uma busca circunstanciada de informações. Além disso, André e Ludke (1986) acrescentam que as características desse método permitem compreender melhor a manifestação geral de um problema; isso porque as ações e percepções das pessoas devem ser relacionadas com uma situação específica onde elas ocorrem. 15 Para Yin (2010), o estudo de caso é indicado para a análise de eventos contemporâneos, sendo possível uma investigação de caráter exploratório, proporcionando uma análise profunda do fenômeno. De acordo com André (2005), o conhecimento oriundo de um estudo de caso é diferente, pois é mais contextualizado e concreto, voltado para a interpretação do leitor e pautado em seus conhecimentos. Cita ainda a autora que o estudo de caso é constituído de três etapas: exploratória, coleta de dados e interpretação dos dados e elaboração do relatório. Participaram dessa pesquisa cinco professoras de uma escola particular da cidade da Atibaia, e também cinco ciclistas e cinco motoristas. De igual modo foram utilizados os documentos disponibilizados pela prefeitura do município sobre o projeto da nova ciclovia. Os dados sobre a percepção de professores, ciclistas e motoristas acerca da educação ambiental e dos riscos inerentes ao trânsito e dos benefícios do uso das bicicletas para a qualidade de vida e para o meio ambiente foram coletados mediante um questionário semiestruturado (Apêndice A e B); por meio de observação sistemática também foi investigada a faixa que atualmente é utilizada como ciclovia na cidade. Foram esclarecidos aos participantes da pesquisa os objetivos da pesquisa e as informações acerca de como proceder para responder as questões. Em seguida foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido para que esses participantes autorizassem o uso dos dados obtidos para os fins da pesquisa, respeitando o anonimato dos indivíduos que participaram da pesquisa. A aplicação do questionário foi feita seguindo as instruções preestabelecidas. Foi realizado, inicialmente, um estudo piloto para adequar melhor as questões para às entrevistas e aos questionários. De acordo com Fernandes (2004), o sucesso de uma pesquisa, acerca da percepção ambiental, está intimamente relacionado com a qualidade do questionário adotado. 16 Segundo Gil (2007), a elaboração do questionário pressupõe a tradução dos objetivos da pesquisa em questões específicas. Um questionário é um instrumento de coleta de dados e informações, baseando-se na inquisição de um grupo significante da população para o estudo (ATENA, 2009). Advogam Lakatos e Marconi (2007) que o questionário é um instrumento de coleta de dados que atinge um número significativo de pessoas, utilizando pouco tempo e pessoal, obtendo respostas mais precisas, dada a não interferência do pesquisador e do anonimato. Complementam os referidos autores que as possíveis desvantagens desse instrumento são a baixa devolução e o alto número de questões em branco ou mal compreendidas. Quatro das nove perguntas do questionário para ciclistas e motoristas foram de múltipla escolha e as cinco restantes eram questões abertas. Já no questionário das professoras, cinco das dez perguntas eram de múltipla escolha e cinco questões abertas. Algumas das perguntas eram comuns a ambos os grupos. Após a aplicação e devolução dos questionários por parte dos sujeitos da pesquisa, iniciou-se a primeira leitura fluente, a tabulação e análise das respostas, as quais serviram para a classificação em categorias e subcategorias. Para Minayo (1994), a análise dos dados conduz à teorização, confrontando a abordagem teórica anterior e o que a abordagem de campo aportar de singular. O método escolhido para essa pesquisa foi a análise de conteúdo que segundo Gil (2007), é composto por três etapas: 1) Pré-análise: escolha dos documentos, formulação de hipóteses e preparação do material para análise. 2) Exploração do material: escolha das unidades, enumeração e classificação das respostas obtidas. 17 3) Tratamento dos resultados: tratamento, inferência e interpretação dos dados. De acordo com Bardin (2004), tratar o material é codificá-lo, transformar o recorte para atingir a representação do conteúdo. Esse conteúdo significativo é chamado de unidade de registro, no qual o tema ou a palavra são utilizados para a elaboração de categorias. A unidade de registro é o menor recorte de ordem semântica que se obtêm do texto. Ela pode ser uma palavra-chave, um tema ou um objeto. Complementa a autora que categorizar é o processo de transformação sistemática de dados brutos, agregados em unidades que possibilitem uma exata descrição das características relevantes ao conteúdo. O que permite esse agrupamento é a parte comum presente entre eles (unidade de registro). A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Atibaia no Estado de São Paulo, em dois locais: na Avenida Gerônimo de Camargo para a observação sistemática da via que é utilizada como ciclovia e em uma escola particular do município de Atibaia (Figura 3). Essa via que atualmente é utilizada como ciclovia na cidade de Atibaia tem aproximadamente 9 km de extensão, iniciando-se na saída 72 da rodovia Fernão Dias e passando por diversos bairros da cidade. A cidade de Atibaia foi selecionada devido ao problema de falta de segurança no trânsito no espaço onde circulam os ciclistas com as bicicletas na cidade, e também pela existência de um projeto de construção de ciclovias oficiais e ainda de um projeto de educação para o trânsito em escolas municipais. 18 Figura 3 – Mapa com a Avenida Gerônimo de Camargo na cidade de Atibaia. Fonte: maps.google.com A observação é um instrumento de coleta de dados, onde não basta apenas ver ou ouvir, é preciso também examinar os fatos ou fenômenos que se desejam estudar. É um dos elementos da investigação científica, utilizado na pesquisa de campo como abordagem qualitativa (BUY, 2013). Ainda segundo essa mesma autora, a observação ajuda o pesquisador a obter provas a respeito de aspectos e objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que norteiam o seu comportamento. Aferem Lakatos e Marconi (1999) que a observação é considerada sistemática quando o pesquisador sabe o que procura, é objetivo e elimina a sua influência sobre aquilo que vê e registra. 19 1 BICICLETAS 1.1 Um breve histórico sobre a origem e a evolução das bicicletas São diversas as hipóteses acerca de quando e por quem a bicicleta foi criada. Dentre elas, pode-se citar a hipótese de que foi criada em 1791 pelo conde francês J.H. De Civrac e batizada de Celerífero (BUSTOS, 2006) As bicicletas existem há mais de 500 anos. De acordo com Pequini (2000), o primeiro projeto conhecido é atribuído a Leonardo da Vinci e data do ano de 1490 (Figura 4). Figura 4 – Projeto de bicicleta de Leonardo da Vinci (1490). Fonte:http://bikeemocao.blogspot.com.br/2012/07/a-historia-da-bicicleta.html Alguns desenhos feitos por ele foram descobertos no ano de 1966 por monges italianos, durante um trabalho de restauro dos manuscritos de da Vinci. Esse projeto de da Vinci continha os elementos básicos de uma bicicleta, que são as duas rodas, sistemas de propulsão e direção e um banco (RAU, 2012). O objetivo do presente capítulo é relatar um breve histórico sobre a origem e a evolução das bicicletas. Por ser breve, cumpre ressaltar que irá iniciar no século XIX por ser esse um período no qual as mudanças com 20 relação à segurança das bicicletas foram mais relevantes e significativas, graças ao surgimento de novas técnicas e às necessidades sociais que emergiram nessa ocasião. Século XIX A maioria dos pesquisadores considera a Draisiana (Figura 5), como o modelo mais antigo da bicicleta moderna. Foi criada e patenteada pelo alemão barão Karl Friedrich Drais Von Saverbronn em 1817. Era feita de madeira e possuía um simples sistema de freios e regulagem para o selim; não tinha pedais e a locomoção era feita por meio de impulsos dados pelos pés no chão. Ela foi concebida para percorrer rapidamente pequenas distâncias (SILVA, 2008). Figura 5 – Foto da bicicleta Draisiana do barão Karl Friedrich Drais Von Saverbronn (1817). Fonte: http://webventureuol.uol.com.br/comunidade/blog/home/id/7/idPost/6596/t Sua utilização era simples. O indivíduo sentava-se no selim, apoiava os pés no chão e andava ou corria até conseguir equilibrar-se, levantando os pés e aproveitando o embalo. 21 No ano de 1838, um ferreiro escocês chamado Kikpatrick McMillan conseguiu fazer algo que o barão Karl Friedrich não fez, ou seja, conectou duas manivelas na parte dianteira ligadas à roda traseira, criando, assim, o modelo de bicicleta com tração traseira que é utilizada nos dias atuais (SILVA, 2008). (Figura 6) Figura 6 – Foto da bicicleta Draisiana de McMillan (1855). Fonte: http://www.revistafullspeed.com/historia_de_la_bicic.html Esse modelo, assim como a Draisiana, também não tinha pedais, o que dificultava o seu controle e a propulsão. O primeiro pedal surgiu no ano de 1855, criado por um francês de nome Ernest Michaux. Esse pedal era ligado à roda dianteira de um veículo que possuía também duas rodas traseiras, chamado velocípede (MACEDO, 2011). Já em 1861, Pierre Michaux e seu filho Ernest - que anos antes havia criado os pedais - receberam uma Draisiana para consertar e, ao notarem a dificuldade que o uso das manivelas gerava, trocaram-nas por pedais acoplados à roda dianteira (PAPADOPOULOS; WILSON, 2004, apud NERY, 2013). (Figura 7) Segundo Pequini (2005), esse foi um passo importantíssimo para chegarmos ao atual modelo de bicicletas. 22 Figura 7 – Foto da bicicleta Draisiana de Michaux (1861). Fonte:http://antonio-historiaviva.blogspot.com.br/2012/01/historia-quem- inventou-bicicleta.html Outro francês, o relojoeiro Guilmet, no ano de 1869, separou a direção da propulsão. Ele criou a tração traseira, usando correntes, e posicionou o selim entre as duas rodas para que, podendo apoiar os pés nos pedais, os usuários tivessem maior segurança (BELOTTO, 2009). (Figura 8) 23 Figura 8 – Foto da bicicleta Draisiana de Guilmet (1869). Fonte: Rauck (apud PEQUINI, 2000) Nessa época, as bicicletas que eram chamadas de ordinaires, tinham as rodas dianteiras cada vez maiores, permitindo ao usuário atingir uma boa velocidade com um relativo conforto. Mas, em contra partida, as quedas se tornaram cada vez mais frequentes e graves. Por isso, o tamanho máximo que a roda dianteira poderia atingir era exatamente o tamanho da pessoa que iria conduzi-la (Figura 9). Figura 9 – Ordinaire com roda dianteira maior que a roda traseira. Fonte: http://www.cyclorama.net/viewArticle.php?id=162 24 As rodas altas eram consideradas um símbolo de status, pois quem as guiava ficava acima dos outros numa postura de superioridade. Essa característica da roda dianteira proporcionou alguns anos mais tarde (em 1890) a criação da bicicleta de segurança, considerada a “prévia” da bicicleta moderna. Essas bicicletas também modificaram outro aspecto social, possibilitando às mulheres conduzirem veículos de maneira autônoma, algo que não era permitido com os cavalos e carroças (KYLE, 2004, apud PEQUINI, 2000). Foi ainda nessa época que, pelo aumento da velocidade e do número de acidentes envolvendo as bicicletas, foi criado um sistema de frenagem que funcionava quando o indivíduo acionava uma alavanca pressionando um pedaço de metal contra a roda, gerando atrito entre elas e desacelerando o movimento. Porém o problema era o grande desgaste causado ao pneu e a sua ineficiência em pisos molhados ou escorregadios (PATTERSON, 2004, apud PEQUINI, 2000). No final do século XIX, mais precisamente no ano de 1885, foi criada por James K. Starley a bicicleta “Rover III”, considerada a primeira bicicleta moderna (Figura 10). Ela foi substituída em 1887 pelo modelo Psycho que era um upgrade da “Rover III”. Nela, o selim ficava entre as duas rodas (que já eram bem menores que as das ordinaires), sendo considerada segura para a locomoção (Figura 11). Essa bicicleta ficou conhecida como safety bike ou, em português, bicicleta de segurança. Nessa trajetória, a segurança ganha sempre mais importância, pois as pessoas cada vez mais utilizam suas bicicletas para o lazer e para o trabalho (NIEROP, 1997, apud PEQUINI, 2000). 25 Figura 10 – Foto da bicicleta Rover III (1885). Fonte: http://www.4rodas1volante.com/2009 Figura 11 – Foto da Bicicleta Psycho (1887). Fonte: http://www.flickr.com/photos/16nine Ainda no tocante à segurança e ao conforto, outra invenção de suma importância para a melhoria de ambas surgiu no ano de 1888: o pneu feito com câmaras de ar comprimido, criado por John Boyd Dunlop (Figura 12). 26 Antes disso, os pneus eram feitos de borracha sólida ou, em alguns casos, até de couro, o que dificultava o controle, a estabilização e a frenagem. Essa criação de Dunlop é tida como o fim do modelo antigo e o início do modelo moderno. Figura 12 – Foto da bicicleta com pneu de ar comprimido (1888). Fonte: http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=14739352 Assim, segundo Cushman (apud PEQUINI, 2000), a bicicleta atingiu seu modelo moderno e definitivo constituído por transmissão via corrente, um quadro no formato de diamante e dotada de pneus infláveis. Século XX Durante a passagem do século XIX para o século XX, as bicicletas alcançam seu primeiro ápice de popularidade, sendo usadas como meio de divulgação de moda na Inglaterra e na França. Isso fez com que, na Europa, as indústrias passassem a trabalhar mais para atender a essa nova demanda. 27 Já nos primeiros anos do século XX, com o crescimento vertiginoso da produção automobilística nos países industrializados como Inglaterra, França e Estados Unidos, as bicicletas se tornaram parte do cotidiano da população em geral, graças ao fácil acesso a elas pela classe trabalhadora, passando a ser consideradas veículos das massas, perdendo todo o seu glamour anterior (COMISSÃO EUROPEIA, 2000). Alguns países socialistas, adotaram as bicicletas por serem econômicas e por atenderem aos requisitos básicos para o transporte dos indivíduos. Segundo Bustos (1989), um bom exemplo é a China onde essa indústria se tornou sólida e consistente. Complementa o autor que, do final do início da Primeira Guerra Mundial até a década de 1960, a indústria de bicicletas europeia exportou um número altíssimo de unidades para países como a Índia, colonizada pela Inglaterra e impregnada por seus costumes e sua cultura. Os países da Ásia conseguem aumentar a sua participação no mercado mundial na década de 1970, representados por Japão, Taiwan e, principalmente, pela China, onde a bicicleta é o meio de transporte mais utilizado. Imbuídos de uma perspectiva ambientalista de proteção e preservação do meio ambiente e “armados” da mais nova criação da indústria norte-americana, as mountain bikes, os adeptos das bicicletas passam a utilizá-las nos parques e reservas florestais para descerem as montanhas fazendo manobras extremamente radicais (Figura 13). 28 Figura 13 – Foto de Mountain bikers em parque nos Estados Unidos. Fonte: http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=14739352 Essas mountain bikes invadiram, inclusive, a Europa, de tal maneira que, no início da década de 1990, um grande fabricante enfrentou enormes dificuldades em satisfazer à demanda excessiva, não conseguindo atender a todos os pedidos recebidos (PEQUINI, 2000). Século XXI Em países como a Holanda e a Dinamarca, grande parte da população utiliza as bicicletas como principal meio de locomoção. Em Amsterdam existem 400 quilômetros de ciclovias e mais de 20 mil quilômetros em todo o país (Figura 14). Isso reflete uma maior adesão, segurança e qualidade de vida para a população, fazendo com que hoje em dia 40% das pessoas usem suas bicicletas para trabalhar diariamente. 29 Figura 14 – Malha cicloviária da cidade de Amsterdam. Fonte: pt.mapatlas.org/Holanda/Amsterdam/20061/mapas 1.2 As bicicletas no Brasil Informações disponíveis acerca da chegada das bicicletas no Brasil são escassos, o que justifica a falta de mais estudos e pesquisas nessa área. De acordo com Bustos (1989), as bicicletas chegaram até nós na última metade do século XIX. Por terem um alto custo, eram adquiridas apenas pelas pessoas que tinham maior poder aquisitivo. Elas eram 30 utilizadas em uma praça de esportes que possuía dois velódromos, construída por dona Veridiana da Silva Prado, na cidade de São Paulo. Com essa diversão, o número de praticantes do ciclismo aumentava e os resultados começam a aparecer no ano de 1896 quando Prado Júnior bateu o recorde sul-americano nos 1.100 metros. Em 1900, sob a sua batuta, um grupo de praticantes aluga o velódromo e fundam o Clube Atlético Paulistano (Figura 15). Mas, mesmo assim, as bicicletas continuavam a ser um objeto acessível a poucas pessoas. Figura 15 – Foto da Inauguração do Clube Atlético Paulistano (1900). Fonte: http://esporte.uol.com.br/olimpiadas/modalidades/ciclismo/historico_br Apenas no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) esse quadro mudou, tornando a bicicleta acessível a todos, aumentando sua popularidade. Isso aconteceu no fim do Estado Novo (1937-1945) quando a abertura política da época de Getúlio Vargas gerou um aumento nas importações e, assim, elas chegavam em maior quantidade, oriundas 31 principalmente do continente europeu (VASCONCELOS, 2000). As bicicletas passaram a ser as responsáveis pela locomoção das classes trabalhadoras, assumindo um papel importante na sociedade brasileira. No ano de 1948, duas grandes fabricantes de bicicletas iniciaram suas atividades no Brasil. Uma delas foi a Monark que, no dia 1o de abril de 1948, iniciou a montagem em território nacional de bicicletas que vinham da Suécia, passando, em seguida, a serem produzidas aqui na década de 1950. A segunda fabricante foi a Caloi que, em 10 de abril de 1948 requereu o registro para a abertura de sua fábrica. Segundo Macedo (2011), a Caloi foi fundada por Luigi Caloi em 1898, operando inicialmente como oficina e empresa de representação. Após a Segunda Guerra Mundial, a empresa também passou a fabricar suas próprias bicicletas em território brasileiro. Mas, apesar desses avanços, a indústria brasileira ainda não conseguia atingir o mesmo nível de qualidade e preço das bicicletas importadas. Esse cenário se modificou em 1953 quando o governo decidiu aumentar a taxação dos bens de produção importados, atingindo com isso o mercado de importação de bicicletas e diminuindo drasticamente o número de unidades importadas. Nessa época, com a queda no preço do combustível os carros passaram a ser mais acessíveis, reduzindo, assim, a procura pelas bicicletas. Na metade da década de 1970, a Caloi atingiu seu maior índice de crescimento, passando, inclusive, a exportar bicicletas para países dos quais antes importava. Um de seus produtos mais famosos foi a Mobilette, um ciclomotor que fez muito sucesso até o final da década de 1980 (MACEDO, 2011). A mountain bike criada pelos norte-americanos em meados dos anos de 1980, foi produzida no Brasil pela Caloi, sendo ela seu grande sucesso de vendas na década seguinte, principalmente para o público infanto-juvenil (SILVA, 2008) (Figura 16). 32 Foi nesse período que a empresa abriu uma filial no Estado da Flórida (EUA), adentrando, inclusive, o segmento do Fitness, lançando sua própria linha de bicicletas para ginástica (CALOI, apud PEQUINI, 2005). Sua concorrente, a Monark, nessa época passou de importadora e montadora para uma empresa fabricante, ampliando e modernizando seus equipamentos e instalações (MONARK, apud PEQUINI, 2005). O governo brasileiro, aproveitando o crescimento da indústria das bicicletas, e com a crise do petróleo no início da década de 1980, sugere à população a adoção das bicicletas como principal meio de transporte. Mas, sem os adequados programas de incentivo, a mudança sugerida não foi efetiva (SILVEIRA, 2010). Passados vinte anos, ocorreram algumas mudanças com relação às políticas públicas envolvendo as bicicletas. Existe uma preocupação dos órgãos responsáveis com relação à conscientização da população, mas ainda faltam aspectos de melhorias na segurança e infraestrutura com relação ao seu uso. Figura 16 – Foto da mountain bike criada em 1980. Fonte: http://www.oldmountainbikes.com/catalogs/mountainbikes/1980/ Como exemplo, pode-se citar a cidade mineira de Governador Valadares que tem uma população de 270 mil habitantes e existe o mesmo 33 número de bicicletas (Figura17). Nessa cidade, a grande maioria da população a utiliza diariamente para os mais variados fins, desde levar os filhos para a escola até fazer compras (PORTAL R7, 2013), Figura 17 – Foto de ciclistas na cidade de Governador Valadares (MG). Fonte:http://www.hojeemdia.com.br/minas/bicicleta-e-uma-opc-o- cultural-em-governador-valadares O motivo de tantas pessoas elegerem a bicicleta como principal meio de locomoção, segundo os próprios moradores, deve-se ao fato de a cidade ser totalmente plana e possuir um espaço adequado e seguro, destinado para a circulação, facilitando o deslocamento e aumentando o nível de segurança dos ciclistas. Pode-se citar também a cidade de São Paulo que possui atualmente 245,31 quilômetros de infraestrutura cicloviária, formada por ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, além de 96 estações onde são disponibilizadas aproximadamente 1.000 bicicletas para empréstimo à população (CET-SP, 2013). As ciclovias são espaços segregados, exclusivos para as bicicletas. Elas são dotadas de uma proteção dos outros veículos a qual pode ser feita com grades, muretas ou outro tipo de isolamento físico (CET-SP, 2013). 34 Já as ciclofaixas não possuem uma separação física fixa em relação aos outros veículos. A separação é feita por meio de faixas pintadas no chão, cones e “olhos de gato” (CICLOFAIXA, 2013). Na atual estrutura da cidade de São Paulo, as ciclorrotas são percursos muito utilizados pelos ciclistas, e possuem sinalização da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) com placas de regulamentação e advertência, pintura no asfalto indicando aos motoristas que a via é uma rota de bicicletas e, portanto, a velocidade deve ser reduzida e a atenção redobrada (CET-SP, 2013). São Paulo tem hoje oito ciclovias; a ciclovia do Rio Pinheiros, com 21,5 quilômetros de extensão que funciona diariamente das 6h00 às 19h30min, possui cinco acessos a ela e oferece aos usuários seis pontos de apoio com banheiros, bebedouros e atendimento ao ciclista. A segurança da ciclovia é feita por agentes da Companhia de Trânsito de Trem Metropolitano (CPTM) que fazem a vigilância também utilizando bicicletas (Figura 18). A ciclovia da Avenida Brás Leme, no bairro de Santana, com 6 quilômetros está situada no canteiro central do logradouro, no trecho entre a rua Marambaia e a avenida Santos Dumont. É muito utilizada por pessoas que precisam realizar pequenos deslocamentos na região. Para melhorar a segurança do ciclista foram criadas travessias especiais nos cruzamentos (Figura 19). A ciclovia da Radial Leste com 12 quilômetros, liga a Estação do Metro Tatuapé à Estação Itaquera. Possui iluminação em toda a sua extensão e, assim, é utilizada também no período noturno. Seus usuários fazem uso conjugado da bicicleta com outro meio de transporte como o trem e o metrô. Prova disso é a lotação diária dos bicicletários nas estações da CPTM presentes ao longo da ciclovia. Esses mesmos espaços ficam lotados o dia todo, esvaziando apenas no fim da tarde, quando os estudantes e trabalhadores descem dos trens e retornam pedalando para casa (Figura 20). A ciclovia da Adutora Rio Claro com 7 quilômetros que se inicia na Praça Silvio Romero no bairro do Tatuapé se estende até a metade da 35 avenida Sapopemba, no Jardim Grimaldi. Ela possui muitas curvas e trechos de subida e descida, o que dificulta a circulação de ciclistas menos experientes (Figura 21). A ciclovia do Parque Linear do Alto Tietê, com 11,41 quilômetros, tem início no Km 12 da Rodovia Ayrton Senna e segue até o Km 23 da mesma rodovia, passando pelo Parque Ecológico do Tietê, pelos centros de treinamento da Associação Portuguesa de Desportos e do Sport Club Corinthians Paulista e pela USP-Leste, facilitando o deslocamento dos moradores da região aos locais supracitados (Figura 22). A ciclovia do Butantã com 0,3 quilômetros, interliga a Estação Butantã do metrô com a Cidade Universitária, passando pela avenida Vital Brasil, rua Engenheiro Bianor, Praça Monte Castelo, rua Gaspar Moreira e avenida Afrânio Peixoto (Figura 23). A ciclovia da Represa do Guarapiranga com 3 quilômetros, situada na avenida Robert Kennedy se oferece como uma excelente opção de deslocamento para os indivíduos que precisam circular pelo entorno da represa (Figura 24). A ciclovia da Faria Lima com 2 quilômetros, localizada no seu canteiro central, permite ao ciclistas percorrer o caminho que vai da avenida Pedroso de Moraes até o Largo da Batata (Figura 25). A cidade de São Paulo possui assim um total de 63,21 quilômetros de ciclovias na cidade (CICLOFAIXA, 2013). 36 Figura 18 – Foto da ciclovia nas margens do Rio Pinheiros na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclovia_Rio_Pinheiros Figura 19 – Foto da ciclovia Brás Leme no bairro de Santana na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/comunicacao 37 Figura 20 – Foto da ciclovia da Radial Leste na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/818560 Figura 21 – Foto da ciclovia Adutora Rio Claro na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1070161 38 Figura 22 – Foto da ciclovia Parque Linear do Alto Tietê na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://silviomarchini.blogspot.com.br/2010/06/ Figura 23 – Foto da ciclovia no bairro do Butantã na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://webventureuol.uol.com.br/h/noticias/nova-ciclovia-liga- butanta-a- usp-na-capital-paulista/30795 39 Figura 24 – Foto da ciclovia que circunda a Represa do Guarapiranga na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://www.cadernosp.com.br/diversao/6082/ Figura 25 – Foto da ciclovia da Faria Lima na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://vadebike.org/2012/09/ciclovia-av-faria-lima-falta-sinalizar/ 40 A ciclofaixa do bairro de Moema em São Paulo tem 3,3 quilômetros de extensão e funciona vinte e quatro horas. Ela é muito utilizada por aqueles que circulam diariamente pelo bairro, percorrendo pequenas distâncias. O grande problema dessa ciclofaixa é ter ocasionado a mudança nas vagas de estacionamento nas ruas, fazendo com que diversos motoristas estacionem na demarcação da ciclofaixa, dificultando o deslocamento das bicicletas e aumentando o risco de acidentes (Figura 26). A cidade também possui 120,8 quilômetros de outras ciclofaixas de lazer que funcionam aos domingos e feriados nacionais das 7 às 16 horas (CICLOFAIXA, 2013). Figura 26 – Foto da ciclofaixa fixa no bairro de Moema em São Paulo (2011). Fonte: http://pedivelabikeclubepp.blogspot.com.br/2011_11_01_ São 58 quilômetros divididos em seis ciclorrotas: Brooklin, Moema, Lapa, Mooca e Vila Mariana. A ciclorrota do bairro do Brooklin, possui 15 quilômetros e está inserida em um bairro com bastante arborização, passando por ruas estritamente residenciais que se conectam com importantes avenidas da região (Figura 27). 41 A ciclorrota do Butantã com 0,5 quilômetro que se inicia na rua Moura Brasil e que é complementada pela ciclovia do Butantã (Figura 28). A ciclorrota de Moema com 6,5 quilômetros que cruza com a ciclovia no mesmo bairro em diversos pontos, interligando-as (Figura 29). É um excelente caminho para quem quer chegar até o Parque do Ibirapuera ou chegar à ciclovia do Rio Pinheiros A ciclorrota da Lapa com 18 quilômetros que interliga os parques Villa- Lobos e Água Branca, passando pelo SESC Pompeia e o estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras. A maior parte de sua extensão está localizada em ruas residenciais e comerciais, facilitando o deslocamento para pequenas compras ou visitar amigos (Figura 30). A ciclorrota da Mooca, com 8 quilômetros, passa por diversas ruas tradicionais do bairro repletas de histórias e personagens. Seu percurso inclui o SESC Belenzinho, local onde muito frequentado pelos moradores da região (Figura 31). A ciclorrota da Vila Mariana com 10 quilômetros, corta a região em diversos sentidos e direções, facilitando o deslocamento por toda a área. O SESC Vila Mariana e a Cinemateca Brasileira são alguns dos locais que podem ser visitados utilizando a ciclorrota (Figura 32) (CICLOFAIXA, 2013). Figura 27 – Foto da ciclorrota do bairro do Brooklin na cidade de São Paulo (2011). Fonte:http://vadebike.org/2011/07/entenda-de-vez-a-ciclorrota-do-brooklin-em-sao- paulo/ 42 Figura 28 – Foto da Ciclorrota do bairro do Butantã na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://www.imagens.usp.br/?attachment_id=11494 Figura 29 – Foto da ciclorrota do bairro de Moema na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://vadebike.org/ciclorrotas/ 43 Figura 30 – Foto da ciclorrota do bairro da Lapa na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://bresil.aujourdhuilemonde.com/sao-paulo-lance-son-velib-bike- sampa Figura 31 – Foto da ciclorrota do bairro da Mooca na cidade de São Paulo (2013). Fonte: http://marcuspessoa.com.br/wp-content/uploads/2013/07/ 44 Figura 32 – Foto da ciclorrota do bairro da Vila Mariana na cidade de São Paulo (2012). Fonte: http://vadebike.org/2012/05/uma-nova-ciclorrota-em-sao-paulo/ Cumpre destacar o papel de empresas, empenhadas em colaborar com a prefeitura de São Paulo. Entre elas pode-se citar com o Banco Itaú e as empresas Serttel/Samba que desenvolveram um projeto de mobilidade sustentável chamado “Bike Sampa”. Projeto que leva em conta principalmente a importância da preservação da qualidade ambiental. As bicicletas podem ser retiradas em estações espalhadas estrategicamente pela cidade para facilitar o deslocamento da população de maneira sustentável e não poluidora. O projeto objetiva também combater o sedentarismo, promover a prática de atitudes saudáveis, reduzir a poluição ambiental oriunda dos veículos motorizados e promover a humanização do ambiente urbano (BIKE SAMPA, 2013). Segundo o jornal METRO, em sua edição do dia 14 de março de 2014, a cidade de São Paulo possui atualmente 132 estações para empréstimo de bicicletas; até o fim do mês de maio serão abertas mais 18 estações, no centro da cidade. A reserva para usar as bicicletas pode ser feita pelo celular, utilizando um aplicativo gratuito disponível para download ou pela internet no 45 site do projeto http://www.mobilicidade.com.br/bikesampa.asp (Figuras 33 - 34). A sua devolução é feita em qualquer estação pois todas estão interligadas via wireless. Figura 33 – Foto do aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade de São Paulo. Fonte: http://www.mobilicidade.com.br/bikesampa.asp Figura 34 – Foto do aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade de São Paulo. Fonte: http://www.mobilicidade.com.br/bikesampa.asp 46 Outra iniciativa de sucesso que merece destaque é a da cidade de Santos (SP), que implementou uma excelente ciclovia e está ampliando constantemente o seu sistema cicloviário. Com a conclusão da ciclovia que está sendo construída na Avenida Ana Costa, a cidade de Santos atingirá a marca de 30 quilômetros de ciclovias (Figura 35). Figura 35 – Mapa do sistema cicloviario da cidade de Santos – SP (2013). Fonte: www.santosturismo.wordpress.com Atualmente, a cidade abriga seis ciclovias: ciclovia da Orla, de 7.874 metros (Figura 36), de Francisco Glicério, 6.250 metros (Figura 37), da Avenida Martins Fontes, com 1.680 metros (Figura 38), de Santa Clara / Túnel / Praça dos Andradas, com 1.600 metros (Figura 39), do Canal 1 / Orla, 47 com 3.000 metros (Figura 40) e da Avenida Mario Covas Junior, com 3.050 metros (Figura 41). Tem também uma ciclofaixa na Avenida Rangel Pestana, com 1.680 metros de extensão (Figura 42) (SANTOS, 2014). Figura 36 – Foto da ciclovia da Orla na cidade de Santos (SP). Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/ciclovia+em+santos+um+meio+de+trans porte+saudavel+e+viavel/n1597001257727.html Figura 37 – Foto da ciclovia de Francisco Glicério na cidade de Santos (SP). Fonte: http://www.informativonossobairro.com/santos/ciclovia-da-francisco- glicerio-ganha-corredor-verde/ 48 Figura 38 – Foto da ciclovia Martins Fontes no centro histórico na cidade de Santos (SP). Fonte: http://joaozinhomenininho.blogspot.com.br/2013/01/ciclovia-brasil-santos-av- martins.html Figura 39 – Foto da ciclovia Santa Clara na cidade de Santos (SP). Fonte: http://www.melhordesantos.com/2010/02/as-ciclovias.html 49 Figura 40 – Foto da ciclovia do Canal 1 no bairro Itararé na cidade de Santos (SP). Fonte: http://www.tudoemsantos.com.br/2011/noticia_det.php?id=102&i Figura 41 – Foto da ciclovia Mario Covas Júnior na cidade de Santos (SP). Fonte: http://www.santos.sp.gov.br/conheca-santos/ciclovias-da-cidade 50 Figura 42 – Foto da ciclofaixa Rangel Pestana no bairro Vila Mathias na cidade de Santos (SP). Fonte: http://joaozinhomenininho.blogspot.com.br/2013/01/ Ainda em Santos, além das vias supracitadas já construídas, existem duas ciclovias em construção. Uma na Avenida Visconde de São Leopoldo com, aproximadamente, 700 metros e outra, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, com 3.260 metros. De acordo com o site da prefeitura de Santos, está em processo de licitação a construção de uma ciclovia na Rua João Pessoa que prevê a construção de 1.600 metros destinados ao tráfego de bicicletas. Em Santos, existe um projeto chamado Bike Santos, onde trezentas bicicletas distribuídas em trinta estações estão disponíveis para empréstimo gratuito, bastando ao usuário estar cadastrado no site do projeto http://www.mobilicidade.com.br/bikesantos.asp. Elas podem ser reservadas também por meio de um aplicativo para celular que disponibiliza, inclusive, informações sobre as estações mais próximas e sobre as ciclovias (Figura 43). As estações funcionam diariamente das 6 às 22 horas para empréstimo e até às 24 horas para devolução (MOBILICIDADE, 2013). 51 Figura 43 – Foto do aplicativo para celular para empréstimo de bicicletas na cidade de Santos (SP). Fonte: http://www.mobilicidade.com.br/bikesantos.asp. 52 2 QUALIDADE DO AR E SAÚDE Embora os sistemas de transporte públicos e a locomoção humana sejam necessários e fundamentais para a sociedade, constituem-se em sistemas complexos que requerem o desenvolvimento de programas de gestão e sustentabilidade bem planejados e integrados, dadas as implicações de saúde que os transportes representam para a população como um todo. É pertinente ressaltar que os impactos do desenvolvimento urbano e industrial e o constante incremento no número de veículos automotores afetam diretamente a qualidade do ar nas grandes metrópoles, devido à alta quantidade de poluentes atmosféricos emanados por essas fontes. Para o Instituto Brasília Ambiental – IBRAM os impactos ambientais causados por esses poluentes atmosféricos têm reflexos na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos e também nos ecossistemas, o que demonstra a importância do monitoramento da qualidade do ar. Segundo Assunção Ribeiro (2002), os efeitos da poluição atmosférica na saúde humana variam, apresentando desde sintomas leves até a internações e mortes. É função do poder público realizar o monitoramento dos níveis de poluentes e adotar as medidas necessárias para a manutenção da qualidade do ar em níveis seguros para a população. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, criada pelo Governo do Estado de São Paulo em 1968, tornou-se responsável, desde a década de 1980, por monitorar e controlar a qualidade ambiental (COUTO, 2003). Em 1981, a CETESB iniciou essa importante tarefa por meio de uma rede automática composta por vinte e três estações que medem, dentre outros, os níveis de partículas inaláveis, , NOx, , HC e Co (SANTOS JR., 2006). Ainda de acordo com o autor, os níveis de poluição atmosférica são definidos pela quantidade de partículas poluentes presentes no ar. 53 É importante pontuar que, pesquisas realizadas em diversos países revelam que não existem níveis totalmente seguros de concentração de poluentes atmosféricos para a saúde dos seres humanos (BRAGA et al., 2002). De acordo com a Resolução CONAMA n° 003/90, é considerado poluente atmosférico, qualquer forma de matéria com quantidade, intensidade, concentração, tempo ou característica acima dos níveis estabelecidos que tornem ou possam tornar o ar impróprio à saúde, danoso à fauna e flora e prejudicial à segurança da comunidade. A alta concentração de poluentes atmosféricos é considerada um dos mais importantes indicadores ambientais para determinar as condições de saúde pública (AUGUSTO et. al., 1998). Para o Ministério do Meio Ambiente – MMA (2010), a poluição atmosférica prejudica não apenas a saúde e a qualidade de vida dos indivíduos, mas também geram mais gastos do governo devido ao aumento no número de internações, atendimentos e uso de medicamentos por parte da população. A poluição atmosférica, para Russo (2001), pode ser oriunda de uma fonte natural, como por exemplo as erupções vulcânicas, ou de uma fonte artificial como a queima do carvão e dos combustíveis fósseis. As fontes artificiais, também chamadas de antropogênicas, podem ser classificadas em fontes fixas e fontes móveis. São exemplos de fontes fixas alguns processos industriais, as termoelétricas que utilizam carvão ou óleo combustível e as incineradoras de resíduos. Já as fontes móveis são os veículos automotores, trens e aviões e aquelas embarcações que usam motor a combustão (MANTOVANI, 2003). Explica ainda o autor que os veículos que utilizam gasolina ou álcool (etanol) são considerados veículos leves e os que fazem uso do óleo diesel são considerados veículos pesados. 54 Os veículos leves são os maiores “produtores” de CO – monóxido de carbono na atmosfera. Essa substância causa irritação nos olhos, na pele e garganta, dor de cabeça, asma, bronquite, câncer do pulmão, entre outros males. Cita Bremner et al. (2004) que o monóxido de carbono está associado à redução da capacidade respiratória além de produzir efeitos negativos no coração. Nessa mesma linha, Azuaga (2000) afirma que esses poluentes causam efeitos adversos à saúde dos indivíduos, ao bem-estar da comunidade e à natureza. O Ministério do Meio Ambiente (2010) acrescenta que as fontes fixas são aquelas que estão em uma área relativamente limitada; e as fontes móveis são aquelas que se dispersam por toda a região. As primeiras possibilitam uma avaliação direta e as segundas inviabilizam a sua avaliação diretamente. Pode-se ver que o controle da emissão de poluentes atmosféricos das fontes fixas é mais fácil e viável, pois as indústrias estão estabelecidas em locais determinados, enquanto que os veículos automotores estão em constante deslocamento por todo o perímetro urbano, ampliando com isso seu “raio de ação”. Assim sendo advoga Azuaga (2000) que as fontes veiculares são difíceis de serem controladas graças à sua grande dispersão, e que os níveis de poluentes variam de acordo com fatores do veículo como a tecnologia, o tipo de combustível e o comportamento do usuário. Com o aumento diário no número de veículos nas grandes metrópoles, as fontes móveis têm um impacto cada vez maior na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos e também na qualidade do ar, uma vez que eleva a quantidade de poluentes emitidos. 55 De acordo com a CETESB (2005), com a expansão da frota veicular, aumentou o nível de poluição atmosférica gerada pelos automóveis, que devido à sua mobilidade é de difícil controle. Fica evidente a influência negativa que o alto número de veículos exerce na qualidade do ar e, consequentemente, na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos moradores dos grandes centros urbanos. Os impactos são ainda maiores para os indivíduos que utilizam as bicicletas como principal meio de transporte, pois, ao ficarem diretamente expostos nas ruas aos poluentes atmosféricos, eles terão maiores chances de contrair diversos problemas de saúde. Esse quadro se reverteria caso as bicicletas fossem adotadas pela população como meio de locomoção, diminuindo assim consideravelmente os níveis de poluição causados pelas fontes móveis contribuindo significativamente para a melhoria da qualidade do ar e a sua manutenção dentro dos padrões estabelecidos. No Brasil, os padrões de qualidade do ar nacionais foram estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – IBAMA e aprovados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA por meio da Resolução n° 003/90 (CETESB, 2012). Esses padrões de qualidade definem legalmente os limites máximos de concentração de poluentes, protegendo a saúde dos indivíduos e o meio ambiente. De acordo com a referida Resolução, os padrões de qualidade do ar são divididos em padrões primário e secundário. O padrão primário está relacionado com as altas concentrações de poluentes, que podem gerar danos à saúde dos indivíduos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. Já o padrão secundário diz respeito às concentrações de poluentes abaixo dos níveis críticos, dos quais são esperados efeitos mínimos sobre a saúde da população e do meio ambiente, constituindo-se em metas de longo prazo (CETESB, 2005). 56 Esse mesmo documento estabelece também os critérios de classificação para os episódios agudos de poluição atmosférica: estado de atenção, alerta e emergência. Cabe frisar que a declaração desses estados necessita, além dos elevados índices de poluição atmosférica, condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes. Dessa forma, é a interação entre os níveis de emissão de poluentes e as condições meteorológicas que irão definir a qualidade do ar (INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE – INEA, 2013). A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, através da CETESB emite anualmente um Relatório Anual de Qualidade do Ar do Estado de São Paulo. É uma ferramenta para o gerenciamento da qualidade do ar que influencia diretamente o estabelecimento de políticas públicas voltadas ao controle da emissão de poluentes atmosféricos. De acordo com esse relatório a Região Metropolitana de São Paulo em 2012 atingiu seu pior índice de poluição atmosférica nos últimos dez anos. Os dados revelam ainda que durante quase 10% dos dias, a qualidade do ar foi considerada má ou inadequada (CETESB, 2012). Segundo os Indicadores do Desenvolvimento Sustentável – IDS do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2008) os maiores responsáveis pela poluição atmosférica nos grandes centros urbanos são os veículos automotores. De acordo com Guanabara (2011) o município de Atibaia – SP, não possui dados sistemáticos referentes aos níveis de concentração de poluentes atmosféricos, embora dados da OMS apresentados no site das Nações Unidas no Brasil – ONUBR referentes à qualidade do ar, mostram que a região de Atibaia apresenta o dobro do limite recomendado de concentração de poluentes atmosféricos (ONU-BR, 2011). A cidade de Atibaia se desenvolveu muito nos últimos anos em diversos setores, fazendo com que a cidade aumentasse consideravelmente 57 seu número de habitantes e o incremento na frota de veículos, o que justificam os dados da OMS. Aliado a isso, de acordo com o Jornal da Cidade de Atibaia (2011), por ser cortada por duas importantes rodovias de tráfego intenso de carros e caminhões e por estar a aproximadamente 60 quilômetros de São Paulo e de Campinas, a qualidade do ar de Atibaia apresenta atualmente altos níveis de poluição atmosférica. Diante desse quadro, é necessário que a cidade de Atibaia (e as demais cidades que sofrem esse problema) repensem sua políticas públicas voltadas à questão ambiental, principalmente no que diz respeito à poluição atmosférica. Só será possível melhorar a qualidade ambiental das áreas urbanas quando forem alterados os paradigmas dos modelos atuais de desenvolvimento econômico que tornam os setores produtivos da sociedade em destruidores do meio ambiente (RUSSO, 2001). Complementa o autor que a realização de intervenções no espaço urbano em prol da melhoria da qualidade do ar, minimizaria os problemas que geram os baixos níveis de qualidade ambiental apresentados nas cidades. Para Nery (2013), usar a bicicleta como meio de transporte principal nas cidades contribui significativamente para a melhora da qualidade do ar e da qualidade de vida dos indivíduos. O impacto ambiental causado pelas bicicletas ocorre apenas em sua fabricação, pois não existe nenhum processo industrial que seja totalmente limpo e não poluente. A União Europeia incorporou o uso das bicicletas como uma das estratégias para reduzir a emissão de gases poluentes causadores do aquecimento global, do efeito estufa e da poluição do ar (COMISSÃO EUROPEIA, 2009). 58 Existe na cidade de Atibaia, um projeto de intervenção no espaço urbano para a construção de uma ciclovia com o objetivo de incentivar a população a adotar as bicicletas como meio de transporte, promovendo com isso a qualidade de vida da população, bem como melhorando a qualidade do ar na cidade. O projeto é fruto da parceria da Secretaria de Esportes e Lazer com a Secretaria de Trânsito e Transportes. A primeira secretaria, constrói em uma via já existente uma faixa para as bicicletas e a segunda, ao construir ou reformar uma rua, as faz construindo no local uma via para as bicicletas. Os efeitos dessa parceria devem contar com a conscientização da população, é primordial para o sucesso de qualquer ação voltada às questões ambientais. Nesse sentido, buscando conscientizar os indivíduos acerca da importância das questões envolvendo o meio ambiente, a cidade de Atibaia pretende iniciar, no ano de 2014, segundo informado por funcionários da prefeitura, um projeto de Educação para o Trânsito chamado Vida em Trânsito. Esse projeto, em parceria com a concessionária viária Rota das Bandeiras, objetiva trabalhar, por meio da Educação para o Trânsito, questões relacionadas à educação, cidadania, mobilidade e meio ambiente. Ele será desenvolvido inicialmente nas escolas municipais, atendendo aos alunos do ensino fundamental I. Frente ao exposto, a escolha da cidade de Atibaia para a realização do estudo de caso se mostra adequada. 59 3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 Educação Ambiental e Educação para o trânsito A discussão das questões ambientais está cada vez mais presente nos vários segmentos da sociedade contemporânea, especificamente em inúmeras instituições e organizações, na educação, no setor industrial e nos meios de comunicação. Essa presença reflete a fase crítica por que passa a humanidade em decorrência da degradação ambiental em âmbito planetário. Muitos documentos oficiais resultantes de movimentos ambientalistas e de várias conferências que ocorreram, procuram encontrar soluções para os problemas ambientais e garantir a preservação da qualidade de vida e do meio ambiente. Entre eles destacam-se a Agenda 21, a Convenção de Mudanças Climáticas, o Relatório de Brundtland, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Política Nacional de Educação Ambiental. A agenda 21, contém 40 capítulos com propostas decisivas para viabilizar uma sociedade sustentável, como saúde, mobilidade, questões das águas, resíduos sólidos, ar e solo, educação, segurança alimentar, florestas, participação e democratização da informação e juventude. Ela sistematiza planos de ações de curto, médio e longo prazos do busca pelo desenvolvimento sustentável no século XXI. Como citado em páginas anteriores essa agenda foi produzida em 1992, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Nela a educação ambiental tem papel relevante, como preconiza o seu capítulo 36 que diz: Tanto o ensino formal como o informal são indispensáveis para modificar a atitude das pessoas, para que estas tenham capacidade de avaliar os problemas do desenvolvimento sustentável e abordá-los. O ensino é também fundamental para conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância com o desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas de decisão. Para ser eficaz, o ensino sobre meio ambiente e 60 desenvolvimento deve abordar a dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico e do sócio- econômico e do desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual), deve integrar-se em todas as disciplinas e empregar métodos formais e informais e meios efetivos de comunicação. (AGENDA 21, 1994, p.36) Cabe lembrar que nesse evento a Educação Ambiental foi considerada como primordial para a promoção do desenvolvimento sustentável e da participação efetiva dos indivíduos na tomada de decisões em relação à proteção ambiental. A Educação Ambiental visa educar os cidadãos para compreender as questões ambientais e o compromisso de todos na busca pelo desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 advoga a participação dos poderes públicos e privados além, é claro, da sociedade civil, tendo como base o conceito da sustentabilidade ambiental. Para torná-la realidade, necessita-se de um planejamento estratégico colaborativo entre o governo e a sociedade que garanta um mundo melhor hoje e amanhã (KOHLER; PHILIPPI, 2005). Uma grande mudança trazida por essa Agenda foi a prioridade dada à proteção dos recursos naturais no tocante ao desenvolvimento econômico. O crescimento econômico que antes desprezava essa visão, cede espaço para se valorizar o meio ambiente, sempre relegado a último plano, nas raras vezes que era considerado nesse processo da economia. Como já citado, o documento possui quarenta capítulos divididos em quatro seções: 1- Dimensões econômicas e sociais: aborda o meio ambiente e a pobreza, destacando a íntima relação entre eles. 61 2- Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento: trata das formas de gestão racional dos recursos naturais e da proteção da atmosfera. 3- Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais: ações para a promoção do desenvolvimento sustentável. 4- Meios para a implantação da Agenda 21: orienta acerca dos recursos e do papel institucional dos indivíduos para viabilizar a implantação efetiva das ações propostas. Todos os países signatários desse documento comprometeram-se em promover o desenvolvimento sustentável e elaborar Agendas Locais, com ações voltadas para o mundial, sendo que o Brasil lançou em 17 de julho de 2002, a Agenda 21 Brasileira. No que diz respeito a elaboração da Agenda do município de São Paulo, Kohler e Philippi Jr. (2005) dizem que a primeira iniciativa do processo de construção da Agenda 21 da Cidade de São Paulo aconteceu em agosto de 1992, quando a então Prefeita designou o Conselho Consultivo de São Paulo ECO92 , constituído pela Portaria n° 296, de 4 de setembro de 1991. Após várias articulações, ações, oficinas e reuniões organizados pelo CADES – Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável envolvendo autoridades, especialistas na área ambiental, representantes da sociedade civil e instituições governamentais, em 1996 publicou-se o documento: Agenda 21 Local. Compromisso do Município de São Paulo e publicado no Diário Oficial em 06/08/1996. O documento abordava quatro grandes temas: desenvolvimento urbano; desenvolvimento social; qualidade ambiental; estrutura econômica e administrativa (BRASIL, 2000). O tema desenvolvimento urbano é composto por três itens que são o uso e ocupação do solo, habitação e trânsito e transportes. No terceiro item é explicitada a importância dos meios de transporte para as condições ambientais de uma cidade. 62 Segundo esse mesmo documento a contaminação do ar é um problema cuja importância é evidente nas grandes cidades e a qualidade do ar é comprometida pela alta emissão de poluentes advindos dos veículos motorizados. Discorre também que a segurança e a saúde dos indivíduos são afetadas pelos congestionamentos e acidentes causados pelas más condições de mobilidade urbana e não obediência às leis do trânsito. Cita ainda essa mesma Agenda 21 Local, que o trânsito na grande maioria das vezes é relacionado apenas com a poluição atmosférica; mas, na verdade, o trânsito relaciona-se também com a diminuição dos níveis de qualidade de vida dos indivíduos, pois é um fator causador de estresse pelos congestionamentos, altos níveis de ruídos produzidos e pela insegurança latente que acometem os cidadãos diariamente (SÃO PAULO, 1996, p.41). Dentre as metas previstas pela Agenda 21 para os transportes, ao menos duas delas abordam a relevância da Educação para o Trânsito no processo de melhoria dos problemas de trânsito e do meio ambiente. A primeira prevê o aprimoramento dos procedimentos e técnicas de fiscalização e de Educação para o Trânsito para motoristas, ciclistas e pedestres. Já a segunda propõe o desenvolvimento nos cidadãos de comportamentos seguros no trânsito, por meio da interação entre motoristas, ciclistas e pedestres, e a prática da cidadania, objetivando a diminuição no número de acidentes e redução do comportamento individual em detrimento do comportamento coletivo. O documento frisa a relevância do desenvolvimento de programas, cursos e ações direcionadas à Educação para o Trânsito como os desenvolvidos pela CET-SP. As ações de educação formal e não formal que a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) desenvolve buscam uma melhoria para os níveis de segurança de todos os atores envolvidos, sejam eles motoristas, ciclistas ou pedestres. São ações que envolvem práticas pedagógicas lúdicas (teatro, jogos, espaço vivencial de trânsito, videogames) com crianças e adolescentes, em conjunto com escolas e associações que atendem ao deficiente físico e metal; o público infantil e os alunos do Ensino 63 Fundamental I e II e Ensino Médio, bem como promove campanhas educativas de conscientização junto aos usuários do sistema viário com relação à segurança. A CET-SP também preocupa-se com a formação de agentes multiplicadores em educação para o trânsito e possui um programa de formação para futuros docentes e educadores em exercício nas diversas escolas e instituições do Município de São Paulo denominado “Fazendo Escola: educando para novos valores no trânsito” (KIEFER, 2011). Programas para diferentes públicos, para adultos, terceira idade, entre outros, também propiciam a promoção da conscientização dos indivíduos quanto à importância da adoção de atitudes seguras e cidadãs no trânsito. De acordo com Brito et al. (2009), apud Kiefer (2011), a construção da cidadania implica a incorporação de novos valores e atitudes, envolvendo direitos e deveres. No trânsito, uma atitude cidadã resulta na democratização das relações e respeito à vida, sendo a escola o local privilegiado para toda ação educativa e formação do futuro cidadão; a parceria com essa instituição é fundamental para a disseminação da proposta educativa do programa. Segundo Kiefer (2011), a Agenda 21 Local de São Paulo prevê a educação ambiental como instrumento para a melhoria da qualidade de vida da cidade, e dentre suas ações como meio promotor da Educação Ambiental estão os programas de Educação para o Trânsito da CET-SP. Assim, a Agenda 21 Local de São Paulo contempla a Educação para o Trânsito e a Educação Ambiental como um instrumento para a melhoria das condições de trânsito, reiterando a importância de não se direcionar recursos e ações apenas para a infraestrutura, mas também para a disseminação de comportamentos e atitudes seguras e solidárias para o benefício de toda a coletividade e do meio ambiente. O conceito de Educação Ambiental começou a ser ampliado a partir da 1a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano que foi realizada em Estocolmo no ano de 1972. A Conferência contou com a presença de representantes de 113 países, ocasião em que se estabeleceu 64 um Programa Internacional de Educação Ambiental, que objetivava educar o cidadão para o controle e manejo do seu ambiente (PHILIPPI JR. e PELICIONI, 2005). As ações educativas passaram a ser consideradas imprescindíveis para a amenização dos problemas ambientais, aumentando o número de discussões e estudos acerca da importância da Educação Ambiental. Em 1975, ocorreu em Belgrado o Seminário Internacional de Educação Ambiental, fruto da parceria entre a UNESCO e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA que contou com a participação de 81 representantes de 54 países, sendo a maioria envolvida com a educação ambiental em seus locais de origem. Nela, foram reforçadas as diretrizes para uma Educação Ambiental entendida como um processo contínuo, multidisciplinar, direcionado aos interesses nacionais, mas considerando as particularidades regionais. Frente a esse novo papel de destaque dado à Educação Ambiental, a Unesco em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), realizaram em 1977 em Tbilisi, capital da Georgia (ex- União Soviética) a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi, sendo que nesse encontro foram formulados os objetivos, definições, princípios e estratégias da Educação Ambiental, que são até hoje adotados em todo o mundo. A Educação Ambiental, segundo Costa (2011), passou a ser então entendida com uma dimensão dada à prática educativa direcionada à resolução dos problemas concretos do meio ambiente; prática educativa com enfoque multidisciplinar e com a participação efetiva e responsável de toda a coletividade. Na década de 1980, as discussões acerca da importância da Educação Ambiental continuavam a ocorrer em todo o mundo, tendo sido instituída pela ONU a Comissão de Brundtland, que publicou em 1987 o relatório “Nosso Futuro Comum”, mais conhecido como “Relatório de Brundtland”. 65 O relatório vincula a solução dos problemas ambientais à promoção do desenvolvimento sustentável. Esse conceito surgiu a partir desse documento e também resultou no aumento da consciência ambiental e da necessidade em buscar um equilíbrio entre o progresso econômico e a preservação dos recursos naturais em âmbito planetário. Como referido anteriormente, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD (1988), define o desenvolvimento sustentável como sendo a satisfação das necessidades das gerações atuais sem que haja prejuízo para a satisfação das necessidades das gerações posteriores. Como parte do processo de redemocratização do Brasil, em 1988, foi promulgada a Constituição Federal. Nela, o meio ambiente é visto como importante, tendo vários dispositivos aplicados pelo PNMA acolhidos, como podemos ver no artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). A Educação Ambiental também foi contemplada na Constituição Federal de 1998, sendo inserida no inciso VI do artigo 225. O texto incumbiu ao Poder Público o dever da promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, bem como do dever de conscientizar a sociedade para a importância da preservação do meio ambiente. O tema foi ampliado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD, popularmente conhecida como Rio-92 que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro em junho de 1992, e que reuniu representantes de 172 países além de 180 chefes de Estado e Governo. Esse evento lançou as bases para que os países deveriam empreender ações concretas, visando a melhoria das condições social e ambiental, tanto a nível local quanto mundial (ONU, 92). Outro documento internacional de grande importância foi o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade 66 Global. Esse documento foi elaborado em 1992 por ocasião do Fórum Global das ONG’s, evento realizado simultaneamente com a Rio 92. O Fórum reafirmou as recomendações da Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi e considerou a Educação Ambiental como um instrumento de transformação social, política, ideologicamente comprometida com a mudança social, e com a noção de sociedades sustentáveis, baseados em propostas participativas de gestão ambiental e de responsabilidade global. Com relação as iniciativas do Ministério da Educação voltados à Educação Ambiental destaca-se: os Parâmetros Curriculares Nacionais, elaborados pela Secretaria de Educação Fundamental em 1997, nas quais o Meio Ambiente é considerado como transversal, intricado na cidadania, e em 2001 os Parâmetros em Ação – Meio Ambiente na Escola para implementar os PCN’s. A sua proposta é possibilitar aos professores e alunos da 5a a 8a série do Ensino Fundamental a realização de atividades e trabalhos que integrem a escola, a comunidade e a realidade social brasileira. Esse programa inclui conteúdos escolares muito bem elaborados – CD-Rom e dois livros: o kit coordenador e um guia de atividades para a sala de aula, e muito úteis para o desenvolvimento de trabalhos sobre a temática Meio Ambiente e a aprendizagem de valores e atitudes. Em 1999, foi promulgada a Lei Federal n° 9.795 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (BRASIL, 1999), a qual estabelece que a Educação Ambiental deve estar presente, de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo. Em seu art. 1° comenta: “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais os indivíduos e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e, bem de uso comum do povo, 67 essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, Lei 9.795/99)”. A referida Lei, vai regulamentada pelo Decreto n° 4.281, de 25 de junho de 2002, definindo no art. 14 da PNEA, que os ministros do Meio Ambiente e da Educação serão os responsáveis por sua direção (BRASIL, 2002). Neste tocante, a Educação Ambiental assume um papel importante na construção de valores, conceitos e atitudes que norteiam as ações dos indivíduos em prol da coletividade e do ambiente urbano. Como se pode ver, a Educação Ambiental é fator preponderante para o sucesso da conscientização ambiental dos indivíduos. O sistema escolar é então considerado um dos espaços adequados para formar cidadãos críticos e reflexivos, graças ao convívio social e à possibilidade de vivenciar experiências educativas dirigidas por professores dotados de formação específica. Infelizmente, os currículos dos cursos de formação de professores não têm garantido essa formação interdisciplinar e transdisciplinar, devido à importância dada ao modelo teórico que tem como foco exclusivo a docência da matéria específica. Esse modelo não favorece o desenvolvimento de competências e habilidades que mobilizem recursos ou áreas diversas, elementos imprescindíveis à Educação Ambiental. A possibilidade de os professores desenvolverem essas competências depende da criação de políticas públicas para a melhoria da formação inicial e da continuada, conforme prevê o parágrafo único da PNEA que diz que os professores devem receber formação complementar em sua área de formação para atender satisfatoriamente aos objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental. A esse respeito Sato (2002), comenta que cabe ao professor, no processo educativo por meio da prática interdisciplinar, a promoção de novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental 68 De acordo com a análise dos dados do Censo Escolar, desenvolvida pela SECAD e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), de 2001 a 2004, ocorreu um rápido crescimento da Educação Ambiental nos estabelecimentos de ensino no Brasil, visto que em 2001 existiam aproximadamente 25,3 milhões de crianças matriculadas com acesso a Educação Ambiental, e em 2004 aumentou para 32,3 milhões. Ainda de acordo com o Censo da Educação Básica realizado em 2004, verificou-se que os estados brasileiros têm a Educação Ambiental presente em mais de 90% de suas escolas (BRASIL, 2004). Pelos dados referidos, verifica-se que a Educação Ambiental vem sendo trabalhada em muitas escolas públicas Recentemente o Ministério da Educação (MEC), como gestor e indutor de políticas públicas, em consonância com os princípios e diretrizes da Educação Ambiental da Lei 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (Brasil, 1999), e pela Lei 6.938/81 que exigem também do ensino formal o dever de capacitar as pessoas, em todos os níveis e modalidades de ensino, para a participação ativa em defesa do meio ambiente, publicou a Resolução n° 02, de 15 de junho de 2012 que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (BRASIL, 2012). Portanto a nova Resolução representa um avanço no sentido de valorizar e promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a participação ativa na defesa do meio ambiente. Juntamente com a iniciativa da Unesco de implementar a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) poderemos avançar na valorização das diferenças culturais e na constituição da cidadania ambiental, e nas relações mais solidárias para o enfrentamento dos atuais desafios ambientais. 69 4 ESTUDO DE CASO na cidade de Atibaia (SP) O estudo de caso objetivou identificar e analisar o espaço que atualmente é utilizado como ciclovia na cidade de Atibaia (SP), no que diz respeito aos riscos no trânsito de bicicletas. Buscou também analisar a percepção de professores, ciclistas e motoristas acerca da educação ambiental, no que diz respeito aos benefícios da adoção das bicicletas para a qualidade de vida e para o meio ambiente. Os dados da pesquisa foram obtidos, conforme descrito na metodologia, por meio da observação sistemática das questões de segurança, envolvendo a via utilizada como ciclovia, e também pelas informações obtidas junto à prefeitura do município de Atibaia. Em seguida foram aplicados questionários semiestruturados a professores, ciclistas e motoristas, objetivando conhecer a percepção ambiental desses indivíduos, com relação aos benefícios e riscos do uso das bicicletas para a qualidade de vida e para o meio ambiente. 4.1 Caracterização da cidade A cidade foi elevada à categoria de município em 1864, inicialmente com o nome de São João de Atibaia, passando a denominar-se apenas Atibaia em 1905. Está localizada a 67 km da capital São Paulo. Abrange uma área de 490 k , sendo 57% rural e 43% urbana, e sua população gira em torno de 120 mil habitantes (Figura 44). 70 Figura 44 – Mapa com a localização da cidade de Atibaia e região. Fonte: maps.google.com Ela é classificada como uma estância hidromineral pelo governo do Estado. Esse título garante ao município um aumento no repasse de verbas estaduais para a promoção do turismo. 4.2 Caracterização da escola A escola, onde lecionam as professoras participantes dessa pesquisa, faz parte da rede particular de ensino da cidade e já funciona há mais de dez anos. Ela atende os níveis de educação infantil, ensino fundamental I e ensino fundamental II, nos períodos matutino e vespertino. Atualmente, estão matriculados 237 alunos, sendo o corpo docente formado por 25 professores, todos com curso superior. 71 4.3 Observando a ciclovia de Atibaia A observação é uma técnica que envolve a observação propriamente dita e a análise crítica dos fatos ou objetos estudados. Quando é planejada, ela é considerada sistemática (SIENA, 2007). Segundo o referido autor, nesse tipo de observação o pesquisador elabora previamente um roteiro, considerando os aspectos necessários para o alcance dos objetivos estabelecidos. Para o presente estudo de caso, a observação sistemática objetivou analisar as questões de segurança da via utilizada como ciclovia, tomando como base as medidas de segurança previstas no Código de Trânsito Brasileiro e os manuais de segurança de diversos grupos ligados ao ciclismo. Os dados obtidos na observação revelam que a via utilizada como ciclovia não é pavimentada, e seu estado de conservação é ruim em toda a sua extensão (Figuras 45 – 46). Figura 45 – Foto do pavimento da via usada como ciclovia na cidade de Atibaia. Fonte: Arquivo Pessoal (2013). 72 Figura 46 – Foto de marcas de pneu no pavimento da via usada como ciclovia na cidade de Atibaia. Fonte: Arquivo Pessoal (2013). A pavimentação é um aspecto fundamental para o conforto e a segurança nas ciclovias, pois é determinante para a sua durabilidade, bem como para eliminar os acidentes ou reduzir o número de ocorrências causados por pavimentações irregulares (CENTRO DE ESTUDOS DE ARQUITECTURA PAISAGISTA, 2013). 73 Não existe na via qualquer tipo de separação física entre a ciclovia e os veículos automotores e pedestres, o que coloca em risco a segurança dos ciclistas e de toda a população (Figuras 47 – 48). Figura 47 – Foto da ausência de separação física entre a ciclovia e a via. Fonte: Arquivo pessoal (2013). Figura 48 – Foto de uma valeta ao lado da ciclovia. Fonte: Arquivo pessoal (2013). 74 De acordo com Cruz (2013), é de suma importância a existência de uma separação física da ciclovia e dos demais veículos. A separação pode ser uma grade, uma mureta ou qualquer outro tipo de isolamento físico. O seu objetivo é proteger os ciclistas do tráfego rápido e intenso dos dias atuais. A largura da via utilizada como ciclovia varia de 70 cm a 150 cm, faixa muito estreita que põe seriamente em risco a integridade física dos ciclistas que fizerem uso dela (Figura 49). Figura 49 – Foto da largura da via utilizada como ciclovia na cidade de Atibaia. Fonte: Arquivo pessoal (2013). Aponta o Grupo de Ciclismo Sincronia (2008) que a largura adequada para um mínimo de segurança é de, pelo menos 150 cm por faixa. 75 Existem nessa via placas de sinalização, mas apenas placas de trânsito comuns a qualquer via, com total ausência de qualquer tipo de sinalização vertical e sinalização referente à circulação de bicicletas. No site da Escola de Bicicleta (2012) pode-se ler que uma das formas mais eficientes para reduzir os índices de acidentes que envolvem ciclistas na cidade são as sinalizações verticais e semafóricas. Durante a observação pôde-se notar alguns ciclistas utilizando a via. A grande maioria utilizava algum tipo de equipamento de segurança, sendo os mais utilizados o capacete, o farol e a buzina (Figura 50). Figura 50 – Foto de um ciclista utilizando equipamentos de segurança. Fonte: Arquivo pessoal (2013). 76 Mas foram observados alguns ciclistas que não usavam nenhum desses equipamentos. Em geral, eram indivíduos da terceira idade (Figuras 51 - 52). Figura 51 – Foto de um ciclista sem equipamento de segurança. Fonte: Arquivo pessoal (2013). 77 Figura 52 – Foto de um ciclista circulando sem equipamento de segurança. Fonte: Arquivo pessoal (2013). O uso de equipamentos de segurança é fundamental. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, em seu art. 105 inciso VI, são de uso obrigatório para os ciclistas: a campainha (buzina), o capacete, a sinalização dianteira e traseira noturna (farol), sinalização nos pedais e na lateral e espelho retrovisor do lado esquerdo (BRASIL, 1997). Cumpre destacar também que foi observado que outros veículos além das bicicletas utilizavam essa via constantemente. Nesse mesmo cenário, constatou-se ainda a presença de pessoas circulando na ciclovia (Figura 53), diversos carros utilizando-a como acostamento, vendedores de frutas estacionados na via, comercializando entre os veículos suas mercadorias (Figura 54), motos transformando a via em um “corredor” (Figura 55), cavalos e charretes transportando pessoas e mercadorias e máquinas agrícolas como tratores e colheitadeiras. 78 É preciso que se promova na cidade uma conscientização dos ciclistas no que diz respeito ao uso de equipamentos de segurança. Isso porque nenhum dos ciclistas observados estava fazendo uso de todos os equipamentos de segurança previstos no Código de Trânsito Brasileiro. Com isso, aumenta significativamente a probabilidade e a gravidade dos acidentes envolvendo bicicletas. Essa conscientização deve se estender aos motoristas e pedestres, uma vez que, diversos veículos foram flagrados realizando as mais variadas ações nessa via utilizada como ciclovia, colocando ainda mais em perigo os usuários dessa ciclovia, que por si só já se apresenta como um risco para os seus usuários. Figura 53 – Foto de pessoas circulando na ciclovia ao lado de um ciclista. Fonte: Arquivo pessoal (2013). 79 Figura 54 – Foto de um veículo estacionado na ciclovia. Fonte: Arquivo pessoal (2013). Sempre convém destacar que o trânsito de outros veículos na ciclovia é extremamente perigoso para os ciclistas, pois sua patente fragilidade e vulnerabilidade frente aos demais veículos os coloca em risco constante. A conscientização dos motoristas e pedestres é essencial para que esse quadro possa ser revertido de uma vez por todas. Muitos acidentes são causados pela invasão de veículos motorizados nas ciclovias. Os pedestres sofrem e causam também numerosos acidentes quando se utilizam desse espaço destinado exclusivamente à circulação das bicicletas (ESCOLA DE BICICLETA, 2012). Diante do exposto, fica evidente que essa via pública utilizada como ciclovia não oficial na cidade de Atibaia não oferece nenhuma segurança para os ciclistas que se “aventuram” nela. Eles estão sujeitos a diversos acidentes causados pela ausência de uma pavimentação adequada; podem ser atropelados por veículos automotores que estão trafegando na via ao lado, dada a ausência de qualquer separação física entre as duas vias. 80 Em toda a sua extensão, essa via não apresenta nenhuma largura mínima considerada adequada e segura para a circulação das bicicletas, o que certamente aumenta a probabilidade de um acidente envolvendo os ciclistas que a utilizam. Inclusive não existe absolutamente nenhuma sinalização vertical, dificultando ainda mais a circulação segura das bicicletas, principalmente quando se faz necessária alguma conversão ou mudança de direção e de sentido. Isso demonstra que a prefeitura levou em conta esse espaço como uma ciclovia ou como um corredor em que haja uma circulação de bicicletas. Mas, dada a ausência de um espaço adequado, planejado e concebido para esse fim, os ciclistas acabam sendo “obrigados” a utilizar essa via para realizar os seus deslocamentos. Em busca da mudança desse quadro que se apresenta, a cidade de Atibaia prevê, para o início de 2014, a efetiva realização de um projeto para a construção de uma ciclovia “oficial”, nos moldes da Federação Paulista de Ciclismo, atendendo a todos os requisitos de segurança presentes no modelo adotado. Uma entrevista com o Secretário de Trânsito e Transportes, Sr. Valentim Gomes da Conceição, informou que esse projeto foi concebido na gestão anterior e sua responsabilidade era exclusivamente da Secretaria de Esportes e Lazer. Nesse projeto inicial, o uso das bicicletas era visto como algo meramente esportivo e recreativo, não contemplando a sua importância para o processo de preservação do meio ambiente e de segura mobilidade urbana. Diante disso, o projeto agora está no âmbito de uma parceria das secretarias de Trânsito e Transportes e de Esportes e Lazer. Segundo o secretário de Trânsito e Transportes, os objetivos do projeto, são, considerando o uso das bicicletas na ciclovia, promover o lazer, a integração familiar, a responsabilidade social, minimizar a poluição atmosférica e sonora e diminuir os congestionamentos e acidentes. 81 Mesmo estando previsto para se iniciar ainda em 2014, algumas ações já estão sendo feitas na cidade por parte de ambas as secretarias. Essa mesma secretaria, ao construir ou reformar uma determinada via, faz nela uma faixa para as bicicletas. Já a secretaria de Esportes e Lazer constrói em uma via, já existente na cidade, uma faixa para as bicicletas. Ambos os secretários iniciaram seus mandatos em 2013. Nessa ocasião não existia uma verba específica aprovada para esse projeto, pois não havia sido previsto no orçamento do ano anterior. Com esse projeto, a prefeitura de Atibaia certamente estará melhorando as condições para que os indivíduos passem a adotar as bicicletas como principal meio de locomoção contrariamente ao interesse dos veículos automotores que são amplamente utilizados na cidade. Por evidente, com a redução no número de veículos, a qualidade de vida das pessoas irá melhorar, dada a diminuição da poluição atmosférica aliada à prática de uma atividade física, nesse caso pedalar. A questão da segurança é primordial para o sucesso desse projeto municipal; mas, aliado a ele está a necessidade de conscientizar a população acerca do comportamento e atitude que devem ser adotados para que todos os tipos de veículos e pedestres possam conviver em plena harmonia e segurança. Levando em conta a necessidade dessa conscientização, a prefeitura da cidade de Atibaia dará início no próximo ano letivo (2015), em algumas escolas da rede municipal, ao projeto intitulado “Rota da Educação”. Esse projeto é fruto de uma parceria entre a Sra. Roberta Mantovani (Especialista em Educação no Trânsito) e a concessionária rodoviária Rota das Bandeiras. Ele é pautado por quatro pilares: educação, cidadania, mobilidade e meio ambiente, todos eles trabalhados de maneira indissociável. As atividades desse projeto se iniciam já na educação infantil, sem o uso de material pedagógico específico (livro, apostila) para cada faixa etária. 82 Por meio de atividades lúdicas e práticas, a coordenação motora e a criatividade serão trabalhadas, pensando sempre no meio ambiente. Já para os alunos do ciclo I do ensino fundamental foi criado um material pedagógico específico, de acordo com o ano, além de um material de apoio para os professores. Todos os materiais são baseados nos quatro pilares citados anteriormente. O projeto deve ser desenvolvido durante as aulas “normais” da escola como um tema transversal, e não trabalhado como uma matéria ou conteúdo específico de alguma (s) disciplina (s). Agregando os valores e práticas presentes no projeto, as novas gerações certamente terão suas ações voltadas para a preservação do meio ambiente e para um desenvolvimento sustentável; ações que irão transformar a cidade de Atibaia em um local melhor, no que diz respeito ao meio ambiente, promovendo a qualidade de vida da população e harmonizando a circulação de bicicletas e dos demais veículos. Após a referida entrevista com o secretário de Trânsito e Transportes, pode-se notar que a prefeitura do município está realizando ações que objetivam melhorar a segurança na circulação de bicicletas na cidade, promovendo com isso a qualidade de vida população. Com efeito, pedalar é uma excelente atividade física, de baixo custo e acessível a quase todos os indivíduos e também diminuindo o tráfego de veículos e os congestionamentos, o que resulta em uma menor emissão de partículas poluidoras. Sem a conscientização, as práticas atuais no trânsito não se modificarão, colocando em risco a segurança do ciclista e da coletividade. O primeiro passo nesse sentido já foi dado; mas é preciso que a prefeitura amplie esse processo de conscientização para todos os moradores da cidade, não apenas para os alunos da rede pública, de modo a garantir que mais pessoas possam agregar valores e modificar suas práticas presentes, gerando resultados imediatos no que diz respeito à segurança no trânsito. Afinal, as crianças são os futuros motoristas, e não há necessidade de 83 esperarmos tanto tempo para ver os reflexos desse processo de conscientização na qual eles estão sendo incentivados. 84 4.4 A pesquisa com as professoras, ciclistas e motoristas As professoras que participaram da pesquisa lecionam para diferentes anos no ensino fundamental I e os ciclistas e motoristas foram escolhidos aleatoriamente. A seguir, apresentam-se as características específicas dos sujeitos da pesquisa. Tabela 1: Perfil das professoras que participaram da pesquisa IDADE SEXO ESCOLARIEDADE TEMPO DE CARGO DOCÊNCIA ATUAL P1 33 F SUPERIOR 8 anos EF I P2 31 F SUPERIOR 11 anos EF I P3 49 F PÓS-GRADUAÇÃO 16 anos EF I P4 44 F SUPERIOR 10 anos EF I P5 27 F PÓS-GRADUAÇÃO 2 anos EF I Para não identificar cada uma das professoras, utilizaram-se as letras P1, P2, P3, P4 e P5 em lugar de seus nomes. As suas idades foram assim classificadas: P1 (33 anos), P2 (31 anos), P3 (49 anos), P4 (44 anos) e P5 (27 anos). As idades das professoras variam de 27 a 49 anos, três possuem ensino superior e duas são pós-graduadas. O tempo de docência das mesmas é de 2 – 16 anos e todas atuam no ensino fundamental I. 85 Tabela 2: Perfil dos ciclistas que participaram da pesquisa IDADE SEXO ESCOLARIEDADE PROFISSÃO C1 32 M SUPERIOR FILÓSOFO C2 40 F PÓS-GRADUAÇÃO PSICOLOGA C3 37 F SUPERIOR EDUCADORA C4 40 F SUPERIOR COORDENADORA C5 51 M SUPERIOR DENTISTA A idade dos ciclistas participantes varia de 32 a 51 anos, três são do sexo feminino e dois do sexo masculino. Quatro ciclistas completaram o ensino superior e um deles possui pós-graduação. Tabela 3: Perfil dos motoristas que participaram da pesquisa IDADE SEXO ESCOLARIEDADE PROFISSÃO M1 55 F SUPERIOR APOSENTADA M2 45 M SUPERIOR ADVOGADO M3 60 M ENSINO MÉDIO COMERCIANTE M4 25 M SUPERIOR ADMINISTRADOR M5 39 M SUPERIOR ADVOGADO Os motoristas participantes dessa pesquisa estão na faixa etária dos 25 aos 60 anos. Quatro desses motoristas possuem ensino superior e apenas um deles cursou até o ensino médio. 86 4.5 Análise das respostas 4.5.1 Respostas das professoras Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 1: O que você entende por meio ambiente? Quadro 1 – Professoras: categoria meio ambiente. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) meio em que P1 “... é o meio onde nós vivemos vivemos.” P2 “... relação com nosso espaço físico.” P3 “... meio em que vivemos.” P4 “... onde habitamos.” P5 “... o planeta Terra.” b) aspectos naturais P1 “... envolve aspectos naturais e sociais.” Meio Ambiente P2 “... rios, natureza, animais...” P3 “... vegetação, animais, rochas, água, ar...” P5 “... toda a fauna.” c) seres vivos e não P1 “... todos os seres vivos e não vivos vivos.” P3 “... as coisas vivas e não vivas.” P4 “... onde habitam os seres vivos e não vivos.” De acordo com as respostas, verifica-se que todas elas relacionaram o meio ambiente como o meio em que vivem, e que as relações entre os seres vivos e o meio em que habitam são fatores que interferem na constituição do meio ambiente. 87 De acordo com Philippi Jr. e Pelicioni (2005) o tema meio ambiente precisa ser entendido em sua complexidade como um conjunto de fatores que constitui o todo. O homem encontra-se imerso em uma intricada rede constituída por sistemas: a Biosfera, a Tecnosfera e a Sociosfera (PARDO DÍAZ, 2002). A Biosfera compreende as camadas baixas da atmosfera, os estratos superiores da litosfera e da hidrosfera e os seres vivos, incluída a espécie humana, interagindo entre si e com o ambiente. O outro sistema, a Sociosfera, foi desenvolvida pelo ser humano, e gera as relações da comunidade com outros sistemas. Pode-se considerar que as relações da Biosfera com a Sociosfera ocorrem por meio de estruturas concretas, e algumas delas constituem a Tecnosfera. A Tecnosfera compreende os assentamentos humanos (aldeias e cidades), indústrias, energia, transportes, agricultura, redes de comunicações, entre outros (PARDO DÍAZ, 2002 p.17) O meio ambiente deve ser compreendido como resultado das relações entre os indivíduos e a natureza. O ambiente se forma durante o processo de ocupação e transformação do meio por parte dos indivíduos (MEDINA, 1996). Ações e projetos interdisciplinares contribuirão para que os professores modifiquem a sua prática pedagógica, transmitindo à seus alunos um conceito mais amplo e complexo de meio ambiente, por meio da Educação Ambiental. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 2: Qual a sua compreensão acerca da educação ambiental? Quadro 2 – Professoras: categoria educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) construção de P1 “... construção de conhecimentos conhecimentos voltados para a 88 preservação do meio ambiente.” Educação P3 “... conhecimentos para Ambiental conservação do meio ambiente.” b) aquisição de valores P1 “... são transmitidos valores ambientais...” P2 “... nossas atitudes com relação ao meio ambiente.” P4 “... conscientizar para uma correta utilização dos recursos naturais...” P5 “... processo de conscientização dos indivíduos sobre a importância da preservação ambiental.” Para as professoras P1 e P3, a educação ambiental é compreendida como um processo de construção de conhecimentos voltados para a preservação e conservação do nosso meio ambiente. Esse entendimento poderá induzir à prática, uma vez que todas devem empenhar-se em esforços com relação à ação educativa com vistas à formação cidadã, para a convivência social e o respeito ao próximo. Nesse sentido, aspectos relacionados com o comportamento no trânsito deverão ser considerados no processo educativo com vistas a estimular ações solidárias e respeito ao meio ambiente, no contexto da cidade de Atibaia. Com relação à subcategoria “aquisição de valores”, as professoras P1 e P2 reconhecem que, por meio da educação ambiental, são transmitidos valores que podem levar a mudar as atitudes dos alunos com relação ao meio ambiente. 89 Nos PCNs, a educação ambiental é caracterizada como um tema transversal, pois os conteúdos inerentes ao meio ambiente serão abordados nas diversas áreas de conhecimento, de modo a impregnar toda a prática pedagógica, promovendo uma concepção global da questão ambiental (BRASIL, 1996). Cônscios do caráter interdisciplinar da educação ambiental, os professores poderão modificar as suas práticas educativas, despertando o interesse e aumentando o envolvimento dos seus alunos nas questões que dizem respeito ao meio ambiente e incentivando a solidariedade e a cooperação mútua. Esses alunos, ao incorporarem os conceitos e os valores transmitidos pela educação ambiental, nortearão as suas práticas ao longo da vida para o respeito ao meio ambiente e aos seres humanos, conscientes de seus direitos e deveres enquanto sujeitos que modificam o meio por meio de sua relação com ele. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 3: Como a educação ambiental está inserida no currículo da escola? Quadro 3 – Professoras: categoria educação ambiental no currículo escolar. Categoria Subcategoria Unidades de registro P1 “... a Educação Ambiental e abordada sempre que possível durante as aulas...” P2 “... em todas as Educação Ambiental a) tema transversal disciplinas, com maior no currículo escolar ocorrência nas aulas de geografia.” P3 “... como tema transversal a ser trabalhado em todas as disciplinas.” 90 P4 “... tema transversal permeando todas as matérias.” P5 “... da Educação Infantil ao Ensino Fundamental II, trabalhada como tema transversal.” Pelas respostas das professoras, pode-se verificar que é consenso que a educação ambiental faz parte da grade curricular da escola estudada como um tema transversal. P5 citou que a educação ambiental é trabalhada na educação infantil e no ensino fundamental como tema transversal. Já a professora P2, referiu-se que a educação ambiental é abordada em todas as disciplinas, com maior ocorrência nas aulas de geografia. A Lei 9.795/99, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, estabelece que a educação ambiental não deve estar presente nos currículos escolares como uma disciplina específica, pois, não se destina a isso. O tema deve permear todas as relações e atividades escolares, buscando desenvolver-se de maneira interdisciplinar (BRASIL, 1999). A Resolução do MEC n° 2, de 15 de junho de 2012, Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Em seu art. 1°, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental a serem observados pelos sistemas de ensino e suas instituições de Educação Básica e de Educação Superior, orientando a implementação do determinado pela Constituição Federal e pela Lei n° 9.795/99 a qual dispõe sobre Educação Ambiental (BRASIL, 2012). A educação ambiental tem grande valia no contexto da elaboração de um currículo escolar que contemple o conhecimento integrado de todas as disciplinas escolares. Ela deve propiciar a participação efetiva de todos os envolvidos, abordando diversos assuntos relacionados com a realidade local. 91 Para Arroyo (2003), a escola precisa rever o seu currículo para dar conta da realidade em que seus alunos estão inseridos, fazendo-os, para tanto participar do processo educativo no campo da cidadania em seus aspectos sociais. Portanto, trabalhada nessa perspectiva, a educação ambiental contribui para que a temática ambiental seja abordada em todas as disciplinas, envolvendo questões referentes à realidade do grupo, adequando o currículo escolar, propiciando uma participação ativa e consciente de mais indivíduos no que diz respeito à preservação do meio ambiente. A escola onde trabalham as professoras contempla em seu currículo escolar a educação ambiental como um tema transversal, em todas as disciplinas e níveis de ensino, assim como preconizam os PCNs, a Política Nacional de Educação Ambiental e o MEC. Isso é essencial para que se torne mais fácil o processo de sensibilização por ocasião da implantação de campanhas que envolvam o tema trânsito e bicicletas. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 4: Como você vem trabalhando a educação ambiental em sua prática pedagógica? Quadro 4 – Professoras: categoria educação ambiental e prática pedagógica. Categoria Subcategorias Unidades de Registro a) material de apoio P1 “... quase diariamente com textos e vídeos...” P2 “... utilizando textos, reportagens, imagens e filmes.” P3 “... articulados com um material de apoio relacionado à Educação Ambiental.” Educação P5 “... documentários e Ambiental e prática atividades práticas voltas para pedagógica a Educação Ambiental.” 92 b) projetos P3 “... também em projetos específicos durante o ano.” P4 “... projetos são feitos de acordo com acontecimentos atuais...” c) atividade de leitura P1 “... são produzidos textos a e escrita partir de leituras de textos...” P2 “... leitura de textos que abordem conteúdos sobre o meio ambiente e educação ambiental.” Nas respostas das professoras, constatou-se o uso de diversos materiais de apoio, atividades de leitura e escrita, projetos, utilização de reportagens, imagens e filmes em suas práticas pedagógicas referente à educação ambiental, como apresentado no Quadro 4. Pode-se inferir, pois, o comprometimento das docentes em transmitir aos alunos conhecimentos sobre as questões ambientais. A temática ambiental pode ser trabalhada por meio de experiências práticas, produção de materiais, projetos ou qualquer outra atividade que levem os alunos a se reconhecerem como agentes ativos do processo (SATO, 2002). Os materiais produzidos e os projetos articulados às disciplinas escolares devem buscar alternativas que possibilitem uma reflexão contínua na busca por uma mudança de valores e atitudes para com o meio ambiente. Esta é uma maneira de a educação ambiental ser implementada efetivamente nas escolas. Constatou-se que a escola oferece às professoras recursos e materiais de apoio para o desenvolvimento de atividades relacionadas com a educação ambiental. Por ser uma escola com muita área verde e árvores frutíferas, configura-se como um espaço físico privilegiado que oferece boas condições para que as professoras desenvolvam atividades práticas de 93 estudo do meio fora da sala de aula, possibilitando uma maior reflexão acerca da temática ambiental. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 5: O que você gostaria de fazer para melhorar essa prática? Quadro 5 – Professoras: categoria melhoria da prática pedagógica sobre educação ambiental. Categoria Subcategorias Unidades de Registro a) cursos e palestras P1 “... cursos e oficinas de capacitação de professores...” P2 “... exposições e palestras acerca da temática.” Melhorar a prática P3 “oportunidades de pedagógica sobre capacitações contínuas.” Educação P4 “... palestras com Ambiental profissionais da área...” b) não precisa P5 “... acredito que minha melhorar a prática prática está bem desenvolvida.” Os cursos sobre educação ambiental e palestras com profissionais da área foram citados pelas professoras como importantes para que elas melhorem a sua prática pedagógica no que diz respeito ao tema. Apenas P5 citou que não precisa melhorar sua prática pedagógica, pois acredita que está sendo bem desenvolvida. Para que o processo de conscientização dos alunos aconteça, é vital que o professor adquira conhecimentos atualizados sobre a temática ambiental; essa aquisição permite que seus alunos adotem uma postura consciente, crítica e ativa na resolução dos problemas envolvendo o meio ambiente. 94 Mesmo diante da relevância desse tema, no Brasil, segundo Lima (2009) existem poucos cursos de formação continuada em educação ambiental, apesar dos PCNs, da Política Nacional de Educação Ambiental e das diretrizes do MEC que discorrem sobre a importância dessa formação. Complementa o autor que, quando existem vagas para esses cursos, elas são ofertadas preferencialmente ao professores que lecionam as disciplinas de biologia e ciências, contrariando o seu caráter interdisciplinar. Constatou-se durante as entrevistas, que a cidade de Atibaia atualmente não oferece nenhum curso sobre a temática ambiental para os professores da rede municipal de ensino. Na escola estudada, os professores participam dos cursos promovidos pelo sistema Positivo de Ensino cuja apostila é utilizada pela escola. Os cursos são oferecidos a todos os professores, independentemente da disciplina que leciona. Os temas são variados, como reaproveitamento dos recursos naturais, coleta seletiva de lixo, impactos da poluição na vida humana. Abordam também questões atuais de nossa sociedade, sendo ministrados ao longo de todo ano letivo. Quando o curso é oferecido fora da cidade de Atibaia, a escola disponibiliza transporte para os professores, para facilitar o deslocamento deles e possibilitar que a maioria se capacitem mediante esses cursos. Podemos notar que a escola em questão oferece subsídios para a prática da educação ambiental, facilitando o trabalho das professoras nesse sentido. Com a capacitação constante, as professoras estarão sempre atualizadas e preparadas para que o processo de conscientização ambiental do alunos aconteça efetivamente. Opinião das professoras sobre a pergunta 6: Quem são os responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente? 95 Quadro 6 – Professoras: Opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente ALTERNATIVA RESPOSTA Crianças P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Adultos P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Prefeitura P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Donos de Fábrica P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Governo P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Professores P1 – P2 – P3 – P4 – P5 Vê-se que todos os indivíduos pertencentes à coletividade, independentemente de sua idade ou profissão, são responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente, segundo as respostas das professoras, apresentadas no Quadro 6. De acordo com a Constituição Federal, em seu Capítulo VI, art. 225 “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988). Somos então todos responsáveis pela preservação do meio ambiente. Então, os professores, ao transmitirem os valores ambientais a seus alunos, fazem com que eles, além de cumprir a lei, contribuam para que a qualidade de vida da população melhore continuamente. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 7: Qual o nível de ensino mais adequado em sua opinião para se iniciar a educação ambiental? Justifique sua opinião. 96 Quadro 7 – Professoras: categoria início da educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidades de Registro Início da Educação a) transmitir valores P1 “... valores se solidificam na Ambiental – ambientais 1a infância.” Educação Infantil P2 “... para a formação de um cidadão consciente...” P3 “... orientar os pequenos a terem uma consciência ambiental.” P4 “... formar um indivíduo consciente de seu papel ambiental...” P5 “ensinando desde o início as ações que devem ser tomadas para protegermos o meio ambiente...” Verifica-se que a Educação Infantil foi reconhecida como o nível de ensino onde deveria ser iniciada a educação ambiental nas escolas. A Lei 9.795/99, em seu art. 2o acentua que a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional e que deve estar presente de maneira articulada em todos os níveis de ensino e modalidades do processo educativos. Por ser um componente permanente e que deve ser contemplado em todos os níveis de ensino, é correto que a educação ambiental se inicie na educação infantil onde, por meio de atividades lúdicas e de exploração do entorno, sejam transmitidos valores ambientais para esses alunos, fazendo com que suas ações futuras sirvam para resguardar a qualidade do nosso meio ambiente (BRASIL, 1999). A educação ambiental é, na escola estudada, trabalhada já na educação infantil. Nesse nível as crianças participam de atividades práticas voltadas para a preservação do meio ambiente, sempre com um caráter lúdico, entre as quais cita-se a economia de água, coleta seletiva, reciclagem, entre outros. Nota-se que a escola possibilita um ambiente de conscientização ambiental para todos os seus alunos, independentemente da faixa etária. Isso possibilita que as crianças, com o passar do tempo, possam modificar 97 gradativamente as suas ações, influenciados pelos valores transmitidos pelas escola. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 8: Quais são os benefícios gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? Quadro 8 – Professoras: categoria benefícios do uso da bicicleta. Categoria Subcategoria Unidades de Registro a) não poluidor P1 “... não usa combustível fóssil...” P2 “... não poluente...” P4 “... diminui os níveis de poluição..” P5 “... não emana gases no ar...” b) melhora a qualidade P1 “... é excelente para a Benefícios do de vida saúde...” uso da bicicleta P2 “...bom exercício físico...” P3 “... contribui para melhorar a saúde...” P4 “... bom para a saúde por ser uma atividade física.” P5 “... melhora a saúde...” c) melhora o trânsito P3 “... diminui os engarrafamentos...” P4 “... desafoga o trânsito...” P5 “... contribui para uma melhor circulação na cidade.” Quando as professoras foram questionadas acerca de quais seriam os benefícios do uso da bicicleta, foram obtidas as respostas que constam resumidas no Quadro 8. As subcategorias identificam que os benefícios gerados pela adoção das bicicletas como meio de transporte principal elencados pelas professoras foram o seu caráter não poluidor e a melhoria do trânsito nas cidades. Consideram também que a bicicleta contribui para a prática de atividade física e promoção da qualidade de vida. 98 A função dos meios transporte é propiciar deslocamentos para que as pessoas satisfaçam seus anseios e necessidades, contribuindo para melhoria da qualidade de vida da população, sem torná-la conflituosa (PESSOA, 1997). Como o “combustível” das bicicletas é a força humana, esse meio de transporte não polui a atmosfera, o que contribui significativamente para a melhoria da qualidade do ar e, consequentemente, da qualidade de vida dos indivíduos e da coletividade. É o que defendem Proença e Raia Jr. (2005). Além disso, pedalar é uma excelente atividade física que gera diversos benefícios para a saúde, sendo uma delas a promoção da qualidade de vida, pois a atividade física vai minimizar o estresse e elevar a sensação de bem- estar físico e psicológico. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde considera a atividade física com o um fator primordial para a melhoria do bem-estar físico, emocional e também social. As cidades sofrem com graves problemas de circulação do povo, devido aos congestionamentos gerados pelo elevado número de veículos automotores que circulam diariamente nesses centros. Os efeitos negativos desses congestionamentos afetam a todos, inclusive os que não fazem uso de veículos motorizados. Frente a isso é necessária a busca por transportes alternativos que, além de não serem poluidores, ocupam bem menos espaço (inclusive para estacionar) e facilitariam os deslocamentos diários pela cidade. Uma alternativa são as bicicletas, graças à sua flexibilidade no espaço urbano. Elas minimizam o trânsito, pois ocupam menos espaço que os veículos, são acessíveis a grande maioria da população, não utilizam nenhum combustível e propiciam a prática de uma atividade física, que é pedalar (BALASSIANO et al., 2011). Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 9: Quais são os riscos gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? 99 Quadro 9 – Professoras: categoria riscos do uso da bicicleta. Categoria Subcategorias Unidades de registro a) segurança P1 “... acidentes pela ausência de ciclovias.” P2 “... fragilidade perante os carros...” P4 “... falta de segurança para Riscos do uso da os ciclistas.” bicicleta P5 “... muitos acidentes envolvendo bicicletas.” b) ausência de ciclovias P1 “... pela ausência de ciclovias.” P2 “... faltam ciclovias na cidade...” P3 “... poucos espaços físicos destinados às bicicletas...” P4 “... não existem espaços adequados para a circulação das bicicletas.” c) falta de educação no P4 “... a falta de educação dos trânsito motoristas no trânsito...” P5 “... é preciso conscientizar os motoristas sobre como agir no trânsito.” As questões de segurança foram descritos como os principais fatores de risco para os indivíduos que utilizam as bicicletas como principal meio de transporte. A ausência de espaços seguros destinados à circulação de bicicletas, como as ciclovias, são os principais responsáveis pelos altos índices de acidentes envolvendo ciclistas na cidade. A fragilidade da bicicletas frente aos outros veículos também foi considerada um fator de risco pelas professoras. 100 Essa fragilidade, segundo elas, é ocasionada pela falta de educação no trânsito por parte dos motoristas. O desrespeito ao Código de Trânsito Brasileiro – CTB constatado nas ruas diariamente é um fator que demonstra essa ausência de consciência no trânsito, o que coloca em risco todos os agentes envolvidos nele. O pensamento é compartilhado por Moritz (1997) que aponta a falta de segurança como um dos fatores desmotivantes para a adoção das bicicletas como meio de transporte, seja com relação aos acidentes, ou à vulnerabilidade do ciclista. Como descrito em páginas anteriores, na cidade de Atibaia existe um projeto para a construção de ciclovias com infraestrutura segura para os ciclistas e a população. O projeto visa dar mais segurança para a circulação de bicicletas pela cidade, para que, sentindo-se mais seguros, os indivíduos passem a adotar a bicicleta como principal meio de transporte. Mas a segurança não depende apenas da existência de locais seguros para a circulação das bicicletas; é preciso que os motoristas respeitem as leis do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, para que o número de acidentes diminua, e com isso, aumente a sensação de segurança no trânsito da cidade. Para os motoristas, a cidade de Atibaia está realizando atualmente um programa de conscientização no trânsito, onde agentes espalhados pelas ruas da cidade entregam aos motoristas um panfleto informativo com medidas simples que podem ser adotadas por eles para tornar o trânsito da cidade mais seguro. Esse processo de conscientização deve ser permanente e constante para que os motoristas sedimentem esses valores de respeito no trânsito tornando a circulação na cidade melhor para todos. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 10: Segundo a sua opinião, como a Educação para o Trânsito pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade? 101 Quadro 10 – Professoras: categoria importância da educação para o trânsito. Categoria Subcategoria Unidades de registro a) conscientização P1 “... conscientizar os indivíduos sobre seus Importância da deveres...” Educação para o P2 “... informar as pessoas Trânsito sobre como agir em prol do bem estar coletivo.” P3 “... ensinar valores e atitudes..” P4 “... apresentar as leis de trânsito para conscientizar as pessoas...” P5 “... é preciso conscientizar sobre como se portar no trânsito para evitar acidentes.” Segundo as professoras, a principal contribuição da Educação no Trânsito para a qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade é o seu poder de conscientização e modificação de ações e posturas agregados ao longo da vida. Apresentando as leis de trânsito nas escolas, e conscientizando os alunos, que um dia tornar-se-ão motoristas, eles estarão mais conscientes de seus direitos e deveres enquanto motoristas e, com certeza, cometerão menos infrações. Para que um indivíduo seja considerado uma pessoa educada que pratica um comportamento correto no trânsito, é necessário entender que a liberdade de um acaba onde começa a do outro (MARTINS, 2004). Com isso, o trânsito se tornará muito mais seguro, possibilitando a mais pessoas adotarem a bicicleta como meio de transporte, melhorando a circulação nas cidades, bem como a qualidade de vida da população. 102 A educação no trânsito é trabalhada na escola estudada dentro da educação ambiental uma vez que o trânsito influi diretamente na qualidade do meio ambiente e, portanto, as corretas ações no trânsito irão causar impactos positivos nele. Não se trata apenas de ensinar o significado e memória das placas e ensinar as leis de trânsito; é importante também refletir sobre as consequências que as atitudes erradas dos motoristas geram no trânsito, repensando as práticas na busca soluções para o quadro atual de desrespeito generalizado. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 11: Em quais locais e de que maneira pode ser trabalhada a Educação para o Trânsito? Quadro 11 – Professoras: categoria locais para trabalhar a educação para o trânsito. Categoria Subcategorias Unidades de registro a) na escola P1 P2 P4 b) em casa P1 P2 Locais para trabalhar a P4 educação para o P5 trânsito c) mídias em geral P4 P5 d) ongs e associações P2 P4 e) redes sociais P1 P5 f) em qualquer lugar P3 Diversos locais foram apontados pelas professoras como propícios para o trabalho com a Educação no Trânsito, sendo as mais citadas a escola e em casa. 103 Martins (2004) advoga que é indispensável uma campanha nacional de educação no trânsito, começando nas escolas, mediante campanhas publicitárias e meios próprios do ensino escolar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro – CTB, em seus arts. 74 e 79, a Educação no Trânsito é um direito de todos e é dever prioritário do Estado garantir um espaço de circulação mais equitativo, humano e seguro (BRASIL, 1997). O poder público começou a implementar programas socioeducativos de trânsito em vários setores da sociedade, como nas escolas, associações e através da mídia em geral, objetivando um trânsito mais seguro, com mais indivíduos conscientes de suas responsabilidades (MACIEL, 2008). O art. 76 do CTB estabelece que a Educação no Trânsito deve estar presente na pré-escola, educação básica e no ensino superior. O objetivo é tornar a criança um pedestre consciente e responsável, ciente de seus direitos e deveres e que, quando se tornar um adulto e passar a dirigir, tenha sempre a preocupação com a segurança e o bem-estar de toda a coletividade. Nesse sentido, a Educação no Trânsito nas escolas contribuirá para uma prática social pautada por uma ética no trânsito, preparando as crianças para o exercício de sua cidadania. Como acima referido, não é simplesmente conhecer as placas e as regras de trânsito; é preciso também estar a par da consequência que cada ação contrária às normas vigentes acarreta; do mesmo modo conhecer as maneiras de evitar que os acidentes aconteçam, pois as leis de trânsito foram feitas para todos, mesmo para aqueles que ainda estejam longe de assumir a direção de um veículo. Assim, é papel da Educação no Trânsito propiciar situações de ensino e aprendizagem que sensibilizem e promovam uma reflexão critica, para que as crianças construam conhecimentos e agreguem valores que lhes permitam uma circulação mais responsável e consciente. 104 Nesse sentido, os professores devem promover nos ambientes escolares a construção de identidades que preparem os alunos para agirem com mais autonomia e responsabilidade na circulação. As questões inerentes ao trânsito devem estar presentes no currículo escolar, trabalhados como um tema transversal junto a todas disciplinas escolares (MACIEL, 2008). Fica clara desse modo a relevância de uma Educação no Trânsito nas escolas baseada na interdisciplinaridade; nessa estratégia ela se articula para aliar o conhecimento pré-existente com os novos conhecimentos, colaborando para eliminar ou minimizar os problemas atuais de trânsito que interferem na qualidade de vida dos indivíduos. Cabe frisar que o trabalho com a Educação no Trânsito deve ocorrer de maneira permanente nas escolas, uma vez que os valores não são transmitidos e sedimentados em apenas uma aula ou em uma semana. Esse processo requer projetos com objetivos bem definidos, recursos de qualidade e acompanhamento constante (MARTINS, 2004). E por ser um processo permanente, a Educação no Trânsito na escola deve ser “continuada” em casa e nos demais locais da sociedade para que o processo de conscientização e aquisição de conhecimentos ocorra efetivamente. De modo a atender à legislação do CTB acerca da obrigatoriedade da presença da educação no trânsito nas escolas, a prefeitura de Atibaia, responsável pelas Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEF estará iniciando no próximo ano letivo o projeto intitulada “Rota da Educação”, que irá trabalhar a educação no trânsito nas escolas com os alunos do ensino fundamental I. Foi criado para cada ano um específico material didático de apoio para que o trabalho se articule com os conteúdos de todas as disciplinas específicas. Os objetivos desse projeto são conscientizar os alunos acerca dos problemas atuais do trânsito na cidade, bem como de que maneira cada um pode contribuir para a solução desses problemas; desenvolver o conceito de 105 segurança individual e coletiva e formar disseminadores da educação no trânsito, pois, como dito anteriormente, esse processo educativo deve ser permanente e se estender a todos os segmentos da sociedade. 4.5.2 Ciclistas e Motoristas Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 1: O que você entende por meio ambiente? CICLISTAS Quadro 12 – Ciclistas: categoria meio ambiente. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) natureza C1 “... conjunto fauna, flora e seres humanos.” C4 “... é a natureza, onde habitam os seres vivos.” Meio Ambiente b) local de relações C2 “... tudo que afeta ou é afetado pelo homem...” C3 “... local onde ocorrem as relações entre fatores bióticos e abióticos.” C5 “... tudo que está relacionado ao meio em que vivemos.” MOTORISTAS Quadro 13 – Motoristas: categoria meio ambiente. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) local de relações M1 “... todas as coisas do planeta Terra.” M2 “... tudo relacionado a Terra...” Meio Ambiente M3 “... a relação entre tudo que envolve nosso planeta.” b) natureza M4 “... é o conjunto da relação entre flora e fauna...” M5 “... a natureza e tudo a cerca.” 106 Meio ambiente, é entendido pelos ciclistas e motoristas como a natureza (fauna e flora) e a sua relação com os seres humanos. Ricklefs (1973) define meio ambiente como tudo aquilo que circunda um organismo, inclusive as plantas e animais com os quais esse organismo interage Devemos conceber o meio ambiente como o local onde acontecem as relações entre todos os organismos, e os resultados dessas relações irão modificar constantemente esse meio em que vivemos. Portanto, somos todos responsáveis pelo meio ambiente, pois fazemos parte dele e com ele interagimos diariamente. Tudo aquilo que é produzido pelo homem, como os automóveis, por exemplo, também fazem parte do meio ambiente e contribuem para a sua configuração. As partículas que lançam na atmosfera influem diretamente no clima e na qualidade de vida dos indivíduos.. Assim, podemos afirmar que não apenas os seres vivos e a natureza constituem nosso meio ambiente, mas, sim, tudo aquilo que nele está presente e com ele se relaciona. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 2: Qual a sua compreensão acerca da educação ambiental? CICLISTAS Quadro 14 – Ciclistas: categoria educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) aquisição de C1 “... ações voltadas ao conhecimentos conhecimento do meio ambiente.” C2 “... habilidades e conhecimentos sobre o meio ambiente.” Educação C4 “... processo de construção Ambiental de conhecimentos relacionados 107 ao meio ambiente.” b) processo de C3 “... conscientizando sobre a conscientização importância de preservar o meio ambiente como um todo.” C5 “... no preparo do indivíduo para se relacionar adequadamente com o meio...” MOTORISTAS Quadro 15 – Motoristas: categoria educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) aquisição de M2 “... conhecimentos para a conhecimentos preservação do planeta Terra...” M3 “... ensino de como preservar o nosso meio Educação ambiente.” Ambiental M5 “... construção de conhecimentos ambientais...” b) processo de M1 “... conscientizando as conscientização pessoas sobre os problemas ambientais atuais...” M4 “... onde valores são passados...” Para os ciclistas e motoristas, a educação ambiental deve objetivar a aquisição de conhecimentos acerca da temática ambiental e promover a conscientização dos indivíduos sobre o seu papel na preservação do meio ambiente. Segundo Amoêdo (2010) a educação ambiental é uma prática educativa que também inclui aspectos sociais e que, então, objetiva a aquisição de conhecimentos, a construção de valores, conceitos e atitudes que favoreçam uma melhor compreensão da vida coletiva. É, portanto, por meio da educação ambiental que podemos modificar os valores que norteiam as ações dos indivíduos, fazendo com que eles passem a agir, pensando nos impactos que serão causados ao meio ambiente evitando, assim, degradá-lo. 108 Opinião dos ciclistas e motoristas sobre a pergunta 3: Em sua opinião, quem são os responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente? CICLISTAS Quadro 16 – Ciclistas: opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente. ALTERNATIVA RESPOSTAS Crianças C1 – C2 – C3 – C4 – C5 Adultos C1 – C2 – C3 – C4 – C5 Prefeitura C1 – C2 – C3 – C4 – C5 Donos de Fábrica C1 – C2 – C3 – C4 – C5 Governo C1 – C2 – C3 – C4 – C5 Professores C1 – C2 – C3 – C4 – C5 MOTORISTAS Quadro 17 – Motoristas: opinião sobre os responsáveis pelo meio ambiente. ALTERNATIVA RESPOSTAS Crianças M1 – M2 – M3 – M4 – M5 Adultos M1 – M2 – M3 – M4 – M5 Prefeitura M1 – M2 – M3 – M4 – M5 Donos de Fábrica M1 – M2 – M3 – M4 – M5 Governo M1 – M2 – M3 – M4 – M5 Professores M1 – M2 – M3 – M4 – M5 De acordo com os ciclistas e os motoristas, todos os indivíduos são responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente. 109 Esse modo de pensar está de acordo com a Constituição Federal onde, em seu capítulo VI – Do Meio Ambiente, art. 225, diz: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A partir da Constituição Federal, foram instituídas políticas públicas. Mas não bastam apenas políticas públicas voltadas para a preservação do meio ambiente se não houver uma conscientização de toda a população acerca de seu papel nesse processo. Uma ferramenta para que mais indivíduos se conscientizem é a educação ambiental, que não deve ser trabalhada apenas nas escolas, uma vez que todos os cidadãos são responsáveis por sua preservação, como diz a Constituição. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 4: Qual a faixa etária mais adequada em sua opinião para se iniciar a educação ambiental? Justifique sua opinião. CICLISTAS Quadro 18 – Ciclistas: categoria idade para o início da educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) aprender valores desde C1 “... aprendendo pela cedo experiência desde pequeno.” Idade para iniciar C2 “... e os valores vão a Educação influenciar as crianças...” Ambiental C3 “... quanto antes iniciar a conscientização melhor.” C4 “... na infância aprendemos mais fácil o que nos é transmitido...” C5 “... valores são formados desde o nascimento.” 110 MOTORISTAS Quadro 19 – Motoristas: categoria idade para o início da educação ambiental. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) aprender valores desde M1 “... quanto mais cedo se cedo iniciar melhor.” M2 “... entender o meio Idade para iniciar ambiente desde a Educação pequenos...” Ambiental M3 “... ensinar atitudes assim que possível...” M4 “... devem aprender desde pequenas a cuidar do meio ambiente.” M5 “... se aprendem cedo tendem a continuar.” Os ciclistas e motoristas acreditam que a educação ambiental deve iniciar-se o quanto antes, para que as crianças aprendam valores ambientais desde pequenos, sendo suas práticas presentes e futuras baseadas nesses valores. Dias (2004) avalia que a educação ambiental deve estar presente em todas as etapas da vida, iniciando-se em casa, antes da idade escolar, para que se desenvolva nos indivíduos uma mentalidade acerca das relações dos homens com o meio ambiente. Na infância, os indivíduos são mais propensos a agregar valores e conceitos, sendo, assim, muito importante que essa agregação de valores, oriunda da educação ambiental, se inicie o quanto antes para que os seus objetivos sejam atingidos. Cônscios da importância de iniciar a educação ambiental o quanto antes com as crianças, os ciclistas e motoristas que participaram da pesquisa certamente irão agir nesse sentido com seus filhos, sobrinhos, primos e netos, transmitindo-lhes valores voltados para a proteção e preservação do nosso meio ambiente. 111 Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 5: Quais são os benefícios gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? CICLISTAS Quadro 20 – Ciclistas: categoria benefícios do uso da bicicleta. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) promove a qualidade C1 “... e melhora a de vida qualidade de vida das pessoas.” C2 “... é uma atividade física que ajuda na qualidade de vida...” C3 “... exercício físico que combate o estresse...” C5 “... estimula um estilo vida mais ativo... Benefícios do uso b) reduz a poluição C1 “... não polui o ar...” da bicicleta atmosférica C2 “... sem utilizar nenhum tipo de combustível...” C3 “... não produz poluição atmosférica nem sonora.” C4 “... contribui para evitar o aquecimento global já que não polui o ar...” C5 “... é uma forma de locomoção não poluente.” c) melhora o trânsito C1 “... com mais bicicletas menor será o fluxo de carros...” C3 “... reduz os imensos congestionamentos...” 112 C4 “... melhora o trânsito nas cidades MOTORISTAS Quadro 21 – Motoristas: categoria benefícios do uso da bicicleta. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) promove a qualidade M1 “... contribui para o bem de vida estar físico e psicológico...” M2 “... excelente oportunidade de fazer um exercício e melhorar a saúde.” M5 “... prática regular de atividade física melhorando a qualidade de vida...” b) reduz a poluição M1 “... ela não polui o nosso Benefícios do uso atmosférica ar...” da bicicleta M2 “... reduz a poluição, inclusive a sonora.” M3 “... não emite partículas poluentes...” M4 “... não usa combustível então não polui.” c) melhora o trânsito M1 “... reduzindo congestionamentos.” M2 “...desafoga o trânsito...” M3 “... reduz número de veículos rodando...” M5 “... ocupam menos espaço, facilitando a circulação.” 113 Os benefícios gerados pela adoção das bicicletas como principal meio de transporte elencados pelos ciclistas e motoristas foram a promoção da qualidade de vida, a redução da poluição atmosférica e a melhora no trânsito das cidades. Cita Boogaard et al. (2011) que as bicicletas não poluem e, apesar dos riscos evidentes, são uma alternativa sustentável para o meio ambiente e para melhorar a circulação nas cidades. Diante dos atuais níveis de poluição atmosférica, a mudança de meio de locomoção para as bicicletas reduziria significativamente a emissão de poluentes na atmosfera; e, como as bicicletas são veículos que ocupam bem menos espaço que os carros, o trânsito nas cidades iria diminuir, dada a menor circulação diária de veículos automotores. Pedalar é uma atividade física que se praticada regularmente, gera diversos benefícios para a saúde, como a melhoria do condicionamento físico, redução do estresse e promoção da qualidade de vida dos indivíduos. Caminhar e pedalar são duas alternativas para os indivíduos que querem melhorar a sua qualidade de vida por meio da prática regular de uma atividade física, e não dispõe de tempo livre disponível para tal (MATSUDO, 2001) Nos dias de hoje, as pessoas estão sempre apressadas e quase não lhes sobra tempo livre para praticar uma atividade física. Adotando as bicicletas como meio de transporte, a prática da atividade física ocorrerá em um horário em que antes o indivíduo permanecia sentado dentro de seu automóvel, preso nos congestionamentos. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 6: Quais são os riscos gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? CICLISTAS Quadro 22 – Ciclistas: categoria riscos do uso da bicicleta. 114 Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) falta de segurança C1 “... risco de acidentes no trânsito...” C2 “... elevado índice de acidentes...” C3 “... atropelamentos diários...” C4 “... colisões e atropelamentos...” C5 “... acidentes envolvendo bicicletas...” b) falta de educação C2 “... falta educação no Riscos do uso da no trânsito trânsito por parte dos bicicleta motoristas...” C3 “... motoristas que não respeitam as leis de trânsito...” C4 “... os ciclistas não são respeitados...” C5 “ ...conscientização zero dos motoristas.” c) má conservação da C1 “... vias com pavimentação via irregular...” C3 “... os espaços destinados as bicicletas são precários...” C4 “... buracos e obstáculos na via.” MOTORISTAS Quadro 23 – Motoristas: categoria riscos do uso da bicicleta. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) falta de segurança M1 “... muitos 115 atropelamentos...” M2 “... acidentes graves e frequentes.” M3 “... não há segurança para o ciclista...” M4 “... acidentes causados pela ausência de Riscos do uso da infraestrutura...” bicicleta M5 “... insegurança e acidentes.” b) falta de educação M2 “... desrespeito ao Código no trânsito de Trânsito...” M4 “... falta de consciência dos motoristas.” M5 “... as pessoas tem pressa e acabam desrespeitando as leis...” Quando questionados acerca dos riscos da adoção das bicicletas como meio de transporte, os ciclistas e motoristas apontaram a falta de segurança, a ausência de educação no trânsito e a má conservação das vias onde circulam as bicicletas. O pensamento é compartilhado por Boogaard et al. (2011) que afirma que os riscos para os ciclistas nas cidades são a falta de espaços seguros para sua circulação, sua vulnerabilidade perante os demais veículos e a falta de consciência coletiva. Esses riscos apresentados são fatores preponderantes para que os indivíduos não adotem a bicicleta como principal meio de transporte. É preciso que as cidades disponibilizem espaços adequados e com infraestrutura de segurança para que os riscos de circular com de bicicleta sejam anulados ou minimizados e com isso mais pessoas irão modificar seu meio de transporte usual, voltando-se para as bicicletas. 116 A conscientização dos motoristas também é vital para esse processo de mudança, uma vez que eles continuarão a interagir de maneira direta com as bicicletas no trânsito, a segurança dos ciclistas depende do cumprimento das leis do Código de Trânsito Brasileiro por parte dos motoristas. Assim como as professoras, os ciclistas e motoristas apontam a insegurança como principal fator para a não adoção da bicicleta como meio de locomoção. Essa insegurança é causada pelos acidentes envolvendo bicicletas, causados na grande maioria por imprudência dos motoristas, e pela má conservação da via que, atualmente, é utilizada como ciclovia na cidade de Atibaia. A questão da infraestrutura inadequada que se apresenta hoje, começará a melhorar ainda em 2014, com o início do projeto para a construção de ciclovias nos moldes da Federação Internacional de Ciclismo. Como referido em páginas anteriores, o projeto é fruto de uma parceria da Secretaria de Trânsito e Transportes com a Secretaria de Esportes e Lazer, o que demonstra que as bicicletas são vistas pelo poder público não só como uma forma de lazer, mas, também, como uma opção de transporte para a população da cidade. Categoria e subcategorias identificadas na pergunta 7: O que em sua opinião pode ser feito para melhorar o trânsito de bicicletas na cidade? CICLISTAS Quadro 24 – Ciclistas: categoria como melhorar a circulação das bicicletas. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) espaço físico seguro C1 “... ciclovias adequadas e seguras...” C2 “... criar espaços exclusivos para as bicicletas...” C3 “... ter ciclovias 117 seguras por toda a cidade.” C4 “... melhoras a segurança nas vias Como melhorar a onde circulam circulação das bicicletas bicicletas...” C5 “... ciclovias com infraestrutura e segurança.” b) programas de C3 “... programas educação no trânsito constantes de conscientização no trânsito...” C4 “... novos projetos direcionados a segurança no trânsito.” C5 “... educação no trânsito nas escolas...” MOTORISTAS Quadro 25 – Motoristas: categoria como melhorar a circulação das bicicletas. Categoria Subcategoria Unidade de Registro a) espaço físico seguro M1 “... criar ciclovias seguras em todos os aspectos...” M2 “... cidade investir em ciclovias.” 118 M3 “... vias com segurança para as pessoas andarem de Como melhorar a bicicleta.” circulação das bicicletas M4 “... melhorar a infraestrutura atual.” M5 “... incentivar o uso oferecendo mais segurança.” b) programas de M1 “... educar os educação no trânsito motoristas.” M3 “... investir em programas e projetos de educação no trânsito...” Espaços físicos seguros e programas de educação no trânsito foram as medidas apresentadas pelos ciclistas e motoristas para melhorar o trânsito de bicicletas na cidade. A circulação de bicicletas, de acordo com a Companhia de Engenharia e Tráfego - CET-SP (2013) deve ocorrer em espaços seguros com relação à infraestrutura de segurança. Como os carros precisam que as vias estejam em boas condições para uma circulação segura, assim também essa regra é válida para a circulação das bicicletas. No trânsito o ciclista está muito mais exposto que o motorista de qualquer veículo motorizado, portanto são muito maiores as chances de sofrer um acidente com mais gravidade por algum problema na conservação da via, como a pavimentação irregular ou obstáculos no percurso. A necessidade de programas de educação no trânsito evidenciam que poucos motoristas conhecem ou seguem as leis presentes no Código de Trânsito Brasileiro. Muitos acidentes poderiam ser evitados caso as leis 119 fossem cumpridas, e, com isso, o trânsito seria muito mais seguro para os ciclistas do que é atualmente. Faz-se, por conseguinte, necessário que todos conheçam e respeitem as leis, adotando uma postura de respeito para com os demais agentes envolvidos no trânsito. Advoga Martins (2004) que o indivíduo que obedece à legislação de trânsito está exercendo a sua cidadania e demonstra ter educação, paciência e prudência. É dever do poder público garantir um espaço de circulação mais seguro para todos, inclusive, portanto, para os ciclistas. Como dito anteriormente, em Atibaia essa questão começará a ser resolvida quando do início do projeto de construção de ciclovias na cidade durante o ano de 2014. No que diz respeito à educação no trânsito, a prefeitura de Atibaia deveria promover mais campanhas de conscientização para atingir um número maior de indivíduos, e modifiquem suas práticas ao volante, contribuindo para uma circulação mais segura. Opinião dos ciclistas e motoristas sobre a pergunta 8: Quais os fatores que, em sua opinião, desmotivam os indivíduos a adotarem as bicicletas como meio de transporte principal? CICLISTAS Quadro 26 – Ciclistas: Opinião sobre os fatores que desmotivam o uso das bicicletas. ALTERNATIVA RESPOSTAS falta de infraestrutura C1 – C2 – C3 – C4 – C5 ausência de ciclovias C1 – C2 – C3 – C4 – C5 sedentarismo manutenção status insegurança C1– C2 – C3 – C4 – C5 falta de incentivo C2 – C3 – C4 – C5 alto custo da bicicleta estacionamento C3 – C4 pressa na locomoção C1 – C4 – C5 120 MOTORISTAS Quadro 27 – Motoristas: Opinião sobre os fatores que desmotivam o uso das bicicletas. ALTERNATIVA RESPOSTAS falta de infraestrutura M4 – M5 ausência de ciclovias M1 – M2 – M3 – M4 – M5 sedentarismo manutenção status insegurança M1 – M2 - M3 – M4 – M5 falta de incentivo alto custo da bicicleta estacionamento pressa na locomoção M1 – M4 – M5 Os fatores citados pelos ciclistas e motoristas que desmotivam os indivíduos a adotarem as bicicletas como meio de transporte foram a falta de infraestrutura, ausência de ciclovias, insegurança, falta de incentivo, problemas para estacionar e a pressa na locomoção. Com exceção dos dois últimos fatores (estacionamento e pressa), todos os demais estão relacionados direta ou indiretamente com a segurança do ciclista. A falta de infraestrutura segura e a ausência de ciclovias demonstram que os indivíduos não consideram os espaços atuais seguros para a circulação das bicicletas; assim, não irão utilizá-las como principal meio de transporte. Esse fato é reforçado quando se verifica que todos os ciclistas e motoristas apontaram a insegurança como fator desmotivante. É, portanto, notório para ambos os grupos pesquisados que, atualmente, circular de bicicleta nas cidades é algo muito perigoso e, por isso, muitos indivíduos deixam de adotá-las. Esse quadro é agravado pela ausência de incentivos para as pessoas adotarem as bicicletas. Não só por parte do poder público, quando não 121 oferece uma infraestrutura adequada e segura para a circulação das bicicletas; tal ausência também ocorre por parte das empresas quando não oferecem alternativas - local para estacionar, flexibilidade no horário de chegada e vestiários para as pessoas poderem se trocar - aos funcionários que poderiam ir ao trabalho de bicicleta. Já no que diz respeito à pressa na locomoção, frente ao trânsito caótico que se apresenta nas cidades nos dias de hoje, caso haja uma infraestrutura adequada e segura, certamente os indivíduos que optassem pela bicicleta como meio de transporte, chegariam aos seus destinos no mesmo horário que chegariam utilizando outro veículo. Com a vantagem de estarem poluindo o meio ambiente, praticarem uma atividade física regular que vai promover a sua qualidade de vida e contribuindo para minimizar os problemas atuais de trânsito nas cidades. Opinião dos ciclistas e motoristas sobre a pergunta 9: Quais itens de segurança são indispensáveis em sua opinião para a segurança dos ciclistas? CICLISTAS Quadro 28 – Ciclistas: Opinião sobre os itens de segurança indispensáveis. ALTERNATIVA RESPOSTAS pavimentação C2 – C3 – C4 retrovisores C2 – C3 – C4 – C5 largura da via C1 – C3 – C4 – C5 capacete C1 – C2 – C3 – C4 – C5 farol C1 – C2 – C3 – C4 – C5 luvas C3 – C4 separação física dos outros veículos C1 – C3 – C4 – C5 sinalização vertical C3 – C4 conservação da via C1 – C2 – C3 – C4 buzina C1 – C2 – C3 – C4 – C5 camisa com faixa refletora C3 – C4 – C5 kit de ferramentas C3 – C4 122 MOTORISTAS Quadro 29 – Motoristas: Opinião sobre os itens de segurança indispensáveis. ALTERNATIVA RESPOSTAS pavimentação M1 – M3 – M4 retrovisores M1 – M3 largura da via M1 – M3 capacete M1 – M2 – M3 – M4 – M5 farol M1 – M2 – M3 – M4 – M5 luvas M1 – M3 separação física dos outros veículos M2 – M3 – M4 – M5 sinalização vertical M1 – M3 conservação da via M1 – M3 – M4 buzina M1 – M2 – M3 – M4 – M5 camisa com faixa refletora M1 – M2 – M3 – M4 – M5 kit de ferramentas M1 – M3 – M5 Todos os itens de segurança que constavam no questionário foram citados pelos ciclistas e motoristas; apenas três desses itens foram citados por todos: o capacete, o farol e a buzina. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro – CTB em seu capítulo IX, art. 105, são itens de segurança obrigatórios para as bicicletas a campainha (buzina), a sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, além do retrovisor do lado esquerdo. Nenhum dos pesquisados apontou em sua resposta todos esses itens de segurança obrigatórios de acordo com o CTB. Não que os demais itens não sejam importantes para a segurança dos ciclistas, mas, ao não utilizarem algum item indispensável, ele estará colocando em risco a sua integridade física e a da população no geral. É como se um carro tivesse freios ABS, e o motorista não utilizasse o cinto de segurança que é um item obrigatório. Em caso de uma colisão, os freios ABS ajudarão na frenagem, mas o indivíduo será arremessado contra o vidro dianteiro e, certamente, sofrerá algum tipo de lesão. Pode-se ver que tanto os ciclistas como os motoristas da cidade de Atibaia desconhecem os itens de segurança obrigatórios para a circulação segura das bicicletas. Ao não cumprirem o que diz a lei, eles estão 123 contribuindo para aumentar a insegurança e o número de acidentes no trânsito envolvendo as bicicletas nas cidades. Uma mudança nesse contexto é possível caso sejam promovidos juntos à população, programas de Educação Ambiental em todas as escolas e de educação no trânsito a exemplo dos oferecidos pela CET-SP a nível presencial ou virtual. 124 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES A presente pesquisa expõe aspectos relacionados com o uso da bicicleta, enfatizando sua influência na qualidade do meio ambiente urbano, e os riscos inerentes à infraestrutura das ciclovias com foco na cidade de Atibaia (SP). A pesquisa destacou que a bicicleta foi sendo aperfeiçoada ao longo dos tempos, e atualmente vem sendo utilizada como meio de locomoção regular ou de lazer em vários países, propiciando ao ciclista elevado grau de atividade física além de ser uma alternativa de mobilidade ambientalmente sustentável que atende aos requisitos básicos para o deslocamento dos indivíduos. Ficou evidente pela literatura consultada que há ampla comprovação de estudos demonstrando os impactos negativos para o meio ambiente, devido ao trânsito desordenado, e por consequência impactos negativos para a saúde humana (alta incidência de doenças cardiorrespiratórias e cardiovasculares). As bicicletas, são hoje uma opção para grande parte da população que tem dificuldades em pagar qualquer transporte urbano motorizado, além de propiciar o exercício físico, porém requer investimentos públicos e políticas públicas de mobilidade para deslocamentos mais seguros e saudáveis. Nesse cenário, usar a bicicleta como meio de transporte ou de lazer, apresenta-se como uma opção importante do ponto de vista social, ambiental e econômico. Tem potencial de proporcionar segurança aos usuários desde que os sistemas de transporte públicos e de trânsito sejam bem planejados e integrados com programas de educação ambiental no ensino formal e não forma, como também na conscientização de toda população, no cumprimento das leis do trânsito. 125 Segundo a OPAS (2010), a exposição crônica a poluentes atmosféricos acima dos padrões exigidos tem sido associada a alta incidência de doenças respiratórias e cardiovasculares, principalmente em crianças e idosos. Portanto, sempre que possível, convém reduzir o uso de automóveis em favor de outras modalidades de transportes que causem menos poluição do ar e do solo. Constatou-se que a atual ciclovia da Cidade de Atibaia, não apresenta uma infraestrutura adequada para a circulação de bicicletas, portanto é imprescindível a intervenção das autoridades municipais, para a implantação do projeto da nova ciclovia que está em estudo na Prefeitura, para incentivar o uso da bicicleta e propiciar aos pedestres, motoristas e ciclistas uma melhor qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. Buscando-se conhecer a opinião de ciclistas, motoristas e professores da cidade de Atibaia (SP), sobre a temática da presente dissertação, concluiu-se que: - Os ciclistas e motoristas entrevistados demonstraram uma concepção correta acerca do conceito de meio ambiente e da Educação Ambiental, aferindo que ela (EA) deveria ser iniciada na educação infantil, pois é mais fácil ensinar e adquirir valores na infância. Por outro lado, verificou-se que a maioria dos ciclistas e motoristas entrevistados desconheciam os itens de segurança obrigatórios para a circulação segura de bicicletas e consequentemente, não cumprem os itens de segurança que constam do Código de Trânsito Brasileiro em seu capítulo IX art. 105. - Foi consenso entre as professoras da escola, que a educação ambiental está presente em suas práticas pedagógicas como tema transversal, e muitas delas a ensinam em suas disciplinas e também na forma de projetos, em 126 consonância com as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental Lei 9.795/99 e da Resolução n° 02/2012 do MEC, que obriga a inserção da educação ambiental em toda a grade curricular. O estudo procurou por em evidência a importância da educação ambiental na mudança de atitudes e comportamentos em relação ao meio ambiente, ao trânsito e ao sentido de solidariedade entre pedestres, ciclistas e motoristas. Este trabalho, pretende ser um ponto de partida no sentido de colaborar com outros estudos em função do incipiente hábito do uso da bicicleta como meio de transporte, e incentivar uma maior cooperação e responsabilidade compartilhada entre os vários setores do governo, da educação e da população em geral, com a melhoria da segurança das ciclovias e prevenção dos acidentes de trânsito. 127 6 REFERÊNCIAS ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050:2004. ABRACICLO – Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares. Dados do Setor, 2012. Disponível em: <www.abraciclo.com.br/index.php?option=com_content&view=category&layo ut=blog&id=21&Itemid=37>. Acesso em: 3 mar. 2013. AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: Agenda 21. Brasília, 2 ago. 1994. Tradução do Ministério das Relações Exteriores. AMOÊDO, J. 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Porto Alegre: Bookmann, 2010. 137 APÊNDICE– A ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS - PROFESSORAS Nome:________________________________________________ Idade:________________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Estado Civil:___________________________________________ Nível de Escolaridade:___________________________________ Tempo de docência:_____________________________________ Cargo atual na escola:___________________________________ Email:________________________________________________ 1- O que você entende por meio ambiente? _____________________________________________________ 2- Qual a sua compreensão acerca da educação ambiental? _____________________________________________________ 138 3- Como a educação ambiental está inserida no currículo da escola? 4- Como você vem trabalhando a educação ambiental em sua prática pedagógica? _____________________________________________________ 5- O que você gostaria de fazer para melhorar essa prática? Quais recursos você gostaria de utilizar para abordar os temas relacionados ao meio ambiente? 6- Em sua opinião, quem são os responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente? ( ) crianças ( ) adultos ( ) prefeitura ( ) donos de fábricas ( ) governo ( ) professores Outros (pessoal):_______________________________________ 7- Qual o nível de ensino mais adequado em sua opinião para se iniciar a educação ambiental? Justifique sua opinião. Educação Infantil ( ) Ensino Fundamental I ( ) 139 Ensino Fundamental II ( ) Ensino Médio ( ) Superior ( ) Pós-Graduação ( ) _____________________________________________________ 8- Quais são os benefícios gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? _____________________________________________________ 9- Quais são os riscos gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? 10 - Segundo a sua opinião, como a Educação para o Trânsito pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade? _____________________________________________________ 11- Em quais locais e de que maneira pode ser trabalhada a Educação para o Trânsito? _____________________________________________________ 140 APÊNDICE – B ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA COLETA DE DADOS – CICLISTAS E MOTORISTAS Nome:________________________________________________ Idade:________________________________________________ Sexo: ( ) M ( ) F Estado Civil:___________________________________________ Nível de Escolaridade:___________________________________ Ocupação:_____________________________________ Email:________________________________________________ 1- O que você entende por meio ambiente? _____________________________________________________ 2- Na sua opinião, o que é educação ambiental? _____________________________________________________ 141 3- Em sua opinião, quem são os responsáveis pela proteção e preservação do meio ambiente? ( ) crianças ( ) adultos ( ) prefeitura ( ) donos de fábricas ( ) governo ( ) professores Outros (pessoal):_______________________________________ 4- Qual a faixa etária mais adequada em sua opinião para se iniciar a educação ambiental? Justifique sua opinião. 0 - 5 anos ( ) 6 - 10 anos ( ) 11 - 15 anos ( ) 16 – 20 anos ( ) 21 – 25 anos ( ) 26 – 30 anos ( ) acima dos 30 anos ( ) _____________________________________________________ 5- Quais são os benefícios gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? 6- Quais são os riscos gerados pela adoção da bicicleta como meio de transporte principal em detrimento aos veículos automotores? 142 7- O que em sua opinião pode ser feito para melhorar o trânsito de bicicletas na cidade? _____________________________________________________ 8- Quais os fatores que, em sua opinião, desmotivam os indivíduos a adotarem as bicicletas como meio de transporte principal? ( ) falta de infraestrutura ( ) insegurança ( ) ausência de ciclovias ( ) falta de incentivo ( ) sedentarismo ( ) alto custo da bicicleta ( ) manutenção ( ) estacionamento ( ) status ( ) pressa na locomoção Outros(pessoal):________________________________________ 9- Quais itens de segurança são indispensáveis em sua opinião para a segurança dos ciclistas? ( ) pavimentação ( ) separação física dos outros veículos ( ) retrovisores ( ) sinalização vertical ( ) largura da via ( ) conservação da via ( ) capacete ( ) buzina ( ) farol ( ) Camisa com faixa refletora ( ) luvas ( ) kit de ferramentas Outros (pessoal):_____________________________________________ 143 144