UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
LETRAS

GIOVANNA ZAVAN KUROSU

Emma: a condição feminina em pauta

São Paulo

2023



 

 

  

 

 

 
Emma: a condição feminina em pauta

 
 

 

 

 
Projeto de pesquisa para elaboração do Trabalho de

Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à

obtenção do grau de licenciatura em Letras.

 

 

 

 ORIENTADORA: Profa. Dra. Alleid Ribeiro Machado
 

 

 

 

SÃO PAULO – SP
2023



GIOVANNA ZAVAN KUROSU

EMMA: A CONDIÇÃO FEMININA EM PAUTA

Projeto de pesquisa para elaboração do Trabalho de

Conclusão de Curso apresentado à Universidade

Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à

obtenção do grau de licenciatura em Letras.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Profª. Drª. Lilian Cristina Correa

Universidade Presbiteriana Mackenzie

______________________________________________________

Profª. Drª. Maria Elisa Rodrigues Moreira

Universidade Presbiteriana Mackenzie

______________________________________________________

Profª. Drª. Alleid Ribeiro Machado

Universidade Presbiteriana Mackenzie



AGRADECIMENTOS

Alguns parágrafos não são suficientes para mencionar todos que me trouxeram

até esse ponto. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer minha orientadora, Alleid

Ribeiro Machado, que esteve presente em todos os momentos do trabalho.

Obrigada por ler minhas primeiras versões, algumas páginas sem futuro, mas com

muito carinho e suor. Mil vezes obrigada por abrir caminho para esse trabalho.

Não posso deixar de agradecer a base de tudo, minha mãe, Heline. Obrigada por

ter sido tudo que eu sempre precisei. Que orgulho que eu tenho de ser uma parte

tão pequena da sua imensidão. Nada seria possível sem sua fé inabalável em mim,

mesmo quando eu mesma não acreditava. Eu te amo, melhor amiga.

Gostaria de agradecer também meu pai, Ricardo, cuja paciência de aguentar

nossas discussões foi imensa. Obrigada por superar sua criação, que não foi repleta

de carinho, e me dar os abraços mais apertados sempre que eu precisei.

Impossível não lembrar das minhas duas metades, minhas irmãs, Olivia e

Luciana. Olivia, minha irmãzinha, você vai sempre ser um bebê nos meus olhos.

Luciana, minha tata, você será pra sempre minha inspiração. Amo vocês, crianças.

À minha tia Helga. Seu amor e sua confiança nunca falharam comigo, nem com

ninguém ao seu redor. Você carrega uma aura de amor onde quer que vá, que sorte

a minha de ser sua sobrinha e de poder amar você de perto.

Por último, não posso deixar de agradecer às minhas parceiras de curso,

Geovana e Valentina. Minhas pintinas, que prazer ter compartilhado todas as

angústias, frustrações, mas também felicidades e amores com vocês. Gigi, obrigada

por ser minha companheira de todas as horas, me acompanhar em passeios de

senhora e sempre me apoiar em tudo, inclusive nas frustrações com esse trabalho.

Nina, obrigada por ter dividido um guarda-chuva comigo no primeiro dia e me

mostrado desde sempre que eu não estou sozinha. Espero ter sido metade do que

vocês foram para mim e espero que possamos sempre continuar assim, juntas.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie, obrigada pelos 4 anos mais

inesquecíveis que eu já tive. Obrigada.



“Qualquer pessoa, seja homem ou mulher,

que não souber apreciar um bom romance

deve ser insuportavelmente estúpido.”

(Jane Austen)



RESUMO
O presente trabalho busca investigar as mudanças entre a personagem Emma do
romance homônimo de Jane Austen e a adaptação de mesmo nome lançada nas
plataformas digitais em 2020, mais especificamente, sob a perspectiva da mudança
de paradigmas femininos com a influência do movimento feminista. Dessa forma, a
pesquisa tem como objetivo estudar a obra originária e a personagem, descrever
como esta é relida no cinema, além de pontuar os pontos de convergência, reforço e
transgressão com a obra basilar. Para tanto, será utilizada pesquisa bibliográfica
para investigar as indagações mencionadas no objetivo do trabalho. Propõe-se,
portanto, contextualizar a sociedade de Jane Austen segundo os estudos de
Alexandrova (2018), bem como as mudanças acarretadas pelo movimento feminista,
como postulado por Machado (2018). Além disso, expor os estudos acerca da
figuração e refiguração de personagens, segundo Reis (2016) e, por fim, realizar
uma análise, unindo os tópicos estudados previamente. Dessa forma, será possível
afirmar o caráter transgressor na obra de Austen, bem como afirmar a mesma
característica em De Wilde.

Palavras-chave: Jane Austen; feminismo; construção de personagem.



ABSTRACT
The present work seeks to investigate the changes between the character Emma

from the homonym romance by Jane Austen and the adaptation with the same name
released on digital platforms in 2020, more specifically under the perspective of the
change in feminine paradigms with the influence of the feminist movement. Thereby,
the research has the objective of studying the original work, the character, describe
how she's reconstructed in cinema, in addition to punctuating the points of
convergence, rupture and disruption with the basic work. Therefore, we will utilize a
bibliographic research to investigate the questions mentioned in the objective of the
work. Thus, proposes to contextualize Jane Austen’s society according to
Alexandrova (2018), additionally to the changes entitled by the feminist movement,
as postulated by Machado (2018). Furthermore, expose the studies concerning
character figuration and refiguration, according to what Reis (2016) affirms and lastly,
the analysis, uniting the topics studied previously. Hence, it will be possible to affirm
the transgressor character in Austen’s work, as well as state the same characteristic
in De Wilde’s work.

Keywords: Jane Austen; feminism; character development.



Lista de figuras

Figura 1 – Emma com o vestido branco ………………………………………… 23

Figura 2 – Emma com o vestido branco ……………………………………….... 26

Figura 3 – vestido com detalhes verdes ………………………………………… 26

Figura 4 – olhar de Emma após fala de seu pai ………………………………... 29

Figura 5 – olhar de Emma após fala de seu pai ………………………………... 29

Figura 6 – briga após Harriet negar o pedido de casamento de Mr. Martin … 30

Figura 7 – olhar de Emma para Mr. Elton ……………………………………….. 31

Figura 8 – jovens no internato se reunindo para ver Emma ………………..… 32

Figura 9 – nariz de Emma sangrando após confissão de Mr. Knightley …….. 34

Figura 10 – Emma e Harriet se abraçam ……………………………………….... 34



Sumário

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9

2. A CONDIÇÃO FEMININA: DE JANE AUSTEN AO CONTEXTO DE AUTUMN DE
WILDE........................................................................................................................ 11

2.1. Jane Austen e o contexto da época............................................................ 12

2.2. Feminismo e seus avanços..........................................................................14

2.3. A adaptação fílmica no campo feminista....................................................17

3. OS ESTUDOS DE FIGURAÇÃO E REFIGURAÇÃO DA PERSONAGEM...........19

3.1. A construção e reconstrução da personagem: Reis, Candido e Santos.20

3.2. Emma no processo de figuração e refiguração......................................... 24

4. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS OBRAS....................................................27

4.1. Casamento segundo Emma......................................................................... 28

4.2. A equidade em Emma................................................................................... 30

4.3. Emma e Harriet.............................................................................................. 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................35

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................37



9

1. INTRODUÇÃO

Jane Austen foi uma escritora inglesa que nasceu em 16 de dezembro de 1775 e

morreu no dia 18 de julho de 1817. Entre essas duas datas, porém, Austen escreveu

diversas histórias que seguem importantes até os dias atuais.

“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de

uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa” (AUSTEN, 1813), assim

inicia o romance mais famoso da autora, Orgulho e Preconceito (1813). Ainda em

vida, Austen recebeu prestígio por seus livros, recebendo até mesmo um pedido do

príncipe regente para que ela dedicasse sua próxima obra a ele.

Dessa forma, sua próxima obra inicia com os seguintes dizeres: “Para a Sua

Alteza Real o Príncipe Regente, esse trabalho é, com a permissão de Sua Alteza

Real, respeitosamente dedicado, por sua mais atenciosa, obediente e humilde serva,

A Autora.” (AUSTEN, 2022, p. s/p)

Esse livro se intitulou Emma, o qual estudaremos no presente trabalho. Essa

obra conta a história da jovem Emma Woodhouse, uma moça rica, que perdeu a

mãe muito cedo, sendo criada por seu pai e sua governanta, Miss Taylor. Apesar de

ter uma irmã mais nova já casada, ela não planeja ter o mesmo destino, ao invés

disso, decide que seu verdadeiro chamado é ser casamenteira, ou seja, ser adjutora

na formação de casais. Com essa missão em mente, Emma começa sua jornada

procurando um bom pretendente para Harriet Smith, uma jovem de origem humilde.

Essa obra é sua penúltima publicada em vida, uma vez que faleceu dois anos

depois do lançamento dela. Austen chegou a escrever o livro Persuasão e iniciou a

escrita de Sandditon, mas faleceu em decorrência do que os médicos atualmente

conhecem por “doença de Addison” antes que pudesse terminá-la.

Mais de um século depois, Emma teve diversas adaptações, como webséries:

Emma Approved (2014); filmes: Aisha (Índia, 2010); a série homônima do canal BBC

(2009); e até mesmo o sucesso de bilheteria Patricinhas de Beverly Hills (EUA,

1995). Mais recentemente, houve o lançamento do filme homônimo lançado em

2020, com direção de Autumn de Wilde (EUA), do qual construiremos um paralelo.

Formando este paralelo, será possível entender aspectos da refiguração da

personagem Emma, além de entender se a obra difere da originária e os motivos

que influenciam essa mudança, como as próprias alterações sofridas pelos

paradigmas femininos acarretados pelas ondas feministas, por exemplo.



10

Para tanto, deve ser realizada uma pesquisa bibliográfica com intuito de

encontrar respostas para o motivo das alterações feitas na adaptação, além de

ressaltar os pontos de diferenciação entre a obra original e o longa-metragem.

Dessa forma, esse trabalho encontra suas possíveis conclusões e análises nos

trabalhos de Machado (2018), Reis (2016), Offen (1988), entre outros.



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2. A CONDIÇÃO FEMININA: DE JANE AUSTEN AO CONTEXTO DE AUTUMN DE
WILDE

Carlos Reis (2015) afirma que elementos psicológicos, sociais e culturais são o

que ajudam a personagem a sair da ficção e alcançar o leitor. Ou seja, tais

elementos ajudam a reconhecê-la dentro do próprio mundo do leitor. Dessa forma, é

imprescindível falar de livros e adaptações, incluindo o contexto histórico em que as

obras em questão se inserem.

É importante compreender a sociedade georgiana em que Jane Austen está

inserida, em todos os seus aspectos, sejam eles financeiros, políticos, históricos, até

mesmo de costumes, para que possamos compreender a obra original por ela

produzida, assim como a sua adaptação cinematográfica.

Simultaneamente, é importante compreender a era pós-moderna em que a

adaptação fílmica é feita, para que compreendamos como a figura de Emma

Woodhouse é figurada em cada época de produção da obra. Portanto, cada

mudança feita pela adaptação é justificada pelo momento histórico e os valores

associados a ele.

Outro aspecto interessante de se atentar ao falar do contexto histórico em que as

obras, e principalmente as personagens, se inserem, são as mudanças exercidas

pelo feminismo. As mudanças iniciadas pelas sufragistas tratam de importantes

avanços políticos nos direitos femininos, mas também afetam os valores da

sociedade e o que consideramos como “morais” e “imorais”.

Sendo assim, comparar a obra e a adaptação não envolve unicamente aspectos

literários e cinematográficos, mas também político-sociais da sociedade georgiana e

pós-moderna, que influenciam em toda a construção das obras, além da recepção

que ambas recebem em seus campos.



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2.1. Jane Austen e o contexto da época

Jane Austen nasceu em uma época de prosperidade na Inglaterra. A era

Georgiana perdurou aproximadamente de 1714 até 1830, sendo a única época

testemunhada por Austen, que nasceu em 1775 e faleceu em 1817.

Em 1701, na Inglaterra, foi aprovado o Act of Settlement, ou Decreto de

Estabelecimento em português, que garantia a sucessão da coroa a outros

protestantes. De acordo com esse decreto, a coroa passaria para a Princesa Sophia

de Hanôver, mas ela acabou morrendo antes da monarca então reinante, Rainha

Ana. Assim, em 1714, quando Ana morreu sem herdeiros, a sucessão recaiu nas

mãos de Jorge de Hanôver, um protestante, que se tornou Jorge I da Grã-Bretanha.

Esse evento marcou o início da sucessão de três reis chamados Jorge (seu filho e,

posteriormente, neto), dando origem à chamada Era Georgiana.

Apesar do período de desenvolvimentos urbanos, crescimento industrial,

aumento do consumismo e de um maior acesso a artigos de luxo (bem como de um

aumento da pobreza), especialmente em Londres, os monarcas não eram

benquistos entre a população, posto que Jorge I e Jorge II eram considerados

estrangeiros, pois eram nascidos em Hanôver, uma cidade alemã. Entretanto, Jorge

III conseguiu maior popularidade pois nasceu na Inglaterra.

Durante o governo da família sucessora dos polêmicos Tudor, a classe social

acabou separando grandemente as pessoas. A hierarquia se organizava da seguinte

forma: realeza acima de todos, nobreza acima do clero e clero acima da classe

trabalhadora. Era assim que se formava a estrutura social britânica. Por esse motivo,

Alexandrova (2018) diz que esse período foi de muita liberdade de movimento entre

esses estratos, apesar de existir uma grande distância financeira, ou seja, os ricos

eram muito ricos e os pobres eram muito pobres. O autor complementa dizendo

ainda que a classe média era a força motriz da economia desse período.

Podemos refletir também sobre a existência feminina nesse período, em que o

feminismo ainda não era um movimento de impacto ou que já gerava resultados.

Muito pelo contrário. Dessa forma, quando analisamos o comportamento ideal da

mulher do século XVIII, encontramos uma mulher delicada, doce e doméstica

(JONES, 2006). O papel da mulher era ainda de mãe, esposa e cuidadora, o



13

patriarcado a obrigava a cumprir esse papel. Segundo Pollock (1998), o pensamento

era de que a mulher devia obediência ao marido —e, caso não fosse casada, ao pai.

Além disso, a situação matrimonial da mulher do século XVIII era bastante rígida,

o divórcio não era bem-visto e a mulher divorciada, apesar de ser permitido,

acabava ficando à parte da sociedade, entrando em uma certa obscuridade. No caso

do homem pedir divórcio, não seria um problema, apenas feriria os direitos de outro

homem (THOMAS, 1995).

Apesar dessas restrições, nesse período, já havia a permissão da mulher de

trabalhar, caso a renda do marido não contemplasse os gastos da família e caso a

família não possuísse terras para cultivar, elas eram permitidas de ir para fábricas e

trabalhar. Entretanto, se o salário masculino já era baixo, o feminino era

completamente inadequado (CLARK, 1982).

Sendo assim, segundo Thomas (1995), as atitudes da mulher deste século eram

todas baseadas nas vontades dos homens ao seu redor —marido ou pai— e não em

sua própria vontade. Era valorizada sua castidade e obediência; estimulava-se a

necessidade de ficar trabalhando no lar; naturalizava-se a prisão dentro de um

casamento, que envolvia até mesmo agressões —físicas, verbais -.



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2.2. Feminismo e seus avanços

A primeira pessoa a se intitular como “feminista” foi a sufragista Hubertine

Auclert, por volta de 1882 (OFFEN, 1988). Entretanto, em 1792, Mary Wollstonecraft

escreveu o livro A Vindication of the Rights of Woman1, no qual propõe que a

desigualdade entre os sexos era resultado da disparidade da educação recebida

entre homens e mulheres.

Assim, iniciou-se uma onda de pensamento que abarcou a causa dos direitos

femininos, que, em sua maioria, os homens já haviam conquistado. Em 1903,

Emmeline Pankhurst e outras mulheres fundaram a união Women's Social and

Political Union2 (WSPU), dando origem ao movimento das Sufragistas, que lutavam

pelo direito ao voto feminino.

É válido ressaltar que o sufrágio feminino não era a única pauta dessa primeira

onda feminista. Segundo o que argumenta Machado (2018), o movimento defendia

que homens e mulheres mereciam igualdade de oportunidades, especialmente em

questões morais e intelectuais.

Entretanto, é importante notar que a luta feminista em sua fase inicial era restrita,

abrangendo principalmente mulheres brancas das classes mais abastadas. À

medida que os direitos de diversas minorias foram sendo conquistados em diversas

partes do mundo, os estudos sobre o feminismo e as lutas por paridade de gênero

continuam, a fim de contestar situações de desigualdade frente às diferenças de

gênero. Nesse âmbito, Simone de Beauvoir publica seu livro O segundo sexo em

1949, no qual afirma:

Os termos masculino e feminino são usados simetricamente
apenas como uma questão de formalidade. Na realidade, a
relação dos dois sexos não é bem como a de dois pólos
elétricos, pois o homem representa tanto o positivo e o neutro,
como é indicado pelo uso comum de homem para designar
seres humanos em geral; enquanto que a mulher aparece
somente como o negativo, definido por critérios de limitação,
sem reciprocidade. … Está subentendido que o fato de ser um
homem não é uma peculiaridade. Um homem está em seu
direito sendo um homem, é a mulher que está errada.
(BEAUVOIR, 1949, p. 9)

2 União Social e Política da Mulher
1 Uma Reivindicação pelos Direitos da Mulher



15

Destarte, em 1960, inicia-se a segunda onda feminista na Europa. No entanto, foi

na década de 70 que as discussões mudam de foco, passando da opressão

masculina para as questões de gênero. Essa chamada “segunda onda” se

caracterizou pela diversificação das vozes feministas, abrangendo não apenas

mulheres brancas e ricas, mas também as mais pobres, negras, entre outras. É

possível inferir, porém, que essa fase causou o que é chamado de “whitewashing”,

ou seja, o apagamento de pessoas negras de determinada parte da história (MANN;

HUFFMAN, 2005).

As lutas por paridade de gênero seguem avançando, e ao longo do tempo, as

agendas feministas seguem mudando e se adaptando aos novos contextos sociais,

políticos e econômicos. No início da década de 90 e no início do século XX,

iniciaram-se o que alguns nomeaim como a terceira onda feminista. Não obstante,

há estudiosos que argumentam que a terceira onda feminista surgiu, em termos

cronológicos, durante a segunda onda, ao invés de posteriormente a ela (MANN e

HUFFMAN, 2005). Além disso, há quem defenda a ideia de que as três ondas

ocorreram de forma concomitante, incluindo a segunda, terceira e até uma quarta

onda feminista (EVANS e CHAMBERLAIN, 2015).

De todo modo, a década de 90 é considerada como o início da terceira onda

feminista. Essa fase é caracterizada principalmente pela introdução de “novos

paradigmas de comportamento femininos, tendo a ideia de empoderamento como

pedra de toque fundamental” de acordo com Machado (2013, p. 3).

Essa próxima fase engloba diversos momentos e pautas. Machado (2018)

argumenta que essa nova onda é descrita por um influxo de feminismo liberal,

mencionando autoras como Chimamanda Ngozi Adichie. A autora ainda afirma que

esse tipo de feminismo se tornou “prejudicial” , à medida que algumas feministas

acabam se debruçando sobre o chamado feminismo “girlie” para justificar seu

consumismo desenfreado.

Machado (2018) ainda afirma que essa onda é formada por jovens que não se

aprofundaram sobre o feminismo que veio anteriormente, tornando-se um

movimento que, muitas vezes, não considera os aspectos sociais.



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Atualmente, no entanto, estamos vivenciando o surgimento da quarta onda

feminista, que teve início em meados de 2012. Esse novo movimento, ao contrário

de seu antecessor, não rejeita as ideias da segunda onda, que trata de questões

como desigualdade sexual, exploração capitalista, sexismo e patriarcado; pelo

contrário, retoma esses tópicos (CAMPBELL, 2015). Ademais, essa onda está

bastante conectada à Internet, o que torna o feminismo mais diversificado, uma vez

que as lutas acabam por chegar em uma maior quantidade de pessoas, resultando

em uma espécie de “feminismo coletivo” (GARDINER, SHOCKNESS, ALMQUIST e

FINN, 2019).

A forte presença online das feministas também traz outras consequências. Por

exemplo, os estudos sobre a quarta onda agora se encontram disponíveis em sites,

disseminando ideias e reivindicações de forma muito mais rápida e tornando as suas

características muito mais fluidas. Com rápida disseminação de informações e a

mobilizações em massa, as feministas passam a se sentir preparadas para desafiar

injustiças sistêmicas (GARDINER, SHOCKNESS, ALMQUIST e FINN, 2019).



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2.3. A adaptação fílmica no campo feminista

O filme Emma foi lançado no ano de 2020, tendo sido gravado pouco tempo

antes da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o novo vírus,

SARS-CoV-2, seria uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional

(PHEIC) e, posteriormente, uma pandemia. Por isso, o filme foi lançado direto em

plataformas digitais, não passando por telas de cinema. Esse conceito de

lançamento de filmes Blockbuster —ou seja, filmes de sucesso financeiro— sem

passar por cinemas é muito recente, provando o quão contemporâneo o

longa-metragem realmente é.

Assim, podemos inserir o filme, em termos de feminismo, na quarta onda. É

argumentado que essa nova onda surgiu da revolta contra o caso brutal de violência

sexual que ocorreu com uma jovem na Índia. Esse caso ocorreu em dezembro de

2012 e causou revolta global3.

Com essa questão latente se juntando com a própria inclinação das feministas

contemporâneas de se fazerem presentes no mundo online, diversas manifestações

começaram a acontecer em redes sociais, como o movimento #MeToo4, em que

diversas mulheres começam a compartilhar sua experiência de violência sexual,

com o propósito de demonstrar a magnitude do problema e do quão comum é a

situação.

A diretora do filme, Autumn de Wilde não ficou de fora dessa história. A própria

afirma em uma entrevista que: “I think that for Jane Austen’s time, even writing a

character like Emma was very feminist”5. Como se observa, a diretora não sentiu a

necessidade de modernizar a personagem e a obra pois, como afirmou na mesma

entrevista, a obra de Jane Austen é atemporal.

Mesmo com essa afirmação da diretora, é impossível fugir de suas próprias

crenças e do ambiente em que foi inserida. De Wilde conta em outra entrevista o

seguinte: “I was born in Woodstock, in a log cabin in the woods, but I was raised in

5 "Eu acho que, para o tempo da Jane Austen, até escrever uma personagem como Emma era muito
feminista"

4 Eu também

3 Em 2012, uma jovem estudante de 23 anos, Jyoti Singh Pandey, voltava à noite do cinema com o
namorado. Quando entraram no ônibus, foram atacados por 6 homens, incluindo o motorista. Os
criminais bateram no namorado que não pôde ajudar a jovem e cometeram violências físicas e
sexuais com a menina. Singh sofreu ferimentos brutais, ficou internada por 13 dias, mas faleceu por
falência múltipla dos órgãos.



18

L.A. But still, yes. My parents were hippies before there was a word for it”6, dessa

maneira, a vivência que teve em seu meio não pode ser negada em seus trabalhos.

Além disso, a autora afirma que, apesar de De Wilde não tentar "modernizar"

Emma, mas sim "humanizá-la", a personagem tem defeitos, que não eram tão

comuns em personagens femininas anteriormente, e que, apesar de ser uma

adaptação que ela considera fiel, ainda tem liberdade criativa de mudar algumas

partes da caracterização.

Adicionando outra camada à questão do feminismo, Eleanor Catton, roteirista do

filme afirma o seguinte sobre a personagem: “is exemplary because she makes

mistakes and we all do, and I think a version of feminism which says, ‘Look at this

faultless woman, you should be more like her,’ is kind of unhelpful”7, isto é, quando

Austen escreve sobre essa personagem que ela julga que apenas ela gostará, as

criadoras da adaptação veem isso como uma vantagem.

Podemos concluir, portanto, que, apesar das criadoras manterem muitos

aspectos fiéis ao livro, ainda sim se sentem livres para adaptar a personagem de

acordo com suas ideologias, das quais não podemos nos desprender. Dessa forma,

a personagem adaptada possui diferenças sutis quando comparada à obra original

de Jane Austen.

7 “É um exemplo porque ela comete erros e todos nós cometemos, acredito que a versão do
feminismo que diz ‘olhe para essa mulher impecável, você deveria ser mais como ela’, não ajuda
tanto”

6 "Eu nasci em Woodstock, em uma cabine na floresta, mas eu cresci em Los Angeles. Mas sim.
Meus pais eram hippies antes de ter uma palavra para isso."



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3. OS ESTUDOS DE FIGURAÇÃO E REFIGURAÇÃO DA PERSONAGEM

Quando Jane Austen escreve Emma, o ano era aproximadamente 1815. Anos

depois, em 1895, os irmãos Lumière exibiram o primeiro curta cinematográfico.

Como a autora faleceu em 1817, não pode presenciar a adaptação de seu livro para

outros meios midiáticos, nem mesmo para o teatro, obviamente já existente na

época de escrita do livro.

Assim, é difícil visualizar que Austen imaginaria uma adaptação de seu livro e da

personagem principal dele, ainda mais quando a própria autora não acreditava que

grande parte do público iria gostar deles. Austen diz a seu sobrinho, James Edward

Austen Leigh, “I’m going to take a heroine whom no one but myself will much like”8,

conforme registrado em seu livro de memórias. Entretanto, o livro contraria suas

expectativas e acaba se tornando um sucesso comercial e consagrando a

personagem como uma das mais queridas criações de Jane Austen.

Por outro lado, mesmo que Austen imagine ou não as adaptações que outras

pessoas possam fazer de suas obras, é um fato que aconteceram adaptações não

apenas das obras e personagens criados por essa autora, mas também de diversas

obras da literatura e outros campos. Isso tem resultado em novos estudos acerca do

tema da adaptação de obras, e de forma mais centrada, na adaptação de

personagens. No presente trabalho, consideramos essa adaptação como um

processo de “figuração” e “refiguração” de personagens, conforme postulado por

(REIS, 2015).

Como a pesquisa busca analisar comparativamente a obra original e a sua

adaptação fílmica, é importante contextualizar, portanto, a respeito desses dois

tópicos que caminham juntos. A figuração é o “fazer personagem”, ou seja, a

construção original que o autor pensa e constrói em sua(s) obra(s), assim, a

“refiguração” seria nada mais do que o “refazer” do personagem, sua adaptação,

não necessariamente pelo mesmo autor que imaginou a obra original.

Sendo assim, podemos contar com diversos autores que contam sobre o que é

esse “fazer” e “refazer” de personagens, mas escolhemos aqui focar em três

grandes intelectuais da área supramencionada e seus livros, sendo eles Antonio

Candido (1963), Carlos Reis (2015) e Luis Alberto Brandão Santos (2001).

8 “Eu vou criar uma personagem que ninguém além de mim vai gostar”



20

3.1. A construção e reconstrução da personagem: Reis, Candido e Santos

Ao longo da história da humanidade, verifica-se que a busca por se narrar

histórias é uma prática muito antiga. A imaginação humana nunca foi condicionada

apenas ao que é palpável e real. Assim, histórias vão sendo passadas de geração

em geração, de modo que antigas lendas vão sendo modificadas e recontadas em

diversos períodos históricos. Na verdade, cada história, sendo ela real ou não, conta

com uma série de personagens, sendo elas humanas, animais ou até mesmo

fenômenos meteorológicos, como no caso dos mitos gregos.

A construção de personagens não é um tópico inexplorado na área da teoria da

literatura. Como mencionado anteriormente, existem autores que trabalham com

esse tópico. Assim, podemos iniciar a discussão da construção de personagens,

relembrando o que diz Carlos Reis (2015), quando afirma que a figuração se define

como “fazer personagem”, em suas palavras (REIS, 2015, p.121). A constituição de

um personagem de ficção exige uma série de processos para sua criação. Reis

complementa, afirmando que essa figuração não acaba em um momento específico

do texto, mas sim ao longo do livro. Além disso, o autor reforça que esse processo

não implica apenas na simples descrição da personagem.

Relacionado com essa ideia, Santos diz que, quando narra, não é possível

conhecer quem está lendo, mas, mesmo assim escreve para esse outro ser, essa

"imagem", como o autor chama. Desta forma, apesar de Austen iniciar o livro com

uma breve descrição de Emma, na visão em terceira pessoa, como a de quem

descreve um colega a outro, Austen não sabia quem é esse “outro” (SANTOS,

2001).

Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica, com uma
casa confortável e disposição alegre, parecia reunir
algumas das maiores bênçãos da existência; e vivera
quase vinte e um anos no mundo com muito pouco a
lhe causar angústia ou irritação (AUSTEN, 2022)

Apesar de as palavras descritas na citação abrirem o livro e serem o primeiro

contato do leitor com o livro e com a personagem, Austen não limita Emma a

somente essas características ao longo da história. No início do romance, Emma é

uma menina ingênua e quase sem nenhuma consciência sobre suas próprias ações

e o impacto delas sobre os outros. Entretanto, não é assim que ela é finalizada no



21

romance. Como escreveu Reis (2015), a figuração acontece durante o percurso de

todo o livro com as ações das personagens e as repercussões delas na trama. Reis

ainda afirma que essas “ações confrontacionais” são ações comportamentais que

acabam por auxiliar a figuração da personagem, apesar de não configurar por

completo a personagem.

Ademais, como diz Antonio Candido (1963), temos uma visão fragmentária de

outros seres no mundo físico. Ou seja, juntamos cada fragmento do ser e buscamos

entendê-lo. Contrariamente, em um romance, a personagem é escrita sendo

delimitada e encerrada dentro de uma estrutura estabelecida pelo escritor. Com isso,

o escritor marca traços de identificação entre personagem e leitor, sem tirar dele a

impressão de complexidade que a personagem transmite.

Podemos afirmar que Jane Austen constrói a personagem que dá origem a

outras diversas adaptações. Como já relatamos inicialmente neste trabalho, a

personagem aparece tanto em webséries, séries e filmes, como a adaptação de

mesmo nome do canal britânico BBC, a websérie Emma Approved, ou até mesmo o

sucesso comercial de 1995, Patricinhas de Beverly Hills. A última adaptação do livro,

entretanto, é o filme Emma do estúdio Universal Pictures, lançado no ano de 2020,

estrelado por Anya Taylor-Joy e com direção de Autumn De Wilde.

Não é possível descrever o que Austen, já muito próxima de sua morte, terá

imaginado quando escreveu o Emma. É o estudo do texto, das personagens, que

trará à tona uma possível interpretação da complexidade assinalada na criação do

romance. Assim, não é possível conseguir a opinião da autora ao reescrever sua

personagem para outros meios, que não o papel.

Entretanto, De Wilde e a roteirista Eleanor Catton decidem recontar a história de

1815. Essa adaptação é chamada por Reis (2015) de refiguração ou transfiguração

e assim chamaremos no presente trabalho. A refiguração é descrita por Reis (2015)

como o processamento de um texto —seja ele uma fotografia, pintura, texto oral,

escrito, entre outros— em outra linguagem. No caso, aqui temos uma personagem

de livro sendo transfigurada em uma personagem de uma obra cinematográfica.

Mesmo com certa desconfiança de autores com a refiguração de seus

personagens, essa sobrevida (aqui considerando que a obra possui uma “vida” e

sofre alterações à medida que é expressada por diversos meios de comunicação) de

personagens pode levar a diversos desdobramentos como novas leituras que fogem

completamente do que o autor original escreveu, mas também pode levar a leituras



22

em contextos históricos e sociais que o autor não conheceu, podem levar a

personagem a ir além do que já foi criado (2015).

Na obra de 2020, podemos apontar aspectos que são tão à frente de Austen, que

é possível que a própria não imaginasse sua personagem em tais situações, como,

por exemplo, a cena em que Emma está se trocando com a ajuda de uma

empregada da família e, quando ela sai, levanta seu vestido na frente da lareira de

seu quarto. Considerando a modéstia prezada pela sociedade georgiana, na

Inglaterra, como diz o termo popular francês da época, “le bon ton”, ou “o bom

gosto”, ou “às boas maneiras”.

Por outro lado, podemos citar que Paulo Emilio Sales Gomes (1963) afirma que o

fato da personagem, quando adaptada do romance ao cinema, toma sua forma em

uma atriz (aqui, Anya Taylor-Joy) e perde um pouco de sua habilidade de se

comunicar diretamente com o leitor. O narrador consegue escrever seus

pensamentos diretamente no livro, mas isso precisa ser demonstrado por diversos

outros artifícios no filme, um exemplo é quando Emma faz uma piada ofensiva para

Miss Bates e se arrepende após Mr. Knightley pontuar suas ações. O narrador diz:

Nunca, em nenhuma circunstância de sua vida, se sentira tão
agitada, mortificada e triste. Estava muito impressionada. Não
havia como negar a verdade do que ele havia dito. Sentiu isso
dentro do coração. Como pudera ser tão brutal, tão cruel com
Miss Bates? Como pudera expor-se a uma opinião tão cruel de
alguém a quem estimava tanto? E como pudera permitir que
ele a deixasse sem dizer-lhe uma palavra de gratidão, de
concordância, ou de simples bondade? (AUSTEN, 2022)

Contudo, pode haver numa adaptação uma maior liberdade na questão

psicológica da personagem, por exemplo, as expressões da atriz frente a

acontecimentos, como na cena inicial do livro, em que o narrador descreve

brevemente algumas características da personagem. Esse parágrafo de descrição

dos acontecimentos da vida dela que a tornaram quem ela é, acaba se tornando os

primeiros minutos do filme, em que Emma escolhe as suas flores para o buquê e dá

ordens aos criados, expandindo a maneira em que Emma inicialmente se porta.

Figura 1 – Emma com o vestido branco



23

Fonte: Emma, 2020

Sendo assim, as personagens escapam de sua realidade e adquirem uma

dimensão transhistórica, e fugindo do controle do autor (GOMES, 2015). Tal

compreensão pode nos ajudar a entender a escolha de De Wilde ao alterar algumas

cenas da personagem Emma.



24

3.2. Emma no processo de figuração e refiguração

Anteriormente, examinamos a fundamentação bibliográfica utilizada na seção

que diz respeito aos estudos literários. Desse modo, é possível compreender as

perspectivas de Reis e Gomes acerca da figuração de personagens e, por

conseguinte, aplicar tais perspectivas aos objetos escolhidos para análise,

permitindo assim, uma compreensão mais abrangente da figuração da personagem

por completo.

Na abertura do livro, por exemplo, podemos perceber a figura da personagem

sendo construída de forma que se torna difícil simpatizar com suas opiniões e

atitudes. O livro assim a descreve:

Os verdadeiros percalços da situação de Emma estavam, no
entrando, em seu empenho talvez excessivo de seguir seus
próprios caminhos e na disposição de pensar em pouco bem
demais em si mesma (AUSTEN, 2022)

Em outras palavras, a personagem é explicitamente egoísta. Esse

comportamento guia as suas ações no livro. Este mesmo comportamento é refletido

no início do filme. Todavia, a adaptação parece dar destaque a evolução da

personagem, por exemplo, quando Emma faz uma piada que ofende Miss Bates,

sua reação —no livro— foi de arrependimento apenas depois de Mr Knightley

mencionar o desconforto da senhora, dizendo

Posso lhe afirmar que ela entendeu. Compreendeu
exatamente o que você quis dizer, e desde então só fala disso.
Gostaria que tivesse ouvido como ela falou a respeito... com
tanta candura e generosidade. Gostaria que tivesse ouvido
como era agradecida pela sua paciência em conceder a ela
tantas atenções, como aquelas que ela sempre recebeu de
você e de seu pai, quando a companhia dela é tão aborrecida.
(AUSTEN, 2022)

Em contrapartida, no filme, podemos perceber um sentimento de remorso

imediatamente após essa fala infeliz. Dessa forma, Emma não se sente feliz pelo

bom casamento de Miss Taylor (que agora se torna Mrs. Weston), mas se sente

triste pela falta que a governanta fará em seu cotidiano e as coisas a qual era útil,

fato mencionado novamente quando se refere a Harriet. Segundo os dizeres do



25

narrador, "Emma percebeu desde cedo o quanto ela lhe poderia ser útil" (AUSTEN,

2022).

Além disso, a garota possui outro traço marcante relacionado à sua

personalidade que a autora acreditava ser exclusiva dela, que é a manipulação.

Emma, impulsionada por sua vontade egoísta de atuar como casamenteira, acaba

interferindo na vida de sua amiga Harriet. Verifica-se isso quando a personagem

decide com quem a amiga deve se casar. Emma elege Mr. Elton como candidato

ideal e acaba coagindo-a a negar o pedido de casamento de Mr. Martin, um jovem

apaixonado por Harriet, mas com condições financeiras inferiores. Por outro lado, o

filme parece tentar esconder a manipulação de Emma, fazendo com que a

personagem não diga explicitamente que deseja a recusa de Harriet para o pedido

de casamento de Mr. Martin.

– Acha então que devo recusá-lo? – disse Harriet,
de cabeça baixa.

– Se deve recusá-lo! Minha querida Harriet, o que
quer dizer? Tem alguma dúvida disso? Eu pensei... Mas
peço desculpas, eu devo ter-me enganado. Com
certeza me enganei, se você tem dúvida quanto ao
sentido da sua resposta, achei que estivesse me
consultando apenas quanto ao que devia escrever.
(AUSTEN, 2022)

Nesse contexto, na adaptação cinematográfica, podemos perceber claramente

um distanciamento em relação à obra original. A personagem diz apenas que Harriet

deve fazer sua própria escolha, enquanto vira de costas para a menina, mostrando

ao público a barreira que constrói entre as duas personagens, de modo que Emma

não necessariamente escolhe por sua amiga, mas deixa com que Harriet perceba

que sua amiga ficaria descontente, de acordo com o que já sabe de sua

personalidade e gostos. Assim, o filme tira um pouco da culpa da personagem

principal.

Ademais, é possível teorizar que, para inocentar (ou, até mesmo, evidenciar suas

emoções) da personagem, o filme também conta com a ajuda do figurino de Emma.

Seus vestidos, nos momentos em que se mostra vulnerável ou até mesmo

realmente inocente, blindada pela ignorância provida de sua condição financeira,

são brancos, como por exemplo, quando pinta um quadro de Harriet para Mr. Elton,

está usando branco, pois quando pinta, está vulnerável.



26

Figura 2 – Emma com o vestido branco

Fonte: Emma, 2020

Outro exemplo da possível representação das emoções de Emma em seus

vestidos é no momento que dança com Mr. Knightley. Nesse momento, observamos

que a sua paixão pelo amigo a torna vulnerável, assim, o vestido branco a

representa. Em contrapartida, no momento em que ofende Miss Bates, em um

momento posterior, seu vestido branco ainda representa que se sente vulnerável,

mas se sente assim pelo remorso que o sofrimento de Miss Bates a causou.

Os vestidos também podem representar outras emoções, como no final do filme,

quando Harriet diz que está apaixonada por Mr. Knightley e ela precisa negar o

pedido de casamento do seu amado, em nome de sua amizade com Miss Smith. Ali,

o vestido aparece branco, com traços verdes, possivelmente representando a inveja,

o ciúme de saber que seu amado possivelmente não seria realmente seu.

Figura 3 – vestido com detalhes verdes

Fonte: Emma, 2020



27

4. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS OBRAS

Os tópicos anteriores introduziram conceitos importantes para a compreensão

completa da obra original, como a figuração de Emma, o modo como a personagem

é levada durante a trama e como ela se comporta perante algumas situações e

outros personagens, por exemplo, na cena em que a jovem faz uma piada que

ofende Mrs. Bates. No filme, podemos ver uma reação imediata de arrependimento

da personagem, pela expressão da atriz, mas, no livro, Mr Knightley precisa ir até a

menina e explicar que o que fez foi errado.

– Emma, preciso falar com você mais uma vez de
modo franco, como tenho feito. Sei que é um privilégio
mais suportado do que permitido, talvez, mas ainda
assim devo usá-lo. Não posso vê-la agindo errado, sem
fazer-lhe uma advertência. Como pôde ser tão
insensível com Miss Bates? Como pôde ser tão
insolente usando sua sagacidade com uma mulher com
o caráter, a idade e a situação dela? Emma, jamais
pensei que isso fosse possível. (AUSTEN, 2022)

Assim, com a reunião das informações supracitadas, é possível traçar um

paralelo entre a figuração e a refiguração da querida personagem de Austen, uma

vez que cada autor produz sua própria obra de acordo com suas próprias ideologias.

Autumn de Wilde, diretora da adaptação afirma que, como dito anteriormente,

tomou liberdades criativas com a criação de sua personagem, então, a criação de

sua obra não foi uma cópia de Austen, uma vez que, segundo Linda Hutcheon

(2011), aquele que adapta se posiciona perante a obra, assim, sua adaptação

refletirá seu partido.

À vista disso, podemos nos apoiar em alguns tópicos no presente trabalho para

formular uma análise de alguns dos aspectos da personagem, a fim de reconhecer a

grandeza do trabalho de Austen, mas também observar as mudanças que De Wilde

e Catton incluíram em sua obra. Para além disso, o que possivelmente motivou tais

mudanças.



28

4.1. Casamento segundo Emma

Pudemos observar algumas características da figuração de Emma no livro

original nos capítulos anteriores, entretanto, a adaptação também inclui certos traços

que não necessariamente eram comuns entre mulheres da época.

Vimos que a mulher do século XVIII tinha a expectativa de ser uma moça quieta,

casta, que almejava casar e constituir família. A personagem de Austen já era um

ponto fora da curva, uma vez que abertamente anunciava sua falta de vontade de

casar, chegando a conversar com seu pai:

– Bem, minha querida, gostaria que não fizesse
mais casamentos nem prognósticos, pois tudo que
você diz sempre acaba por acontecer. Por favor, não
faça mais casamento algum.
– Prometo não fazer nenhum para mim mesma, papai,
mas devo fazer para os outros, de verdade.
(AUSTEN, 2022)

A crença da menina destacada no excerto acompanha a personagem durante o

filme, onde a mesma frase é repetida durante o caminho até o casamento de Miss

Taylor. Entretanto, é possível perceber, na expressão da menina, que ela não

concorda quando seu pai sente pena de Miss Taylor, indicando uma possível falta de

aversão ao casamento, retomando uma crítica feita ao pensamento feminista —a de

que as feministas são contra o casamento e não pretendem casar-se.

No livro, Emma chega a rebater seu pai e elogiar a relação, além do próprio Mr

Weston, com quem Miss Taylor está se casando. Entretanto, essa fala tem apenas o

propósito de acalmar seu pai, como informa o narrador do livro:

Emma não poupou esforços para manter este feliz fluxo de
ideias, e, com a ajuda do jogo de gamão, esperava manter o
pai em tolerável disposição durante a noite, sem outros
pesares além do seu.
(AUSTEN, 2022)

Por outro lado, a mudança de expressão da atriz Anya Taylor-Joy indica uma

discordância com seu pai, mas de modo silencioso, um olhar expressivo de

contemplação sobre os sentimentos de seu pai —quem Emma mais ama— sobre

casamento.

Figura 4 – olhar de Emma após fala de seu pai



29

Fonte: Emma, 2020

Figura 5 – olhar de Emma após fala de seu pai

Fonte: Emma, 2020

Vale mencionar, entretanto, que Emma, no filme, ainda assim não almeja o

casamento, dizendo, por vezes, que não pretende se casar, uma vez que o

casamento seria mais interessante caso precisasse melhorar sua classe econômica

e social, algo que a jovem claramente não precisa. Entretanto, nesse breve

momento, podemos perceber que a jovem não é completamente contra essa ideia,

contrariando as chamadas “antifeministas”.



30

4.2. A equidade em Emma

Além da questão do casamento, é possível mencionar outra característica da

jovem, sendo ela a determinação, marcada no livro principalmente pelas discussões

que tem com Mr. Knightley, que, no livro, são mais amenas. A própria menina,

mesmo que retruque as críticas de Mr. Knightley, acaba acatando o que diz. Na

verdade, ela vê essas discussões menos como uma intriga, mas como apenas Mr.

Knightley maldizendo a jovem, como diz ao seu pai, quando este pensa que a filha

está criticando-o.

– Meu querido papai! Não pode acreditar que eu estivesse me
referindo ao senhor, ou imaginar que Mr. Knightley se referisse
ao senhor. Que ideia horrível! Não! Eu me referia a mim
mesma. Mr. Knightley adora encontrar defeitos em mim, o
senhor sabe... De brincadeira. É tudo brincadeira. Sempre
dizemos o que pensamos um ao outro.
(AUSTEN, 2022)

Todavia, podemos notar que, nos momentos em que o casal discute, os

argumentos são mais frenéticos, com ambas as partes falando rápido e por cima um

do outro. Além disso, é interessante notar o modo com que a câmera, instruída por

De Wilde, segue o casal de modo em que ambos estão equipolentes na discussão.

Aqui podemos citar como exemplo o momento em que Mr. Knightley confronta

Emma pela influência dela na recusa do pedido de casamento de Mr. Martin.

Figura 6 – briga após Harriet negar o pedido de casamento de Mr. Martin

Fonte: Emma, 2020

Dessa forma, as duas partes ocupam o mesmo espaço na câmera, tanto no

momento da imagem, quanto em outros momentos da discussão, em que os dois



31

não aparecem ao mesmo tempo. Ainda assim, ambos ocupam o mesmo espaço no

plano e contraplano, demonstrando a relação de igualdade em que se encontram,

portanto, a força da jovem, que consegue estar nessa posição com um homem no

século XVIII.

Emma também confronta Mr. Elton quando oferece levar a menina em sua

carruagem até sua casa. O pastor então confessa que seu interesse é nela e não

por Harriet, que suas visitas são pois Miss Woodhouse o encorajou a acreditar que

sente o mesmo interesse por Mr. Elton. Emma nega e, novamente, a câmera

apresenta os dois ocupando o mesmo espaço físico na câmera.

Figura 7 – olhar de Emma para Mr. Elton

Fonte: Emma, 2020

As expressões da atriz contribuem para transmitir ao espectador a firmeza da

menina perante presenças masculinas. Anya Taylor-Joy é amplamente conhecida

por sua participação em filmes de terror como A Bruxa (2015), Fragmentado (2016),

O segredo de Marrowbone (2017), entre outros, assim, é possível que a escolha da

atriz também seja por sua filmografia, uma vez que a audiência reconhece esse

caráter de resistência na personagem presente.

Ademais, podemos estender o poder que a jovem exerce a outras personagens

femininas, como quando a jovem vai visitar Harriet Smith quando essa ficou doente.

Emma chega no internato e murmúrios começam, risadas de animação, até mesmo

meninas correndo para acompanhar a chegada de Emma e ouvir atentamente ao

que Miss Woodhouse vai anunciar.

Figura 8 – jovens do internato se reunindo para ver Emma



32

Fonte: Emma, 2020



33

4.3. Emma e Harriet

A quarta onda feminista conta também com um conceito novo, a sororidade,

termo advindo do latim soror, irmã. Sendo assim, o termo indica a união entre

mulheres, o fim da rivalidade feminina, uma vez que acreditam que essa rivalidade é

interessante para a manutenção do homem no poder. Dessa forma, Autumn de

Wilde inclui em seu longa metragem uma mudança na relação entre Emma e Harriet

para se encaixar nesse novo molde de relações femininas.

De Wilde, em entrevista, afirma que queria tratar Emma como uma história de

amor dupla, ou seja, sua relação com Mr. Knightley teria o mesmo peso, a mesma

importância de sua relação com Harriet Smith. A roteirista Eleanor Catton

complementa a informação, “Female friendship is a very contemporary subject, and it

hasn’t been given a lot of airtime in a serious way on film”9.

Assim, intencionalmente a relação entre as partes muda, por exemplo, quando

Mr. Knightley confessa seus sentimentos por Emma, o primeiro pensamento da

jovem não é de proibição pois sua amiga também o ama, mas sim de felicidade por

ter sido a escolhida, por Harriet não representar o mesmo que ela na visão do

amado.

Foi capaz de ver que as esperanças de Harriet eram
inteiramente infundadas, um erro, uma ilusão, uma completa
ilusão como qualquer uma das suas... Que Harriet não
representava nada, e que ela era tudo!
(AUSTEN, 2022)

Por outro lado, quando o amado termina de falar, o nariz de Emma sangra,

possivelmente indicando uma quebra dessa ilusão, uma vez que sua amiga amava o

mesmo homem, então não poderia efetivamente ficar com o amado.

A abdicação do objeto de desejo por quem Emma nutre sentimentos há anos,

mesmo que seja em seu subconsciente, demonstra o quão forte é o laço entre as

meninas e o quanto Emma estaria disposta a se sacrificar em nome da amizade das

duas e a felicidade da amiga. Dessa forma, mais uma vez, de Wilde comprova sua

tentativa de equiparar o amor do romance e o amor entre as mulheres.

Figura 9 – nariz de Emma sangrando após confissão de Mr Knightley

9 “Amizade feminina é um conceito muito contemporâneo e não tem recebido muito tempo no ar de
forma séria em filmes.”



34

Fonte: Emma, 2020

Além disso, a menina ainda foi até a casa de Mr. Martin para que ele refizesse

seu pedido de casamento a Harriet. Dessa forma, ao contrário do livro, em que

Harriet consegue um final feliz puramente acidental, Emma demonstra sua amizade

ao tentar consertar o que danificou em suas tentativas de casar a amiga.

O filme também adiciona cenas em que as jovens demonstram cuidado e carinho

genuíno com a outra parte, como a cena em que as jovens ensaiam a dança para o

baile do dia seguinte. Olhares de carinho e proteção por parte da principal também

diferem a personagem do livro e adicionam mais uma camada entre a relação das

jovens.

Figura 10 – Emma e Harriet se abraçam

Fonte: Emma, 2020



35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por propósito analisar os elementos adaptados no filme

Emma (2020), quando comparado ao livro originário homônimo, por meio de uma

pesquisa de revisão bibliográfica e estudo de caso. Assim, o trabalho buscou

encontrar os motivos que incentivaram as mudanças adotadas na adaptação.

Após contextualização, levantamento de dados e análise de ambas as obras, do

livro de Austen e da adaptação, podemos inferir que as hipóteses iniciais, baseadas

na ideia de que o movimento feminista influenciaria a adaptação, são corretas, como

procurou-se demonstrar no corpus deste trabalho.

Além disso, pudemos diferenciar o contexto histórico em que as criadoras e a

audiência viveram, a fim de compreender a necessidade de mudanças que De Wilde

sentiu ao revisitar a obra de Austen. Na adaptação, a criadora pôde trocar ou manter

alguns detalhes, como por exemplo a relação entre Emma e Harriet, que é citada por

de Wilde como uma relação de amor, mas também mantém características da jovem

como a vontade de não casar.

Assim, o trabalho cumpre seus objetivos iniciais de analisar a obra e personagem

no contexto das devidas criadoras —Austen e De Wilde—, além de descrever os

possíveis motivos para tais mudanças, apresentando outra visão sobre a

personagem em ambas as versões e aprofundando os estudos sobre ambas.

Outro tópico abordado no trabalho foi a construção de personagens. Com um

capítulo dedicado a essa questão, pudemos também compreender sobre os

conceitos de figuração, ou "fazer personagem", como descreve Reis (2015). Como

se constrói a personagem no livro original, mas também como se refigura a

personagem no filme.

Por fim, pudemos analisar as alterações realizadas por De Wilde e Catton em

uma perspectiva da quarta onda feminista, comparando com a obra de Jane Austen,

pontuando aspectos da obra originária que são progressistas quando inserida em no

contexto da autora, mas também aspectos que estão de acordo com seu período,

como a questão da amizade de Emma e Harriet, pontuada no último capítulo.

De todo modo, as análises empreendidas nos levaram ao entendimento de

quanto Austen esteve à frente de seu tempo, imprimindo um caráter transgressor à

Emma, principalmente por ressaltar o caráter altivo e contestador da protagonista

que resistia em se casar (mesmo que ceda no final da história); e o caráter

progressista de De Wilde, por evidenciar esse caráter feminista em meio a um



36

período (já no âmbito atual) em que certos estigmas femininos continuam a se impor

em meio às lutas históricas por paridade e protagonismo das mulheres.



37

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.ihu.unisinos.br/categorias/186-noticias-2017/564269-a-marcha-em-washington-e-a-quarta-onda-do-feminismo
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https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2019/10/toda-mulher-teme-mesma-coisa-ativista-fala-sobre-sororidade-e-you-too.html
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https://revistagalileu.globo.com/sociedade/noticia/2020/03/o-que-e-sororidade-entenda-origem-e-o-significado-do-termo.ghtml
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https://www.wsj.com/articles/a-new-emma-sees-jane-austens-heroine-in-a-new-light-11582117047
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