Análise histológica qualitativa na queimadura seca induzida em pele de rato

Abstract

RESUMO A queimadura é uma das lesões traumáticas mais comuns que existe, sendo uma preocupação de saúde pública global. Seu estudo científico sempre esteve limitado pela dificuldade técnica de criar um modelo experimental para induzi-las que seja rigorosamente consistente. Para criar um modelo experimental ideal de queimadura é necessário estabelecer histologicamente as alterações ocorridas em exposições às diferentes temperaturas. Objetivo: analisar histologicamente lesões induzidas por queimadura seca em modelo em pele de rato em diferentes temperaturas. Metodologia: vinte e quatro ratos Wistar foram divididos em seis grupos e submetidos a queimaduras secas com temperaturas de 70, 100, 150, 200, 250 e 300°C. Após cinco horas, foram mortos e os tecidos lesados foram retirados junto com a pele íntegra adjacente para estudo histológico. Foram avaliadas as estruturas histológicas da epiderme, derme e hipoderme. Resultados: as amostras de 70°C apresentaram edema e descamação de colágeno, sem perda da integridade do tecido. A 100°C, além das alterações anteriores, houve atrofia do epitélio afetado. As lesões a 150°C eram semelhantes às de 100°C, com a adição de desestruturação dos folículos pilossebáceos. A partir de 200°C foram provocadas queimaduras de terceiro grau, lesando tecido conjuntivo e musculatura subcutâneos. Em 250°C, houve obliteração de segmentos do tecido de revestimento e lesões extensas dos tecidos subcutâneos. Em 300°C, a arquitetura foi melhor preservada, se comparada às temperaturas de 200 e 250°C, com calefação imediata da água dos tecidos e fixação coagulativa do tecido remanescente. As diferentes amostras tiveram resultados semelhantes, mas o presente estudo não pode afirmar a profundidade histológica exata das lesões em temperaturas mais altas por limitação de coleta de tecidos mais profundos. Conclusão: o modelo de queimadura seca aqui descrito é capaz de causar um amplo espectro de lesões, desde descamação superficial do colágeno e edema em temperaturas mais baixas (70 e 100°C), degradação dos folículos pilossebáceos a 150°C, e queimaduras de terceiro grau a partir de 200°C, com degeneração de tecido subcutâneo, chegando à ausência de tecido íntegro a 300°C.